dezembro 06, 2014

.......................... “CONFISSÕES” EXPÕE VEIA LÍRICA do AUTOR




 
CONFISSÕES na BAHIA

Imagens:
MÁRIO CRAVO NETO
(1947 - 2009. Salvador / Bahia)


Em CONFISSÕES, conto de forma poética os bastidores do meu íntimo. A busca por significados na vida, entre outras reflexões existenciais não menos desafiadoras, me levaram a revisitar o campo dos versos após a publicação em 2009 do “Livro de Imagens”. Depois do lançamento em Natal (Rio Grande do Norte), onde resido, o livro chega a Bahia, com autógrafos em Salvador, dia 16 de dezembro, terça-feira, às 19h, no Espaço Cultural Casa da Mãe (Rua Guedes Cabral, 81 - Rio Vermelho). A seguir em Itabuna, dia 18 de dezembro, quinta-feira, às 17h30, na Livraria Novel (Av. Paulino Vieira, 392). Dois dias depois, no sábado, às 18h30, em Ilhéus, na Academia de Letras de Ilhéus (Rua Antônio Lavigne de Lemos, 39). Este é o meu 11º livro, sendo o 5º de poesia. Dedicado a escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931-2008), com quem convivi durante temporada em Sintra, Portugal. O livro traz 51 poemas inéditos; prefácio de Reheniglei Rehem, doutora e pós-doutora em Teoria Literária; apresentação dos poetas Nelson Patriota e Paulo de Tarso Correia de Melo.

 
Sobre o Autor

Meu primeiro livro foi publicado em 1993, “O Aprendiz do Amor”. Em Portugal, publiquei “Retratos em Preto & Branco – Contos Góticos de Madri” (1996), “Ficar Aqui Sem Ser Ouvido por Ninguém” (1998), “Caprichos” (1998) e, mais recentemente, “Se Um Viajante Numa Espanha de Lorca” (2005). Publiquei também “Suave é o Coração Enamorado” (2006), entre outros. Tenho contos, poemas, crônicas, ensaios e artigos publicados em jornais e revistas de vários países. Ano Passado recebi o Troféu Cultura RN de Melhor Livro do Ano. 

Programação
Lançamento do livro de poesia “Confissões”, de Antonio Nahud

Datas
16 de dezembro de 2014, terça-feira, às 19h, em Salvador.
18 de dezembro de 2014, quinta-feira, às 17h30, em Itabuna.
20 de dezembro de 2014, sábado, às 18h30, em Ilhéus.

Locais
Salvador: Espaço Cultural Casa da Mãe (Rua Guedes Cabral, 81 - Rio Vermelho).
Itabuna: Livraria Novel (Av. Paulino Vieira, 392).
Ilhéus: Academia de Letras de Ilhéus (Rua Antônio Lavigne de Lemos, 39).


Entrevista
ANTONIO NAHUD AUTOGRAFA NOVO LIVRO

por CEFAS CARVALHO


Depois de um livro de contos e uma biografia publicados há dois anos, Antonio Nahud volta agora às livrarias com o gênero que deu início a sua carreira literária: a poesia. O grapiúna radicado no Rio Grande do Norte apresenta seu novo livro de poemas, CONFISSÕES, em Salvador, Itabuna e Ilhéus. Desde 2009, quando publicou Livro de Imagens”, Nahud se dedicou à prosa, lançando “Pequenas Histórias do Delírio Peculiar Humano” (2012) e “Agnelo Alves – 8 Décadas” (2012). O lirismo é mesmo uma das marcas do novo livro. A busca pela significância se repete ao longo das páginas. A afetividade é construída no cotidiano. O sentido do fazer poético e questionamentos existenciais são outros temas recorrentes em seu novo livro. Mais do que encontrar respostas, Nahud parece estar reafirmando uma vocação, revelada ainda em 1993, com “O Aprendiz do Amor”, e a seguir em “Caprichos” (1998) e “Suave É o Coração Enamorado” (2006).


Para quem vem de um mundo de fidalguia falida, de nostalgia cacaueira, ser poeta não é nada, o que se valoriza é ser uma pessoa bem-sucedida. Mas resolvi parar de lutar contra o descaso poético: já sofri em dois ou três momentos nos quais tentei matar a poesia dentro de mim – conta o autor.

Até que ponto você é consciente da influência das imagens no seu processo criativo? Você pode explicar um pouco esse processo interno de associações?

Desde criança, esse estímulo aconteceu, pela vivência em cidade do interior, sendo criado com liberdade e em contato com a natureza e, sobretudo, tendo a convivência com pessoas e seus hábitos e costumes, além de estar cercado por um ambiente pleno de histórias orais. Por outro lado, o hábito da leitura em família, proporcionou a que me interessasse por livros, gibis, jornais e revistas culturais e de variedades. Enfim, tudo era estímulo para despertar a criatividade, aliando-se a isso à interiorização do mundo real. Para mim o que o processo de criação visual permite é o jogo entre a imagem e a palavra. Um completando o outro.

Quais são algumas das influências que marcam a sua obra: pode nos falar sobre alguns espaços rurais, urbanos, cotidianos, espaços familiares, objetos, autores?


No que se refere às influências marcantes na minha vida em relação à imagem, o cinema das décadas de 1940, 1950 e 1960 teve um papel fundamental. Criança, ainda, ficava maravilhado com os filmes e as imagens projetadas na tela. Minha atenção captava os quadros e efeitos no conjunto dos filmes os quais me satisfaziam esteticamente. Por outro lado, a fotografia sempre foi um estímulo. Gostava de fixar minha vista nas fotos artísticas das cidades, das paisagens e das figuras humanas.  De resto, sempre vi o mundo como um grande mapa geográfico por onde as pessoas interagiam, produzindo e criando. Os autores, cujas obras me influenciaram através das leituras que realizei, sejam eles em prosa ou em verso: Victor Hugo, Rainer Maria Rilke, Virgínia Woof, Albert Camus, Federico Garcia Lorca, F. Scott Fitzgerald, Samuel Beckett, e.e. cummings, Marguerite Youcenar, Paul Bowles. Entre os brasileiros, os poetas do Concretismo, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Augusto de Campos e Ferreira Gullar; e os poetas contemporâneos como Hilda Hilst, João Cabral de Melo Neto e Paulo Leminski, além da prosa de Lúcio Cardoso, Autran Dourado e Clarice Lispector. No Sul da Bahia, sou fã de Jorge Medauar, Sosígenes Costa, Adonias Filho, Telmo Padilha, Euclides Neto, Sonia Coutinho, Hélio Pólvora, Antonio Lopes e Jorge de Souza Araújo, entre outros.

Qual a sua opinião sobre a marginalização das artes? Acredita que trabalhamos assim no século XXI?

Não acredito que as artes sejam marginalizadas. Considero a arte manifestação do espírito humano, algo que preenche a imaginação. Há, por ela, um interesse estético e cultural. 

Você não acredita que as artes se considerem secundárias no que diz respeito às ciências, ou ao pensamento chamado científico? Você não acredita que no ensino e nos valores atuais ainda exista esta dicotomia?


Não considero as artes em posição secundária em relação ao pensamento científico. Isso porque o pensamento científico, na medida em que se desenvolve, aproxima-se das artes ao se mostrar capaz de incorporar as dimensões sensíveis da experiência humana em uma abordagem única na qual a física e a semântica não sejam distanciadas uma das outra. Isso significa dizer que a ciência não se torna distante, mas converge para o primado da arte. Pelo lado da educação, podemos dizer que o ensino privilegia o pensamento científico, mas não necessariamente o faz com propriedade. O pensamento humanista que nos leva à arte, por certo é marcante no processo educacional. O ser humano tende a valorizar o pensamento científico por uma questão de sobrevivência e necessidade. E não porque queira considerar a arte como atividade menor.

Você, que morou tantos anos na Europa, acha que a literatura brasileira tem alcance internacional?

Para nós, escritores brasileiros, o fato de escrevermos no idioma português ainda é uma barreira para o desenvolvimento da nossa literatura no mundo. Isso significa dizer que a língua portuguesa não tem expressão suficiente para exercer influência na cultura, até mesmo na América Latina (onde predomina a língua espanhola), que dirá em outras partes. Há obras literárias brasileiras significativas que podem integrar a literatura ocidental, mas não influenciá-la. Falta a universalidade exigida pelo contexto histórico da literatura.

Gostaria que comentasse sobre o tema da exploração da plasticidade da palavra na sua obra. Quando você compõe um poema em que sentido trabalha este aspecto? Houve uma evolução desde a sua obra inicial?


Por entender que o mundo é, antes de qualquer coisa, plástico e visual, e o olhar e o ver são partes importantes da leitura desse mundo, é que entendo o poema como um conjunto verbi-visual. Criado para ser visto e compreendido por quantos se deparem com as imagens poéticas que ele encerra. A palavra, por si mesma, é plástica e visual. Quando componho um poema a minha busca é sempre com o sentido de transmitir uma mensagem que tenha caráter intimista. Não teria como afirmar com isenção, mas penso que meus poemas iniciais (da década de 1990) tinham mais garra. Impressionavam mais, afinal eu era cheio de esperanças. Hoje - comparando com poemas de 20 anos atrás - meus poemas não têm o mesmo vigor, embora sejam mais trabalhados, apurados. Mas talvez esteja enganado. Tenho leitores que acham o contrário.

CONFISSÕES
de Antonio Nahud
Poesia, Sol Negro Editora,  70 páginas

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