Quem não lê, não pensa,
e quem não pensa será para sempre um servo.
PAULO FRANCIS
Após décadas de doutrinamento de esquerda, ser de direita já
não provoca constrangimento. Não significa ser socialmente
insensível e reacionário. Nem sequer indica conservadorismo dos
costumes. Já não é um sinal de inferioridade intelectual, nem de indiferença à
injustiça ou ideologia das classes altas. E tudo isto é novo. Afinal, a esquerda tem sido invasora nos media, na cultura. Para nem falar da
política, onde os partidos mais à direita se dizem centristas. Durante muito tempo, ser de direita era quase um crime. Para
muitos, algo inconfessável. Felizmente as redes sociais democratizaram o debate. A blogosfera e os canais no Youtube tornaram possível aos cronistas de
direita ocuparem lugares que eram monopolizados pelos de esquerda. Agora não há
filtros, qualquer um pode exprimir-se e conquistar audiências.
Mas afinal o que é realmente o conservadorismo? É um pensamento político que defende a manutenção das
instituições sociais tradicionais – como a família, a comunidade local e a
religião -, além dos usos, costumes e tradições. Enfatiza a
continuidade e a estabilidade das instituições, opondo-se a movimentos
revolucionários e ao politicamente correto. O conservador pensa na política
como um meio de preservar a ordem, a justiça e a liberdade.
O assunto, depois de anos de silêncio, vem circulando em inúmeros livros. Além dos livros editados, ou reeditados, uma série de analistas de direita está ocupando espaço na internet. Tudo começou com os blogues, depois uma série de cronistas que se instalaram nos media tradicionais, publicam livros, fazem conferências, comentam em seus canais. Olavo de Carvalho, Bernardo Küster, Flávio Morgenstern ou Luiz Felipe Pondé são nomes que nos últimos anos ascenderam a um estatuto de estrelato até então reservado aos intelectuais de esquerda.
O assunto, depois de anos de silêncio, vem circulando em inúmeros livros. Além dos livros editados, ou reeditados, uma série de analistas de direita está ocupando espaço na internet. Tudo começou com os blogues, depois uma série de cronistas que se instalaram nos media tradicionais, publicam livros, fazem conferências, comentam em seus canais. Olavo de Carvalho, Bernardo Küster, Flávio Morgenstern ou Luiz Felipe Pondé são nomes que nos últimos anos ascenderam a um estatuto de estrelato até então reservado aos intelectuais de esquerda.
Figuras das gerações anteriores, como Paulo Francis ou Roberto Campos, ganharam mais exposição mediática. Jornalistas e cronistas de
direita criaram blogues, alguns populares, e surgiu um jornal, online, com tendência assumidamente de direita, o “Brasil Sem Medo”.
A cultura de direita está finalmente ocupando o seu espaço. Os novos gurus
expõem as suas teorias e comentam a realidade como só era costume brotar da escrita de esquerda. E têm muitos seguidores.
O Brasil sempre contou com grandes intelectuais conservadores. Entre eles, o polêmico Paulo Francis, famoso
pela língua afiada, que anunciou sua mudança para a direita após o
final do regime militar. Outro nome importante, o professor Wilson Martins brilhou em seu papel de crítico literário. O consagrado Machado
de Assis também era conservador, embora sua obra literária não seja engajada,
tratando dos sentimentos humanos. Um dos maiores estudiosos da cultura brasileira, o potiguar Câmara Cascudo, autor de “O Dicionário do Folclore Brasileiro”, foi coordenador do movimento integralista no Nordeste,
mantendo-se próximo do “Tradição, Família e Propriedade” e de militares pós 1964.
Certamente o conservador mais amado - e citado - do Brasil, Nelson
Rodrigues, nunca se envergonhou desse status. Ao contrário, fez de sua
ideologia sua marca registrada, com frases e tiradas espirituosas que ainda
hoje são repetidas.
Era, acima de tudo, um provocador: “Sou reacionário. Minha reação é contra tudo
que não presta”. Não perdia uma chance de atacar o feminismo: “As feministas
querem reduzir a mulher a um macho mal-acabado”. Profundo observador da alma
humana, investia contra o comunismo incansavelmente: “Eu amo a juventude como
tal. O que eu abomino é o jovem idiota, o jovem inepto, que escreve nas paredes
‘É proibido proibir’ e carrega cartazes de Lenin, Mao, Guevara e Fidel, autores
de proibições mais brutais”.
Com tantos escritores conservadores resgatados, pode ser difícil saber
quem ler. Esta lista abaixo oferece uma mistura de escritores brasileiros com
diferentes estilos de escrita. Cada um deles escreveu sobre questões importantes,
incluindo economia e mercado livre, política externa e nacional, ficção, ensaios literários e poesia. Sinta-se livre para viajar
na obra deles.
21 ESCRITORES brasileiros CONSERVADORES
01
ADONIAS FILHO
Três obras:
Servos da Morte (1946)
Corpo Vivo (1962)
As Velhas (1975)
02
ALCEU AMOROSO LIMA
Três obras:
Meditações sobre o Mundo Interior (1953)
Os direitos do Homem e o Homem sem Direitos (1975)
Tudo é Mistério (1983)
03
AUGUSTO FREDERICO
SCHMIDT
Três obras:
Canto do Brasileiro
(1928)
Pássaro Cego
(1930)
Estrela Solitária
(1940)
04
BRUNO TOLENTINO
Três obras:
Os Deuses de Hoje
(1995)
A Balada do Cárcere
(1996)
O Mundo como
Ideia (2002)
05
CORNÉLIO PENNA
Três obras:
Fronteira (1935)
Repouso (1948)
A Menina Morta (1954)
06
GERARDO MELLO MOURAO
Três obras:
O País dos Mourões (1963)
Os Peãs (1982)
O Sagrado e o Profano (2002)
07
GILBERTO FREYRE
Três obras:
Casa-Grande &
Senzala (1933)
Sobrados e
Mucambos (1936)
Interpretação do
Brasil (1947)
08
GUSTAVO CORÇÃO
Três obras:
Claro Escuro
(1958)
Patriotismo e
Nacionalismo (1960)
O Século do Nada
(1973)
09
JORGE de LIMA
Três obras:
Tempo e Eternidade (1935)
Poemas Negros (1947)
Invenção de Orfeu (1952)
10
JOSÉ GUILHERME MERQUIOR
Três obras:
Razão do Poema
(1965)
De Anchieta a
Euclides (1977)
O Marxismo Ocidental
(1987)
11
JOSUÉ MONTELLO
Três obras:
Os Tambores de São Luís (1965)
Duas Vezes Perdida (1966)
Perto da Meia-noite (1985)
12
LUÍS da CÂMARA CASCUDO
Três obras:
Vaqueiros e Cantadores (1939)
Dicionário do Folclore Brasileiro (1954)
Flor dos Romances Trágicos (1966)
13
MACHADO de ASSIS
Três obras:
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
Quincas Borba (1891)
Dom Casmurro (1899)
14
MANUEL BANDEIRA
Três obras:
A Cinza das Horas (1917)
Libertinagem (1930)
Estrela da Vida Inteira (1968)
15
NELSON RODRIGUES
Três obras:
Asfalto Selvagem: Engraçadinha, Seus Pecados e Seus Amores (1959)
O Óbvio Ululante: Primeiras Confissões (1968)
O Reacionário: Memórias e Confissões (1977)
16
OCTÁVIO de FARIA
Três obras:
Desordem no Mundo Moderno (1930)
Maquiavel e o Brasil (1931)
Três Novelas da Masmorra (1968)
17
OLAVO de CARVALHO
Três obras:
O Jardim das Aflições: de Epicuro à Ressurreição de César - Ensaio sobre
o Materialismo e a Religião Civil (1995)
O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras (1996)
O Mínimo que Você Precisa Saber para não Ser um Idiota (2013)
18
OTTO MARIA CARPEAUX
Três obras:
Pequena Bibliografia Crítica da Literatura Brasileira (1951)
História da Literatura Ocidental (1959-1966)
O Brasil no Espelho do Mundo (1965)
19
PAULO FRANCIS
Três obras:
Cabeça de Papel (1977)
O Afeto que se Encerra (1980)
Trinta Anos Esta Noite – 1964: O Que Vi e Vivi (1994)
20
ROBERTO CAMPOS
Três obras:
Ensaios Contra a Maré (1969)
Ensaios Imprudentes (1987)
Guia para os Perplexos (1988)
21
WILSON MARTINS
Três obras:
A Crítica Literária no Brasil (1952)
A Ideia Modernista (1965)
7 comentários:
Muito boa matéria. Parabéns! E viva os escritores conservadores!
Nelson Rodrigues, tudo de bom
Ótimo! Obrigada
O Brasil não tem problemas, só soluções adiadas. C. Cascudo.
Grato pela matéria. Bastante esclarecedora.
Grato pela lista-dica. Bom direcionamento.
Muito bom. Vou divulgar em vários grupos.
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