A
violenta e desumana escravidão se estabeleceu no Brasil no início do século XVI,
quando as primeiras medidas efetivas de colonização foram implantadas pelos
portugueses. Ocorreu, a princípio, com os nativos, e, entre os séculos XVI e
XVII, foi sendo gradativamente substituída por africanos, já que os imigrantes
livres ou mesmo os prisioneiros enviados não eram
suficientes para preencher as necessidades. Em 1535 chegou a Salvador (BA) o
primeiro navio com escravizados. É o marco do início da escravidão no
Brasil que só terminaria 353 anos depois em 13 de maio de 1888, com a Lei
Áurea.
Os
africanos eram capturados em possessões portuguesas como Angola e Moçambique, e
regiões como o Reino do Daomé, e trazidos à força ao Brasil. O transporte
fomentou a produção de mais embarcações, alimentos, vestuário, armas, e outros
produtos que estavam ligados ao comércio de gente. Por isso, o tráfico negreiro
representou um negócio lucrativo e foi uma das principais atividades comerciais
no período de 1501 a 1867. A prática era gerenciada por seis nações:
Inglaterra, Portugal, França, Espanha, Países Baixos e Dinamarca. A
justificativa para sustentar a exploração era que somente com os escravos seria
possível manter os baixos preços de produtos como açúcar, arroz, café, fumo e pedras preciosas.
Os
cativos trabalhavam no plantio da cana-de-açúcar, colheita, transformação do
caldo de cana, construção de casas, engenhos e igrejas. Eram também utilizados na
mineração e em serviços domésticos e/ou urbanos. Nas cidades haviam os chamados
“escravos de ganho”, utilizados em tarefas do ramo comercial ou de serviços. Eles
vendiam produtos manufaturados, quitutes, carregavam água ou auxiliavam na
administração de pequenos comércios. Foi o trabalho forçado e não
remunerado do africano que garantiu ao consumidor europeu o acesso aos metais
preciosos, açúcar, café e outros produzidos nas colônias.
Responsável
pelo deslocamento de 12,5 milhões de pessoas da África, calcula-se que um terço
foi para a América Portuguesa. Do total, 12,5% não conseguiram completar a
travessia porque morriam ainda nos navios devido às más condições de higiene
que permitiam a proliferação de doenças ou aos castigos aplicados para inibir
revoltas. Os portos que mais recebiam negros estavam localizados no Rio de
Janeiro, em Salvador (BA) e Recife. Na Inglaterra, destacam-se Liverpool,
Londres e Bristol. Na França, Nantes era um importante local de venda de
escravizados. Juntos, esses portos receberam 71% dos escravos. O Brasil
foi responsável por 40% do comércio de negros. Dos cerca de 12,5 milhões de
explorados, 5,8 milhões desembarcaram no país.
A
escravidão era presente nas sociedades africanas, representando dominação e poder
do mais forte sobre o fraco. Portanto, o domínio europeu também foi favorecido
pelos africanos que vendiam seus inimigos para os colonizadores em troca de
valiosos objetos. A proibição do tráfico começou na Europa. Em 1807, foi
considerado ilegal por ingleses e pelo governo dos Estados Unidos. A Inglaterra
passou a coibir diretamente a partir de 1810, empregando 10% da esquadra
marítima na interceptação de navios negreiros. Por sua vez, o governo brasileiro
só agiu em 1850, com a Lei Eusébio de Queirós, mas somente em 1888 aboliu a
escravidão.
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