janeiro 18, 2025

............................ Os DOZE MELHORES LIVROS que LI em 2024



Os ativistas de extrema esquerda
querem substituir os direitos individuais
por direitos baseados em identidade 
de grupo, pôr em prática um modelo
de redistribuição de riqueza baseado 
em raça, e censurar a liberdade de expressão
com base em um novo cálculo político e racial.
CHRISTOPHER F. RUFO
Revolução Cultural Silenciosa:
Como a Esquerda Radical Assumiu
o Controle de Todas as Instituições (2023)
 
 
A literatura é um universo cuja criatividade pode ser exercida de maneira inusitada. Desde a narrativa mais linear até as experimentações mais inusitadas, não há limites e fronteiras que um bom escritor não seja capaz de praticar com maestria. Para quem está do outro lado da escrita, o leitor, a literatura alivia o cotidiano e ensina aos espíritos inquietos. Já não leio tanto como na juventude, falta tempo, mas seria difícil viver sem um livro. Leio nos dias de hoje cerca de três livros mensalmente, geralmente um ou dois capítulos a cada noite. Comentarei aqui minhas LEITURAS PREFERIDAS em 2024. São títulos de diferentes gêneros, e não necessariamente publicados neste ano, reunidos para compor um painel variado, inspirar próximas leituras e novos leitores. Veja a seguir o que li de melhor e mais instigante ao longo do ano passado e de 43 livros.
 
por ordem alfabética
 
01
A BEM-AMADA: AIMÉE de HEEREN,
a ÚLTIMA DAMA do BRASIL
(2024)

de DELMO MOREIRA
(1954. Esteio / Rio Grande do Sul)

 

Vivendo entre o Brasil, os EUA e a Europa, a biografada teve sua história entrelaçada com as transformações sociais, políticas e culturais decisivas do século XX. Amiga de reis, princesas, viscondes e outros integrantes da altíssima sociedade, exerceu um papel relevante nas artes e na moda, além de ter estampado as colunas sociais do país tanto pelo seu inegável glamour quanto pelo relacionamento extraconjugal com Getúlio Vargas. Sua trajetória é contada com rigorosa pesquisa e a prosa leve de um jornalista competente.
 
02
O CAVALEIRO de BRONZE:
e OUTROS CONTOS em VERSOS
(MeдньІй Всадик, 1833)
 
de ALEKSANDR PÚCHKIN
(1799 – 1837. Moscou / Rússia)

 

Cultuado na Rússia, o autor construía híbridos entre narrativa e poesia, resultando em amplitude temática e densidade estilística. Nesse livro, que compila cinco textos escritos entre os 21 e os 34 anos de Púchkin, contemplamos uma São Petersburgo onírica, onde estátuas ganham vida, e fábula e realidade se mesclam em imagens fortes e precisas. O escritor sempre se interessou por historietas ouvidas em conversas com populares, anotando expressões coloquiais, que depois transmutaria em poesia de sofisticação elogiada.
 
03
Em ALGUMA PARTE ALGUMA
(2010)

de FERREIRA GULLAR
(1930 – 2016. São Luís / Maranhão)

 

Último livro de Gullar publicado em vida. Um dos poetas mais admirados do século XX, o autor de “Poema Sujo” numa amálgama que funde passado, presente e futuro, evoca as lembranças de São Luís do Maranhão, observa a vista da janela de seu apartamento em Copacabana e medita sobre o brilho de galáxias distantes e a iminência da morte. O livro é uma celebração à vida e é também uma reflexão da finitude. Se os versos descrevem o cheiro das bananas na fruteira, eles atestam, ao mesmo tempo, a implacável chegada do bolor.
 
04
Os INVASORES
(1965)

de DINAH SILVEIRA de QUEIROZ
(1911 – 1982. São Paulo / SP)

 

Aborda um dos momentos mais tensos da história da então São Sebastião do Rio de Janeiro: a invasão francesa chefiada pelo corsário Jean-François Duclerc, em 1710. Aos primeiros sinais de que os invasores se aproximavam, um grupo de mulheres se reúne num armazém à beira-mar, e ali se prepara contra a violenta empreitada dos piratas. É por meio das ações delas que a trama se desenvolve. O romance nos transporta para um Rio setecentista que nos surge vivo, em mais uma primorosa reconstituição histórica da escritora.
 
05
JAZZ
(Idem, 1992)

de TONI MORRISON
(1931 – 2019. Lorain, Ohio / EUA)

 

A escritora norte-americana conta a história de um crime passional, no bairro negro do Harlem (Nova Iorque), e vai se desenrolando à maneira de uma peça musical de jazz. Com uma narrativa pulsante, cheia de improvisos, desafia o leitor a um mergulho nas sensações evocadas pelo ritmo sincopado, pelos fluxos de consciência, pela pontuação e narração propositalmente irregulares... enfim, pelo espírito rebelde da música nascida em Nova Orleans. É fácil se perder neste romance, mas, se encontrando, o leitor estará diante de um tesouro literário.
 
06
O LIVRO das MARAVILHAS
(The Book of Wonder, 1912)

de LORD DUNSANY
(1878 – 1957. Londres / Reino Unido)

 

Nesta coletânea de contos curtos, o autor evoca criaturas, lugares e situações que supostamente não poderiam existir em nossa realidade, mas que de alguma forma soam verdadeiros e possíveis. Influência para autores importantes ― como J.R.R. Tolkien, H.P. Lovecraft e Jorge Luis Borges ―, mergulha na literatura de fantasia, um lugar mágico habitado por criaturas fantásticas onde a física, a natureza, a moral e o próprio tempo são regidos por leis próprias de um mundo imaginário, ou talvez a uma idade mítica ignorada pela História.
 
07
O CHARCO do DIABO
(La Mare au Diable, 1846)

de GEORGE SAND
(1804 – 1876. Paris / França)

 

George Sand foi uma das mulheres mais destacadas do século XIX no cenário literário. Retratando o território rural com um olhar aguçado, esse seu romance campestre foi publicado no formato de folhetim e representa um ponto alto na carreira da irreverente escritora. Nele, um elogio do campo, longe do caos parisiense, entra em contraste com as agruras que os camponeses viviam durante uma época de transformações sociais severas. Triunfa uma defesa encantadora da preservação da natureza e seus mistérios.
 
08
A PAREDE
(Die Wand, 1963)

de MARLEN HAUSHOFER
(1920 – 1970. Frauenstein / Áustria)
 

Ao acordar no chalé de caça onde estava hospedada nos Alpes austríacos, a narradora descobre-se cercada por uma barreira invisível e intransponível. Sem acesso à civilização, aprende a sobreviver em completa solidão, acompanhada apenas por um cachorro, uma vaca e uma gata. No seu isolamento, põe-se a escrever um relato no qual narra o abandono de sua identidade social, e forma uma comunidade em conexão com a natureza. Clássico que desafia a ideia de progresso e medita sobre o tempo, o corpo e o sentido da vida.
 
09
REVOLUÇÃO CULTURAL SILENCIOSA: COMO a ESQUERDA RADICAL 
ASSUMIU o CONTROLE de TODAS as INSTITUIÇÕES
(America's Cultural Revolution: How the Radical Left Conquered Everything, 2023)

de CHRISTOPHER F. RUFO
(1984. Sacramento, Califórnia / EUA)

 

Ignorado pela mídia militante, faz uma investigação detalhada das estratégias de infiltração e ocupação, por intelectuais e militantes de esquerda, do ambiente acadêmico e outras instituições. Recapitulando as trajetórias de Herbert Marcuse, Angela Davis, Paulo Freire e Derrick Bell, demonstra como o marxismo se fundiu com ideologias identitárias, com o propósito de destruir a sociedade a partir de dentro, corroendo valores em nome de ideias abstratas, como justiça social. Também analisa os sinais de uma contrarrevolução que se anuncia.
 
10
SEMPRE REPÓRTER – TEXTOS da REVISTA “THE NEW YORKER”
(Reporting Always: Writings from the New Yorker, 2015)

de LILLIAN ROSS
(1918 – 2017. Syracuse, Nova Iorque / EUA)

 

Uma das jornalistas mais admiradas no mundo, precursora do jornalismo literário, inovou a forma de fazer reportagens, com seu jeito único de descrever o que viu e ouviu. Este foi o último livro que publicou em vida, no qual reuniu 32 daquelas que considerou suas melhores reportagens. Confeccionado com seu estilo inimitável, a obra é dividida em quatro partes: Atores, Escritores, Jovens, Novaiorquinos e Figurões, e retrata uma série de criaturas. A sensação que se tem é de que nada escapa do olhar da repórter, resultando em uma escrita afiada.

11
STÁLIN: NOVA BIOGRAFIA de um DITADOR
(Сталин. Жизнь одного вождя, 2015)

de OLEG KHLEVNIUK
(1959. Veneza / Ucrânia)

 

Poucas obras são tão urgentes para nos lembrar do terror da ditadura soviética como essa biografia. Ela nos mostra novos documentos, liberados somente após a queda da União Soviética, mostrando a desumanidade do ditador com ainda mais detalhes mórbidos que surpreenderão mesmo aqueles já acostumados com o tema: o ataque brutal ao campesinato, os expurgos e campos de trabalho escravo, além do infame pacto com Hitler. É uma leitura indispensável em tempos em que o totalitarismo parece estar ganhando força na esquerda festiva.
 
12
SUSAN SONTAG: a ENTREVISTA COMPLETA
para a REVISTA ROLLING STONE
(Susan Sontag: The Complete Rolling Stone Interview, 2013)

de JONATHAN COTT
(1942. Nova Iorque / EUA)

 

Um documento privilegiado para conhecer o pensamento da escritora e ensaísta norte-americana Susan Sontag (1933 – 2004) e também parte de sua biografia. Na época da entrevista apenas um terço do material registrado em cerca de doze horas de conversa, chegou às páginas da revista “Rolling Stone”. A integralidade publicada apresenta um resumo das ideias e visões de uma das mais influentes intelectuais do século XX. Ela aborda filosofia, política, fotografia, literatura, além de perspectivas inéditas sobre a sua vida pessoal.
 
gustave coubert