“A
pintura é uma gravação da emoção.”
EDWARD
HOPPER
Reconhecido
como um dos maiores artistas do século XX, EDWARD HOPPER (Upper Nyack, Nova
York, EUA. 1882 – 1967) retratou com realismo a solidão contemporânea. Suas cenas
urbanas refletem uma visão pessoal da vida. Através de melancólicas
paisagens iluminadas por uma luz dramática, pintou o fracasso do “sonho norte-americano”,
resultando em uma obra impactante. A solidão e a melancolia, aprisionados
pelo seu pincel, traduzem um mundo em crise representado por individualistas
em cafeterias, bares, restaurantes, quartos de hotéis baratos, casas do
litoral, ruas vazias, interiores de teatros e cinemas.
O
alto e reservado pintor gozou de popularidade a maior parte de sua longa vida e
depois de morrer seu prestígio cresceu ainda mais, aplaudido pela ambiguidade e
o talento de uma obra sólida e convincente, pela perspicácia psicológica, o domínio
do pincel, a composição, a luz e a cor. Classificado no grupo do realismo
social, nunca foi pitoresco ou superficial, mesmo passando
para o observador uma certa sensação melodramática. Atraído
pela arte ainda jovem, sua primeira exposição individual foi realizada em
janeiro de 1920 no Whitney Studio Club, faltando pouco para cumprir 40 anos.
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edward hopper |
Incentivado
a estudar ilustração por seus pais, EDWARD HOPPER fez cursos na Correspondence
School of Illustrating e na New York School of Art. Em 1906, conseguiu um
emprego em uma agência de publicidade, criando imagens para revistas populares
como “Scribner's Magazine”, “Everbody's Magazine” e “Country Gentleman”, e para
os periódicos especializados “Hotel Management”, “The Morse Dial” e “Wells
Fargo Mensageiro”. Trabalhou duas décadas como ilustrador, antes de se destacar
como um pintor paisagista que conseguiu captar de forma singular espaços
urbanos.
Entre
1906 e 1910, fez três viagens a Paris. Ao contrário de outros artistas
norte-americanos da época, ignorou as inovações dos vanguardistas da cidade,
favorecendo uma geração anterior de pintores europeus. Regressou a Nova York
para produzir uma obra focada na psicologia mais íntima, distante da revolução cubista
que mudou o rumo da arte contemporânea. Nela, figuras se destacam em espaços
comuns: sentadas, abandonadas, solitárias, tristes. Numa trajetória de calado
desespero, afogam-se numa sociedade hipócrita.
O
drama dos personagens de EDWARD HOPPER é comum. O estilo sem adornos
evita o excesso, enxergando a vida norte-americana desde o ponto de
vista do homem das ruas. A atitude diante da gente comum, é de cumplicidade. Ele
pintou trens e fachadas de hotéis, símbolos de movimento humano, e raras vezes
se moveu, pois morou cinquenta anos no mesmo apartamento, em um edifício
nova-iorquino sem elevador. Seus quadros estão em coleções particulares
ou em museus, como o Whitney, de Nova York.
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ilustração de hopper |
Marco
do modernismo, a obra de EDWARD HOPPER influenciou diretores de cinema. Entre
eles, Alfred Hitchcock com “Psicose” (1961) e “Os Pássaros” (1963); David Lynch
com “Uma História Verdadeira” (1999); Terence Malick
em “Cinzas do Paraíso” (1978); Todd Haynes em “Longe do Paraíso” (2001), e
muitos outros. São títulos onde a influência de pintor é clara e direta, talvez
por ser sua estética uma genuína representação do imaginário dos EUA das décadas de 1940, 1950 e 1960.
Em
julho de 1924, ele casou-se com Josephine Verstille Nivison, uma colega pintora
que conheceu na escola de arte e se converteu em sua modelo preferida. Viveram
um relacionamento voltado para o trabalho, a vida doméstica e um ritual que
incluía cinema, teatro e literatura. Com o passar dos anos, alcançando a fama, o
pintor não alterou os costumes e rotina discreta. Poucas semanas antes dele
morrer, perguntaram o que queria dizer em certa tela. “Procuro-me”, respondeu. Anos
se passaram, mas influência do estilo de EDWARD HOPPER é sentida até
hoje, estendendo-se além da pintura, na fotografia e no cinema.