maio 05, 2021

........................................ EDWARD HOPPER: PINTANDO a SOLIDÃO

 

“A pintura é uma gravação da emoção.”
EDWARD HOPPER
 
 
Reconhecido como um dos maiores artistas do século XX, EDWARD HOPPER (Upper Nyack, Nova York, EUA. 1882 – 1967) retratou com realismo a solidão contemporânea. Suas cenas urbanas refletem uma visão pessoal da vida. Através de melancólicas paisagens iluminadas por uma luz dramática, pintou o fracasso do “sonho norte-americano”, resultando em uma obra impactante. A solidão e a melancolia, aprisionados pelo seu pincel, traduzem um mundo em crise representado por individualistas em cafeterias, bares, restaurantes, quartos de hotéis baratos, casas do litoral, ruas vazias, interiores de teatros e cinemas.
 
O alto e reservado pintor gozou de popularidade a maior parte de sua longa vida e depois de morrer seu prestígio cresceu ainda mais, aplaudido pela ambiguidade e o talento de uma obra sólida e convincente, pela perspicácia psicológica, o domínio do pincel, a composição, a luz e a cor. Classificado no grupo do realismo social, nunca foi pitoresco ou superficial, mesmo passando para o observador uma certa sensação melodramática. Atraído pela arte ainda jovem, sua primeira exposição individual foi realizada em janeiro de 1920 no Whitney Studio Club, faltando pouco para cumprir 40 anos. 

Incentivado a estudar ilustração por seus pais, EDWARD HOPPER fez cursos na Correspondence School of Illustrating e na New York School of Art. Em 1906, conseguiu um emprego em uma agência de publicidade, criando imagens para revistas populares como “Scribner's Magazine”, “Everbody's Magazine” e “Country Gentleman”, e para os periódicos especializados “Hotel Management”, “The Morse Dial” e “Wells Fargo Mensageiro”. Trabalhou duas décadas como ilustrador, antes de se destacar como um pintor paisagista que conseguiu captar de forma singular espaços urbanos.

 
Entre 1906 e 1910, fez três viagens a Paris. Ao contrário de outros artistas norte-americanos da época, ignorou as inovações dos vanguardistas da cidade, favorecendo uma geração anterior de pintores europeus. Regressou a Nova York para produzir uma obra focada na psicologia mais íntima, distante da revolução cubista que mudou o rumo da arte contemporânea. Nela, em espaços comuns, figuras sentadas, abandonadas, solitárias, tristes. Numa trajetória de desespero, afogam-se numa sociedade hipócrita.
 
O drama dos personagens de EDWARD HOPPER é comum. O estilo sem adornos evita o excesso, enxergando a vida norte-americana desde o ponto de vista do homem das ruas. A atitude diante da gente comum, é de cumplicidade. Ele pintou trens e fachadas de hotéis, símbolos de movimento humano, e raras vezes se moveu, pois morou cinquenta anos no mesmo apartamento, em um edifício nova-iorquino sem elevador. Seus quadros estão em coleções particulares ou em museus, como o Whitney, de Nova York.
 
ilustração de hopper
Marco do modernismo, a obra de EDWARD HOPPER influenciou diretores de cinema. Entre eles, Alfred Hitchcock com “Psicose” (1961) e “Os Pássaros” (1963); David Lynch com “Uma História Verdadeira” (1999); Terence Malick em “Cinzas do Paraíso” (1978); Todd Haynes em “Longe do Paraíso” (2001), e muitos outros. São títulos onde a influência de pintor é clara e direta, talvez por ser sua estética uma genuína representação do imaginário dos EUA das décadas de 1940, 1950 e 1960.
 
Em julho de 1924, ele casou-se com Josephine Verstille Nivison, uma colega pintora que conheceu na escola de arte e se converteu em sua modelo preferida. Viveram um relacionamento voltado para o trabalho, a vida doméstica e um ritual que incluía cinema, teatro e literatura. Com o passar dos anos, alcançando a fama, o pintor não alterou os costumes e rotina discreta. Poucas semanas antes dele morrer, perguntaram o que queria dizer em certa tela. “Procuro-me”, respondeu. Anos se passaram, mas influência do estilo de EDWARD HOPPER é sentida até hoje, estendendo-se além da pintura, na fotografia e no cinema.
 
edward hopper



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