junho 20, 2021

............................................... RETRATO do BRASIL COLONIAL

 


Em 1821, aporta no Brasil uma expedição científica comandada pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff. Na equipe, com apenas 18 anos de idade, o pintor e desenhista JOHANN-MORITZ RUGENDAS (1802 – 1858. Augsburg / Alemanha). Incentivado pelos relatos de viagem dos naturalistas alemães Johann Baptist von Spix e Karl Friedrich Philipp von Martius e pela obra do pintor austríaco Thomas Ender, ele registra em desenhos e aquarelas, os costumes brasileiros, a botânica e os tipos humanos. O artista pertence à sétima geração de uma família de desenhistas, pintores, gravadores e impressores. Desde criança, exercita o desenho, e se inicia na atividade artística por influência de seu pai, Johann Lorenz Rugendas II, diretor e professor da escola de desenho de Augsburg. De 1815 a 1817, frequenta o ateliê do pintor Albrecht Adam. Em 1817, estuda na Academia de Belas Artes de Munique.
 
No Brasil, apesar de viver isolado com os outros participantes da expedição na Fazenda Mandioca, de propriedade do cônsul, RUGENDAS vai constantemente à capital e faz amizade com os artistas da Missão Artística Francesa. Nesse período, retrata a paisagem natural, a fauna, a flora, os tipos físicos e as vistas da cidade do Rio de Janeiro. Em 1824, se desentende com Langsdorff e abandona o grupo, continuando suas andanças sozinho. Passa por São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Espírito Santo, Bahia e Pernambuco. Nessa primeira viagem privilegia o desenho, ocasionalmente colorido à aquarela.
 
auto-retrato do artista
De volta a Paris, publica suas memórias de viagem e produz cem litografias de caráter minucioso e objetivo, dando origem aos quatro luxuosos volumes de “Viagem Pitoresca ao Brasil” (1835), em edição bilíngue em francês-alemão. Pensado como livro de viagem, conta com a participação de 22 litógrafos e de Victor Aimé Huber na preparação dos textos, e é considerado um dos mais importantes documentos iconográficos sobre o Brasil do século XIX. É subdividido em paisagens, tipos e costumes, usos e costumes dos indígenas, europeus na Bahia e em Pernambuco, usos e costumes dos negros. 

Na famosa obra, a situação dos escravizados é amenizada. O árduo trabalho é mostrado como atividade quase lúdica em pranchas como “Preparação da Raiz de Mandioca” e “Colheita de Café”. Já na época de sua publicação, o livro recebe críticas por seu caráter pouco documental. Mas alcança êxito com o grande público, circulando no Brasil em edição francesa com sucesso, talvez por causa da maneira benevolente com que retrata a sociedade oitocentista.
 
De 1825 a 1828, RUGENDAS vive entre Paris, Augsburg e Munique. Em 1828, vai para a Itália e, durante o tempo em Roma, entra em contato com correntes artísticas como neoclassicismo e romantismo. De 1829 a 1831, pinta telas de temas brasileiros com base em seus desenhos. São imagens idílicas que refletem ideias correntes na época sobre o Novo Mundo como paraíso terreno e habitat do bom selvagem. Viaja para o México em 1831, onde começa a pintar a óleo, utilizando as técnicas assimiladas na Itália. A partir de 1834, excursiona por países como Chile, Argentina, Peru e Bolívia. Em sua segunda passagem pelo Rio de Janeiro (1845 - 1846) encontra uma extraordinária acolhida da família Imperial, que lhe encomenda diversos retratos e participa da Exposição Geral de Belas Artes.
 
Em 1847, cansado da vida errante, volta para a Europa. Em troca de uma pensão anual e vitalícia, cede sua importante coleção de desenhos e aquarelas ao rei Maximiliano II, da Baviera. O artista falece em 29 de maio de 1858, na Alemanha, aos 56 anos. Genial na representação das imagens, embora utilize de artifícios e não seja fiel a realidade, o conjunto gráfico e pictórico de JOHANN MORITZ RUGENDAS representa um dos materiais fundamentais da sociedade e da nossa paisagem no século XIX.


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