abril 27, 2024

........................... MAUGHAM: DEZ ROMANCES e seus AUTORES

 
 
“Adquirir o hábito da leitura
é construir para si mesmo um refúgio
de quase todas as misérias da vida.”
W. SOMERSET MAUGHAM
 
Ilustrações:
FRANZ von STUCK
(1863 – 1928. Tettenweis / Alemanha)

 
 
Li pela primeira vez W. SOMERSET MAUGHAM (1874 - 1965. Paris, França) na adolescência, depois de assistir na TV uma comovente versão da 20th Century Fox de um dos seus romances. Iniciei por “O Fio da Navalha” (1944), que originou em 1946 a adaptação cinematográfica em questão, onde o protagonista, Larry Darrell, após ser ferido e traumatizado pela morte de um amigo na Primeira Guerra Mundial, viaja para a Índia em busca de um sentido para a vida. Logo a seguir, devorei “O Véu Pintado” (1925), “Contos dos Mares do Sul” (1936) e “Servidão Humana” (1915). Seu autor viveu em Paris até os dez anos. Na Inglaterra, foi educado na King's School de Canterbury, e na Alemanha, na Universidade de Heidelberg. Estudou medicina, mas o sucesso de seu primeiro romance, “O Pecado de Liza”, de 1897, conquistou-o para a literatura. A fama cresceu com aclamadas peças teatrais e a publicação de coletâneas de contos. 
 
w. somerset maugham
Sua obra inclui também livros de viagens, ensaios, críticas e os autobiográficos “Confissões” (1938) e “A Writer's Notebook” (1949). Em 1927, ele se estabeleceu em Cap Ferrat, na Riviera Francesa, e lá viveu até a morte. Bissexual, durante 90 anos de vida escreveu 20 romances, 25 peças e centenas de contos e artigos. Em 1954, listou em livro o que considerou serem os 10 MELHORES ROMANCES de TODOS os TEMPOS e defendeu suas escolhas em uma série de ensaios brilhantes. Nem todos concordaram com ele. Inclusive eu, que li todos os listados, fico apenas com “Os Irmãos Karamazov”, “Madame Bovary” e “O Morro dos Ventos Uivantes” entre os dez mais. E você, concorda com os eleitos?  
 
Entre grandes romances, W. SOMERSET MAUGHAM fez sua seleção, um guia único e inestimável. Ele ressalta que três dos livros de sua lista foram fracassos irremediáveis quando publicados pela primeira vez, referindo-se a “Moby Dick”, “O Vermelho e o Negro” e “O Morro dos Ventos Uivantes”. “Os críticos tinham pouco a dizer sobre eles. O público os ignorou. Isso é fácil de entender. Eles eram altamente originais”, explicou. Como nenhuma lista é definitiva, convido os leitores a fazerem suas próprias listas e compartilhar no site. Empolgado, no final desse post ousei fazer duas listas bastante pessoais: “Vinte Romances Estrangeiros” e “Dez Romances Brasileiros”. Boa leitura!
 

A LISTA de MAUGHAM
 
01
DAVID COPPERFIELD
(Idem, 1849, Reino Unido)

Charles Dickens 
(1812 – 1870.Landport, Portsmouth / Reino Unido)
 
Acompanha a vida do protagonista titular desde a infância até a maturidade. Filho de uma jovem viúva, David enfrenta uma infância difícil quando sua mãe se casa novamente com um homem rude e abusivo. Após a morte de sua mãe, ele é enviado para um internato. À medida que cresce, passa por dificuldades, amor e perda, ao mesmo tempo em que conhece uma variedade de personagens. O romance é uma jornada de autodescoberta e crescimento pessoal, retratando honestamente a Inglaterra do século XIX.
   
02
GUERRA e PAZ
(Война и мир, 1869, Rússia)

Leon Tolstoi
(1828 – 1910. Yasnaya Polyana / Rússia)
 

Tendo como pano de fundo a era napoleônica, apresenta um panorama da sociedade russa e sua descida ao caos da guerra. Segue as vidas interligadas de cinco famílias aristocráticas, suas lutas, romances e jornadas pessoais através de um período tumultuado. Explora amor, guerra e o sentido da vida, ao entrelaçar acontecimentos históricos com as histórias pessoais de seus personagens.
 
03
Os IRMÃOS KARAMAZOV
(Brat'ya Karamazovy, 1880, Rússia)

Fiódor Dostoiévski 
(1821 – 1881. Moscou / Rússia)
  
A relação complexa, apaixonada e conturbada entre quatro irmãos e seu pai na Rússia do século XIX. Investiga a fé, moralidade e redenção, enquanto cada irmão enfrenta dilemas pessoais e conflitos familiares. Culmina em um julgamento dramático após um assassinato, que serve como um microcosmo das lutas morais e filosóficas enfrentadas por cada personagem e, por extensão, pela humanidade. Essa obra influenciou pensadores como Freud e Nietzsche, além de gerações de autores ao redor do mundo.
 
04
MADAME BOVARY
(Idem, 1856, França)

Gustave Flaubert 
(1821 – 1880. Rouen / França)
 
Publicado originalmente em capítulos de jornal, causou bastante escândalo na época. Trata-se de um duro retrato da vida burguesa e seus valores. Levou Flaubert aos tribunais, acusado de ofensa à moral e à religião. Considerado um marco na literatura realista, acompanha o crescente declínio de Emma Bovary, uma mulher insatisfeita com seu casamento monótono e que busca escapar da realidade através de aventuras amorosas e fantasias românticas, levando-a a uma espiral de desilusão e autodestruição.
 
05
MOBY DICK
(Idem, 1851, EUA)

Herman Melville 
(1819 – 1891. Nova Iorque, EUA)
 
A busca obsessiva de um vingativo capitão do mar para caçar uma baleia branca gigante que arrancou sua perna com uma mordida. A perseguição incansável do capitão, apesar dos avisos e preocupações da sua tripulação, leva-os a uma perigosa viagem através dos mares. A história é uma exploração complexa do bem e do mal, da obsessão e da realidade, repleta de ricas descrições da caça às baleias e do mar.
 
06
O MORRO dos VENTOS UIVANTES
(Wuthering Heights, 1847, Reino Unido)

Emily Brontë 
(1818 – 1848. Thornton, Reino Unido)
 
O único romance escrito pela autora, é uma das histórias de amor mais belas e famosas de todos os tempos. Gira em torno do relacionamento intenso e complexo entre Catherine Earnshaw e Heathcliff, um órfão adotado pelo pai de Catherine. Apesar do profundo afeto um pelo outro, Catherine se casa com Edgar Linton, um vizinho rico, levando Heathcliff a se vingar das duas famílias. A história se desenrola ao longo de duas gerações, refletindo as consequências de suas escolhas e o poder destrutivo do amor obsessivo.
 
07
ORGULHO e PRECONCEITO
(Pride and Prejudice, 1813, Reino Unido)

Jane Austen 
(1775 - 1817. Steventon, Reino Unido)
 
Situado na Inglaterra do início do século XIX, gira em torno da família Bennet, especialmente das cinco filhas solteiras. A narrativa explora boas maneiras, educação, moralidade e casamento numa pequena nobreza rural. Seguem-se as complicações românticas de Elizabeth, a segunda filha, inteligente e perspicaz, e seu relacionamento tumultuado com um jovem rico e aparentemente indiferente. O romance se desenrola à medida que navegam pelas expectativas da sociedade e mal-entendidos pessoais.
 
08
O PAI GORIOT
(Le Père Goriot, 1835, França)

Honoré de Balzac 
(1799 – 1850. Tours, França)
 
Explora riqueza, poder, amor e status social na Paris do século XIX. A narrativa acompanha três personagens principais: um ambicioso estudante de direito que busca superar sua origem modesta; um idoso outrora rico que sacrificou tudo pelas suas duas filhas ingratas; e um criminoso astuto e implacável que manipula os outros para seu próprio ganho. As histórias se entrelaçam numa pensão, revelando as duras realidades da sociedade parisiense e o poder destrutivo da ambição e do egoísmo desenfreados.
 
09
TOM JONES
(The History of Tom Jones, 1749, Reino Unido)

Henry Fielding
(1707 - 1754. Sharpham, Reino Unido)
 
Citado como o primeiro romance moderno. Conta a trajetória de Tom Jones, jovem charmoso e de bom coração, mas impulsivo, que é expulso da casa de sua família adotiva devido ao comportamento selvagem e amor pela bela Sophia Western. Sua jornada pela Inglaterra do século XVIII é repleta de aventuras e um elenco colorido de personagens, enquanto ele luta com sua identidade e busca a redenção. A narrativa explora temas de classe, virtude e moralidade e é celebrada por seu humor e sátira social.
 
10
O VERMELHO e o NEGRO
(Le Rouge et le Noir, 1830, França) 

Stendhal 
(1783 - 1842. Grenoble, França)
 
Retrato psicológico detalhado de Julien Sorel, jovem que deseja superar sua origem humilde. Ele usa a inteligência e hipocrisia para avançar na sociedade francesa pós-napoleônica, que está profundamente dividida por lealdades de classe e política. A trama é uma crítica ao materialismo e à hipocrisia, à medida que as ambições do protagonista o levam a um fim trágico. O título refere-se aos uniformes contrastantes do exército e da igreja, as duas vias à sua disposição para a ascensão social.
 

MINHAS LISTAS
 
Selecionei vinte romances estrangeiros e dez romances brasileiros, por ordem alfabética. Essas obras oferecem uma rica imersão literária, mergulhando em temas universais e proporcionando reflexões profundas sobre a condição humana em diferentes contextos históricos e culturais.
 

VINTE ROMANCES ESTRANGEIROS
 
01
ANNA KARENINA
(Анна Каренина, 1877, Rússia)
Leon Tolstoi
 
02
O CORCUNDA de NOTRE DAME
(Notre-Dame de Paris, 1831, França)
Victor Hugo
 
03
DEMIAN
(Idem, 1919, Alemanha)
Hermann Hesse

04
O DIA do GAFANHOTO
(The Day of Locust, 1939, EUA)
Nathanael West
 
05
DOUTOR JIVAGO
(Doktor Jivago, 1956, União Soviética)
Boris Pasternak
 
06
FOGO FÁTUO – TRINTA ANOS ESTA NOITE
(Le Feu Follet, 1931, França)
Pierre Drieu La Rochelle
 
07
GIOVANNI
(Giovanni's Room, 1956, EUA)
James Baldwin
 
08
O GRANDE GATSBY
(The Great Gatsby, 1925, EUA)
F. Scott Fitzgerald
 
 
09
 
Os IRMÃOS KARAMAZOV
(Brat'ya Karamazovy, 1880, Rússia)
Fiódor Dostoiévski
 
10
MADAME BOVARY
(Idem, 1856, França)
Gustave Flaubert
 
11
MEMÓRIAS de ADRIANO
(Mémoires d'Hadrien, 1951, França)
Marguerite Yourcenar
 
12
1984
(Idem, 1949, Reino Unido)
George Orwell
 
13
O MORRO dos VENTOS UIVANTES
(Wuthering Heights,1847, Reino Unido)
Emily Brontë
 
14
MORTE em VENEZA
(Der Tod in Venedig, 1912, Alemanha)
Thomas Mann
 
15
NOSSA SENHORA das FLORES
(Notre-Dame-des-Fleurs, 1943, França)
Jean Genet
 
16
PASSEIO ao FAROL
(To the Lighthouse, 1927, Reino Unido)
Virginia Woolf
 
17
O RETRATO de DORIAN GRAY
(The Picture of Dorian Gray, 1890, Irlanda)
Oscar Wilde
 
18
Se um VIAJANTE numa NOITE de INVERNO
(Se una Notte d'inverno un Viaggiatore, 1979, Itália)
Italo Calvino
 
19
SOB o SOL de SATÃ
(Sous le Soleil de Satan, 1923, França)
George Bernanos
 
20
O TALENTOSO RIPLEY
(The Talented Mr. Ripley, 1955, EUA)
Patricia Highsmith
 
 

DEZ ROMANCES BRASILEIROS
 
01
CANGACEIROS
(1953)
José Lins do Rego
 
02
CORPO VIVO
(1962)
Adonias Filho
 
03
CRÔNICA da CASA ASSASSINADA
(1963)
Lúcio Cardoso
 
04
GRANDE SERTÃO: VEREDAS
(1956)
Guimarães Rosa
 
05
A MENINA MORTA
(1954)
Cornélio Penna
 
06
ÓPERA dos MORTOS
(1967)
Autran Dourado
 
07
A PAIXÃO SEGUNDO G.H.
(1964)
Clarice Lispector
 
08
SÃO BERNARDO
(1934)
Graciliano Ramos
 
09
O TEMPO e o VENTO
(1949 - 1961)
Érico Veríssimo
 
10
TERRAS do SEM-FIM
(1943)
Jorge Amado


w. somerset maugham

9 comentários:

Marlene Maria Schwertner disse...


W. de Shakespeare ; Gabriel García Márquez; Victor Hugo ;G. Flaubert ; L . Tostói ; F. S Fitzgerald; J. W. Goethe ; .....

Patrice Canto disse...


O primeiro livro da minha lista é Diário de uma paixão. O segundo é As pontes de Madison. O terceiro é Xógum, o quarto é Taipan e o 5° é O Físico.

Teresa Garcia Gonçalves disse...


Li a maioria, mas há muito tempo. Gostei da lista, que excluiria alguns e incluiria outros. Ler é viajar..

Bartira Vasconcelos disse...


Maugham é o meu escritor favorito desde os 16 anos.

Gláucia Lemos disse...


Meus livros: Os irmāos Karamazov, de Dostoievski, Notas do subsolo, Dostoiévski,; Padre Sérgio, de Tolstoi; Por quem.os sinos dobram Hemingway; Luanda Beira Bahia, Mia Couto; Servidáo humana, Somerset Maughan; Memorial.do convento, Saramago. Talvez algum mais q não me ocorre agora. Boa noite, amigo.

Jairo Verlanga disse...


Li muito deles.

Di Alves disse...


Li uns três.

Marília Menezes disse...


Li quatro deles. Maravilhosos.

Jorge A. P. de Oliveira disse...


Tolstoi, Dostoiévski, Turgueniev, Philip Roth, Gogol, Machado de Assis, George Orwell, Franz Kafka, Miguel de Cervantes, Thomas Mann, Jacob Wassermann, Hermann Broch, Eric Voegelin, Jorge Luiz Borges, Adolfo Bioy Casares, Camões, Olavo de Carvalho, Roger Scrutton, Christopher Dawnson, Júlio Verne, Joseph Conrad, Charles Dickens, Aldous Huxley, Homero, Petronio, Suetonio, Virgílio, Chesterton, Ortega y Gasset, Carl Sagan, Arthur Koestler, Philip K. Dick... todos esses eu tenho em casa.