julho 04, 2021

................................................................... TRÁFICO NEGREIRO




A violenta e desumana escravidão se estabeleceu no Brasil no início do século XVI, quando as primeiras medidas efetivas de colonização foram implantadas pelos portugueses. Ocorreu, a princípio, com os nativos, e, entre os séculos XVI e XVII, foi sendo gradativamente substituída por africanos, já que os imigrantes livres ou mesmo os prisioneiros enviados não eram suficientes para preencher as necessidades. Em 1535 chegou a Salvador (BA) o primeiro navio com escravizados. É o marco do início da escravidão no Brasil que só terminaria 353 anos depois em 13 de maio de 1888, com a Lei Áurea.
 
Os africanos eram capturados em possessões portuguesas como Angola e Moçambique, e regiões como o Reino do Daomé, e trazidos à força ao Brasil. O transporte fomentou a produção de mais embarcações, alimentos, vestuário, armas, e outros produtos que estavam ligados ao comércio de gente. Por isso, o tráfico negreiro representou um negócio lucrativo e foi uma das principais atividades comerciais no período de 1501 a 1867. A prática era gerenciada por seis nações: Inglaterra, Portugal, França, Espanha, Países Baixos e Dinamarca. A justificativa para sustentar a exploração era que somente com os escravos seria possível manter os baixos preços de produtos como açúcar, arroz, café, fumo e pedras preciosas. 

Os cativos trabalhavam no plantio da cana-de-açúcar, colheita, transformação do caldo de cana, construção de casas, engenhos e igrejas. Eram também utilizados na mineração e em serviços domésticos e/ou urbanos. Nas cidades haviam os chamados “escravos de ganho”, utilizados em tarefas do ramo comercial ou de serviços. Eles vendiam produtos manufaturados, quitutes, carregavam água ou auxiliavam na administração de pequenos comércios. Foi o trabalho forçado e não remunerado do africano que garantiu ao consumidor europeu o acesso aos metais preciosos, açúcar, café e outros produzidos nas colônias.
 
Responsável pelo deslocamento de 12,5 milhões de pessoas da África, calcula-se que um terço foi para a América Portuguesa. Do total, 12,5% não conseguiram completar a travessia porque morriam ainda nos navios devido às más condições de higiene que permitiam a proliferação de doenças ou aos castigos aplicados para inibir revoltas. Os portos que mais recebiam negros estavam localizados no Rio de Janeiro, em Salvador (BA) e Recife. Na Inglaterra, destacam-se Liverpool, Londres e Bristol. Na França, Nantes era um importante local de venda de escravizados. Juntos, esses portos receberam 71% dos escravos. O Brasil foi responsável por 40% do comércio de negros. Dos cerca de 12,5 milhões de explorados, 5,8 milhões desembarcaram no país.
 
A escravidão era presente nas sociedades africanas, representando dominação e poder do mais forte sobre o fraco. Portanto, o domínio europeu também foi favorecido pelos africanos que vendiam seus inimigos para os colonizadores em troca de valiosos objetos. A proibição do tráfico começou na Europa. Em 1807, foi considerado ilegal por ingleses e pelo governo dos Estados Unidos. A Inglaterra passou a coibir diretamente a partir de 1810, empregando 10% da esquadra marítima na interceptação de navios negreiros. Por sua vez, o governo brasileiro só agiu em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós, mas somente em 1888 aboliu a escravidão.
 


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