“CONFISSÕES” na BAHIA
Imagens:
MÁRIO CRAVO NETO
(1947 - 2009. Salvador / Bahia)
Em CONFISSÕES, conto de forma poética os bastidores do meu íntimo. A busca por significados na vida, entre outras reflexões
existenciais não menos desafiadoras, me levaram a revisitar o campo dos
versos após a publicação em 2009 do “Livro de Imagens”. Depois do lançamento em
Natal (Rio Grande do Norte), onde resido, o livro chega a Bahia, com
autógrafos em Salvador, dia 16 de dezembro, terça-feira, às 19h, no Espaço
Cultural Casa da Mãe (Rua Guedes Cabral, 81 - Rio Vermelho). A seguir em Itabuna,
dia 18 de dezembro, quinta-feira, às 17h30, na Livraria Novel (Av. Paulino
Vieira, 392). Dois dias depois, no sábado, às 18h30, em Ilhéus, na Academia de
Letras de Ilhéus (Rua Antônio Lavigne de Lemos, 39). Este é
o meu 11º livro, sendo o 5º de poesia. Dedicado a
escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931-2008), com quem convivi
durante temporada em Sintra, Portugal. O livro traz 51 poemas inéditos;
prefácio de Reheniglei Rehem, doutora e pós-doutora em Teoria Literária;
apresentação dos poetas Nelson Patriota e Paulo de Tarso Correia
de Melo.
Sobre o Autor
Meu primeiro livro foi publicado em 1993, “O Aprendiz do
Amor”. Em Portugal, publiquei
“Retratos em Preto & Branco – Contos Góticos de Madri” (1996), “Ficar Aqui
Sem Ser Ouvido por Ninguém” (1998), “Caprichos” (1998) e, mais recentemente,
“Se Um Viajante Numa Espanha de Lorca” (2005). Publiquei também “Suave é o
Coração Enamorado” (2006), entre outros. Tenho contos, poemas,
crônicas, ensaios e artigos publicados em jornais e revistas de vários países.
Ano Passado recebi o Troféu Cultura RN de Melhor Livro do Ano.
Programação
Lançamento
do livro de poesia “Confissões”, de Antonio Nahud
Datas
16 de
dezembro de 2014, terça-feira, às 19h, em Salvador.
18 de
dezembro de 2014, quinta-feira, às 17h30, em Itabuna.
20 de
dezembro de 2014, sábado, às 18h30, em Ilhéus.
Locais
Salvador:
Espaço Cultural Casa da Mãe (Rua Guedes Cabral, 81 - Rio Vermelho).
Itabuna:
Livraria Novel (Av. Paulino Vieira, 392).
Ilhéus: Academia de Letras de Ilhéus (Rua
Antônio Lavigne de Lemos, 39).
Entrevista
ANTONIO
NAHUD AUTOGRAFA NOVO LIVRO
por CEFAS CARVALHO
Depois
de um livro de contos e uma biografia publicados há dois anos, Antonio Nahud volta
agora às livrarias com o gênero que deu início a sua carreira literária: a
poesia. O grapiúna radicado no Rio Grande do Norte apresenta seu novo livro de
poemas, CONFISSÕES, em Salvador, Itabuna e Ilhéus. Desde 2009, quando publicou “Livro de
Imagens”, Nahud se dedicou à prosa, lançando “Pequenas Histórias do Delírio
Peculiar Humano” (2012) e “Agnelo Alves – 8 Décadas” (2012). O lirismo é mesmo uma das marcas do novo
livro. A busca pela significância se repete ao longo das páginas. A afetividade é construída no cotidiano. O sentido do
fazer poético e questionamentos existenciais são outros temas recorrentes em seu
novo livro. Mais do que encontrar respostas, Nahud parece estar reafirmando uma
vocação, revelada ainda em 1993, com “O Aprendiz do Amor”, e a seguir em “Caprichos”
(1998) e “Suave É o Coração Enamorado” (2006).
Para quem vem de um mundo de fidalguia falida, de nostalgia cacaueira, ser poeta não é nada, o que se valoriza é ser uma pessoa bem-sucedida. Mas resolvi parar de lutar contra o descaso poético: já sofri em dois ou três momentos nos quais tentei matar a poesia dentro de mim – conta o autor.
Até que ponto você é
consciente da influência das imagens no seu processo criativo? Você pode
explicar um pouco esse processo interno de associações?
Desde
criança, esse estímulo aconteceu, pela vivência em cidade do interior, sendo
criado com liberdade e em contato com a natureza e, sobretudo, tendo a
convivência com pessoas e seus hábitos e costumes, além de estar cercado por um
ambiente pleno de histórias orais. Por outro lado, o hábito da leitura em
família, proporcionou a que me interessasse por livros, gibis, jornais e
revistas culturais e de variedades. Enfim, tudo era estímulo para despertar a
criatividade, aliando-se a isso à interiorização do mundo real. Para mim o que
o processo de criação visual permite é o jogo entre a imagem e a
palavra. Um completando o outro.
Quais são algumas das
influências que marcam a sua obra: pode nos falar sobre alguns espaços rurais,
urbanos, cotidianos, espaços familiares, objetos, autores?
No
que se refere às influências marcantes na minha vida em relação à imagem, o cinema
das décadas de 1940, 1950 e 1960 teve um papel fundamental. Criança, ainda,
ficava maravilhado com os filmes e as imagens projetadas na tela. Minha atenção
captava os quadros e efeitos no conjunto dos filmes os quais me satisfaziam
esteticamente. Por outro lado, a fotografia sempre foi um estímulo. Gostava de
fixar minha vista nas fotos artísticas das cidades, das paisagens e das figuras
humanas. De resto, sempre vi o mundo
como um grande mapa geográfico por onde as pessoas interagiam, produzindo e
criando. Os autores, cujas obras me influenciaram através das leituras que
realizei, sejam eles em prosa ou em verso: Victor Hugo, Rainer Maria Rilke, Virgínia
Woof, Albert Camus, Federico Garcia Lorca, F. Scott Fitzgerald, Samuel Beckett,
e.e. cummings, Marguerite Youcenar, Paul Bowles. Entre os brasileiros, os
poetas do Concretismo, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Augusto de Campos e Ferreira
Gullar; e os poetas contemporâneos como Hilda Hilst, João Cabral de Melo Neto e
Paulo Leminski, além da prosa de Lúcio Cardoso, Autran Dourado e Clarice
Lispector. No Sul da Bahia, sou fã de Jorge Medauar, Sosígenes Costa, Adonias
Filho, Telmo Padilha, Euclides Neto, Sonia Coutinho, Hélio Pólvora, Antonio
Lopes e Jorge de Souza Araújo, entre outros.
Qual a sua opinião
sobre a marginalização das artes? Acredita que trabalhamos assim no
século XXI?
Não
acredito que as artes sejam marginalizadas. Considero a arte manifestação do espírito humano, algo que preenche a
imaginação. Há, por ela, um interesse
estético e cultural.
Você não acredita que
as artes se considerem secundárias no que diz respeito às ciências, ou ao
pensamento chamado científico? Você não acredita que no ensino e nos valores atuais
ainda exista esta dicotomia?
Não
considero as artes em posição secundária em relação ao pensamento científico.
Isso porque o pensamento científico, na medida em que se desenvolve,
aproxima-se das artes ao se mostrar capaz de incorporar as dimensões sensíveis
da experiência humana em uma abordagem única na qual a física e a semântica não
sejam distanciadas uma das outra. Isso significa dizer que a ciência não se
torna distante, mas converge para o primado da arte. Pelo lado da educação,
podemos dizer que o ensino privilegia o pensamento científico, mas não
necessariamente o faz com propriedade. O pensamento humanista que nos leva à
arte, por certo é marcante no processo educacional. O ser humano tende a valorizar o pensamento científico
por uma questão de sobrevivência e necessidade. E não porque queira considerar
a arte como atividade menor.
Você, que morou tantos
anos na Europa, acha que a literatura brasileira tem alcance internacional?
Para
nós, escritores brasileiros, o fato de escrevermos no idioma português ainda é
uma barreira para o desenvolvimento da nossa literatura no mundo. Isso
significa dizer que a língua portuguesa não tem expressão suficiente para
exercer influência na cultura, até mesmo na América Latina (onde predomina a
língua espanhola), que dirá em outras partes. Há obras literárias brasileiras
significativas que podem integrar a literatura ocidental, mas não influenciá-la. Falta a universalidade exigida pelo contexto
histórico da literatura.
Gostaria que comentasse sobre o tema da exploração da plasticidade da palavra na sua obra. Quando você compõe um poema em que sentido trabalha este aspecto? Houve uma evolução desde a sua obra inicial?
Gostaria que comentasse sobre o tema da exploração da plasticidade da palavra na sua obra. Quando você compõe um poema em que sentido trabalha este aspecto? Houve uma evolução desde a sua obra inicial?
Por
entender que o mundo é, antes de qualquer coisa, plástico e visual, e o olhar e
o ver são partes importantes da leitura desse mundo, é que entendo o poema como
um conjunto verbi-visual. Criado para ser visto e compreendido por quantos se
deparem com as imagens poéticas que ele encerra. A palavra, por si mesma, é
plástica e visual. Quando componho um poema a minha busca é sempre com o
sentido de transmitir uma mensagem que tenha caráter intimista. Não teria como
afirmar com isenção, mas penso que meus poemas iniciais (da década de 1990) tinham
mais garra. Impressionavam mais, afinal eu era cheio de esperanças. Hoje - comparando com poemas de 20 anos atrás - meus poemas não têm
o mesmo vigor, embora sejam mais trabalhados, apurados. Mas talvez esteja
enganado. Tenho leitores que acham o contrário.
CONFISSÕES
de
Antonio Nahud
Poesia,
Sol Negro Editora, 70 páginas