A literatura erótica conta histórias variadas nos mais diferentes estilos. Recheados de trechos de sexo ardente e personagens sedutores e misteriosos, um dos seus primeiros clássicos é o “Kama Sutra / Kamasutram” (séc. IV), de Mallanâga Vâtsyâyana, que consegue se manter extremamente atual e atraente até os dias de hoje. Ele traz técnicas sexuais indianas e sugestões de posições variadas que almejam alcançar o máximo do prazer, envolvendo os cinco sentidos do corpo: visão, audição, tato, paladar e olfato. Ainda assim, a obra não é apenas um guia sexual e sim um manual sobre o amor e as relações humanas, tratando o sexo como uma experiência superior entre duas pessoas que se amam. Sabemos também que nem sempre as informações sobre sexo foram tão acessíveis. Ainda hoje, o assunto é cercado de mitos e tabus, mas a situação já foi bem pior. A forma como entendemos a sexualidade hoje em dia começou a se desenvolver há pouco mais de um século, a partir dos estudos do psicanalista austríaco Sigmund Freud. Hoje, e cada vez mais, sexo é um tema em voga. Dando conteúdo ao tema, resgatamos escritores e poetas que trataram o sexo de forma picante e humana.
ADELAIDE CARRARO
Uma das mais populares autoras do Brasil nas décadas
de 1960/70, seu nome é sinônimo de erotismo. Seu explosivo romance “Eu
e o Governador” (1967), que fala de um apimentado affair da autora
com Jânio Quadros, vendeu em três dias 20.000 exemplares, estando
agora na 14ª edição.
ANAIS NIN
(1903 – 1977. Neuilly-sur-Seine, Nanterre / França)
(1903 – 1977. Neuilly-sur-Seine, Nanterre / França)
Famosa por publicar diários com conteúdo erótico, tendo a libertação sexual como meta, numa linguagem poética. O conhecido “Delta
de Vênus / Delta of Venus” (1978), encomendado por
um leitor anônimo, traz treze contos, tambientados na Europa dos anos
1940, com histórias de mulheres descobrindo a própria sexualidade com
desconhecidos, triângulos amorosos e orgias, dando vazão à paixão e anseios sexuais.
BOCAGE
(1765 – 1805. Setúbal / Portugal)
Um dos maiores sonetistas líricos da literatura portuguesa,
escreveu idílios, odes, canções,
epístolas e fábulas. Acusado de satirizar o clero e a nobreza, foi processado e
preso pela inquisição. Deixou fama de poeta satírico e, com o tempo, passou
a ser sinônimo de contador de histórias picantes e obscenas.
CASSANDRA RIOS
(1932 - 2002. São Paulo / Brasil)
Lésbica, escritora de livros taxados como
pornográficos, autora de best-sellers, a maneira mais fácil de silenciá-la
encontrada pelos militares foi censurando e proibindo a circulação de seus
escritos. Tornou-se em 1970 a primeira escritora brasileira a atingir a marca
de 1 milhão de exemplares vendidos. Entre suas obras lésbico-eróticas estão “Marcella” (1975), “Ariella”
(1980) e “Tessa, a Gata” (1982).
CHARLES BUKOWSKI
(1920 – 1994. Andernach / Alemanha)
Poeta, contista e romancista, nasceu na Alemanha, mudando-se
para os Estados Unidos aos três anos. Começou a escrever poesias aos 15 anos,
mas seu primeiro livro foi publicado somente 20 anos depois, em 1955. Dotado de
um humor ferino, sua obra é marcadamente autobiográfica. O estilo obsceno e
coloquial e uma aparente forma descuidada com a escrita com temas recorrentes - como prostitutas, alcoolismo, corridas de cavalos, experiências escatológicas -, dividiu a crítica. Seu alter ego, Henry Chinaski, vive aventuras sexuais.
CHARLES SWINBURNE
(1837 - 1909. Londres / Inglaterra)
Poeta, dramaturgo, romancista e crítico da época
vitoriana, conhecido pela controvérsia gerada no seu tempo pelos seus temas
sadomasoquistas, lésbicos, fúnebres e anti-religiosos. Seu livro mais famoso, “Flossie, a Vênus de Quinze Anos
/ Flossie”, de 1897 , aborda em detalhes a prática da felação e suas
inúmeras variações, a dois e a três, além de conter cenas de sexo descritas com
o apelo visual e sensorial. Extrapolando a rígida moral inglesa, impressiona
não apenas por sua carga sensual, mas também pela espirituosidade e bom humor.
CHODERLOS de LACLOS
(1741 – 1803. Amiens / França)
Passou para a
história da literatura universal como o autor de “As Ligações Perigosas / Les Liaisons Dangereuses” (1782). Soldado do exército
francês, veio a obter reconhecimento como escritor com esse romance, uma das
obras-primas do realismo. O principal objetivo
do livro foi mostrar a libertinagem da decadente aristocracia francesa no final
do século XVIII. Este
despropósito moral é, de certa forma, atenuado pelo brilhantismo com que a obra
é redigida. Ao invés de se horrorizar com a depravação dos personagens Valmont e a marquesa de Merteuil, o leitor acaba fascinado
pela precisão que marca cada etapa da intriga.
CRÉBILLON FILS
(1707 – 1777. Paris / França)
Cedo começou a frequentar a sociedade parisiense e
não demorou a pintar tais ambientes em seus textos libertinos, nos quais tecia
análises psicológicas e
retratava costumes. “O Sofá / Le Sopha”, publicado
em 1742, tem como narrador um sofá animado por um espírito reencarnado em
objeto. Ele acaba testemunhando todos os tipos de aventuras sexuais e situações
consideradas amorais para a época (como a infidelidade). O tal narrador-sofá diz
que só encontraria a paz eterna quando acomodasse um casal verdadeiramente
apaixonado, o que supostamente justifica toda a libertinagem do sexo. Embora o
livro tenha sido publicado anônima e clandestinamente, o autor foi descoberto e aprisionado durante alguns anos na Bastilha.
D. H. LAWRENCE
(1885 – 1930. Eastwood / Inglaterra)
Poeta, romancista e contista, interessado nas
paixões humanas e na sexualidade, bem como nos efeitos absurdos das convenções
sociais. Começou cedo a escrever
poemas e contos, vindo a notabilizar-se em 1913 com a publicação do romance “Filhos e Amantes / Sons
and Lovers”. Apesar da desordem da sua vida, de uma saúde débil e de uma
relação amorosa difícil, ele escreveu alguns dos clássicos
da literatura. Um deles, “O Amante de Lady Chatterley / Lady Chatterley's Lover”, chocou a sociedade. Além de
descrever cenas explícitas de sexo, foca no prazer feminino com a
história de uma mulher rica que se envolve com um homem pobre. Publicado anonimamente em Florença, em 1928, só pode ser lançado no Reino Unido em 1960.
EDWARD SELLON
(1818 – 1866. Brighton / Inglaterra)
Escritor, tradutor e ilustrador de literatura
erótica, ficou conhecido com “O
Novo Epicuro: as Delícias do Sexo / The New Epicurean” (1865). Nesse romance
epistolar, o protagonista comunica-se com suas amantes por cartas picantes que
revelam todos os detalhes de suas últimas aventuras eróticas – principalmente
aquelas que envolvem meninas virgens. Na primeira edição do livro, cerca de 500
exemplares foram apreendidos e destruídos pela “Sociedade para a Supressão do
Vício” inglesa.
GEORGES BATAILLE
(1897 – 1962. Billom / França)
Escritor que refletiu com ímpeto transgressor sobre
arte, religião, erotismo e economia. Por trás da aparência pacata escondia-se
uma personalidade perturbada pelo apetite voraz de conhecimento, sem esquecer
sua atividade secreta de pornógrafo, que gerou clássicos da ficção erótica como “História do Olho / Histoire de l'oeil” (1928), publicado sob pseudônimo. Conta as experiências sexuais desenfreadas pelas
quais passam um casal de adolescentes, envolvendo
orgias, sadomasoquismo, voyeurismo e a obsessão pelo prazer anal. Sua
escrita que se desenvolve ambiguamente entre a filosofia e a literatura.
GIOVANNI BOCCACCIO
(1313 – 1375. Paris / França)
Na juventude publicou obras que expressam o
fantástico e o bizarro da imaginação
medieval. Entre 1348 e 1353, escreveu “Decameron / Idem”, seu livro mais
importante. Tendo como cenário uma Itália devastada pela peste negra, retrata o
amor e as relações humanas do ponto de vista carnal. Nas cem histórias que
compõem o clássico, o autor aborda infidelidade, sexo e luxúria
totalmente despidos da aura divina que até então pautava a Idade Média. Este
livro foi proibido em muitos países. Mesmo cinco séculos após sua publicação, cópias
foram apreendidas e destruídas pelas autoridades dos Estados Unidos e do Reino
Unido.
GREGÓRIO de MATOS
(1636 – 1696. Salvador, Bahia / Brasil)
Com seu espírito crítico, satirizava políticos,
comerciantes, clero, colonizadores e até mesmo o povo. Para isso, usava palavrões
e um vocabulário muitas vezes pesado em suas obras. Escreveu poesia lírica-amorosa,
satírica e religiosa. Suas poesias satíricas possuem um ótimo material do ponto
de vista sociológico e linguístico. Nelas
narra episódios da vida comum, cotidiana e política. Conhecido como Boca do
Inferno ou Boca de Brasa, foi combatido como pornográfico e
rebelde.
HENRY FIELDING
(1707 – 1754. Sharpham / Inglaterra)
O humor e a fina ironia de seus textos, em que
satiriza o sentimentalismo e o moralismo da época, fizeram deles excelentes
obras de crítica social. Considerado o fundador da tradição realista que
predominou no romance inglês até o fim do século XIX, fez grande sucesso de público com o picante as “Aventuras
de Tom Jones / The History of Tom Jones, a Foundling” (1749), embora pouco
elogiado pela crítica. Fala de um garoto do campo que tem sua vida mudada
quando é adotado por um aristocrata. Na fase adulta, ele leva uma rotina de
farras e conquistas amorosas, que espalham sua fama de playboy.
HENRY MILLER
(1891 – 1980. Yorkville, Nova Iorque /
EUA)
Profeta da sensualidade, pornógrafo, maldito,
lírico, teve uma vida carregada de polêmica e adjetivos; um homem que
cultivou a controvérsia como o combustível de uma vida longa e intensa. Tinha
69 anos quando
“Trópico de Câncer / Tropic of Cancer”, foi publicada nos
Estados Unidos, quase trinta anos depois de ter sido escrito (em 1934). Considerado
um dos clássicos da literatura erótica, além de falar sem papas nas línguas
sobre sexo, ele aborda pobreza e solidão. Depois desse livro, da
noite para o dia, viu-se transformado em respeitável decano da
literatura norte-americana. A vida
amorosa de Miller também foi marcada pela polêmica. Casado com June, manteve um
triângulo amoroso com sua esposa e a escritora Anaïs Nin.
HILDA HILST
(1930 – 2004. Jaú, São Paulo / Brasil)
Poeta, ficcionista, dramaturga e cronista. Embora
contando com o reconhecimento da crítica literária, a autora, dizendo buscar o
interesse dos leitores, anunciou, na década de 1990, o abandono da literatura “séria”, publicando os
eróticos “O Caderno Rosa de Lori Lamby” (1990), “Cartas de um Sedutor” (1991), “Contos
d'Escárnio. Textos Grotescos” (1992) e os poemas “Bufólicas” (1992). O primeiro,
em formato de diário, narra as descobertas sexuais de Lori, uma garota
de oito anos que vende seu corpo por incentivo dos pais e sente prazer na
prostituição. O livro é polêmico por abordar a pedofilia e colocar em cheque a
moralidade dos leitores, além de fazer uma crítica ao mercado editorial e sua
avidez por best-sellers
pornográficos.
JOAO UBALDO RIBEIRO
(1941 – 2014. Itaparica, Bahia / Brasil)
A formação literária do escritor iniciou-se nos primeiros
anos de estudante. Trabalhando na imprensa, pôde também escrever livros de
ficção e construir uma carreira que o consagrou como romancista, cronista, jornalista e tradutor. Seu “A
Casa dos Budas Ditosos” (1999) é celebrado como um clássico erótico moderno. Nele, uma mulher de
68 anos relata suas experiências sexuais ao longo da vida, com detalhes
explícitos. Escrito em tom confessional, o relato é marcado por uma linguagem
deliciosamente excitante e obscena.
JOHN CLELAND
(1709 – 1789. Kingston upon Thames /
Inglaterra)
Preso por dívidas
durante mais de um ano, escreveu na prisão “Fanny Hill ou Memórias de
uma Mulher de Prazer / Fanny Hill” (1748), um dos primeiros romances modernos
da literatura erótica. Conta a história de uma jovem que se torna uma requisitada cortesã. Ao longo das páginas, narra
as aventuras sexuais da protagonista, o que desagradou à patrulha religiosa da
época. Após o lançamento, o escritor, os editores e impressores foram presos,
acusados de obscenidade. Nos EUA, foi banido até 1966. Cleland
escreveu mais dois romances e alguns contos, morrendo empobrecido e desconhecido.
JORGE AMADO
(1912 – 2001. Itabuna, Bahia / Brasil)
Literatura de crítica às injustiças sociais com personagens cheios de sensualidade. Um dos maiores da nossa
literatura, teve sua obra publicada em mais de cinquenta países e adaptada
para o rádio, cinema, televisão
e teatro. Entre seus sucessos, “Gabriela, Cravo e Canela” (1958) e “Dona Flor e
seus Dois Maridos” (1966).
LEOPOLD VON SACHER-MASOCH
(1836 – 1895. Lviv / Ucrânia)
Escritor e jornalista cujo nome derivou a criação do
termo masoquismo. O seu conhecido
romance “A Vênus de Peles / Venus in Furs” (1870) conta a paixão entre
Severin e Wanda. Ela escraviza sexualmente seu
parceiro e o submete a inúmeras torturas, gerando prazer na dor e na humilhação.
MARGUERITE DURAS
(1914 – 1996. Saigon / Vietnã)
Autora fértil, com uma obra
literária vasta, firmou-se com um estilo de beleza inconfundível,
num tom duro e denso, por vezes até inacessível, mas sempre numa expressão genuína e humana das paixões e misérias da vida. Os
seus romances estão repletos de descrições belíssimas da paisagem oriental, não sem deixarem reconhecer uma
intensidade angustiada, oriunda de uma constante luta da autora
com as questões do amor e da
morte. O sensual “O Amante / L'Amant” (1984), um dos seus
livros mais famosos, narra um episódio da sua adolescência: a iniciação
sexual, aos 15 anos e meio, com um chinês rico de Saigon.
MARQUES de SADE
(1740 – 1814. Paris / França)
Escritor prolífico e aristocrata controverso para os
padrões sociais vigentes na época em que viveu, escreveu diversos livros enquanto esteve preso na Bastilha. Para se ter uma ideia de sua
importância, seu nome deu origem ao termo sadismo, definido como perversão
daquele que procura aumentar a intensidade do prazer sexual produzindo
sofrimento em outros. As suas duas principais personagens foram Justine e Juliette.
A primeira é uma mulher ingênua que defende o que considera ser bom, mas acaba
sempre no meio de depravações e crimes. Já Juliette, sua irmã, é o mal em si. É
abjeta, mata sua melhor amiga empurrando-a na boca de um vulcão e obriga o Papa
Pio VI a discursar a favor do crime como chantagem para poder possuí-la. Os livros de Sade causam repulsa e encanto desde o século
XVIII. Aos 74 anos, após publicar diversas obras, morre no hospício, amado por
duas mulheres com as quais planejava produzir peças teatrais pornográficas.
NELSON RODRIGUES
(1912 – 1980. Recife, Pernambuco / Brasil)
Escritor, jornalista e dramaturgo, autor de peças
que revolucionaram o teatro nacional,
entre elas, “Vestido de Noiva” (1943), “Senhora dos Afogados” (1947), “O Beijo
no Asfalto” (1960), “Bonitinha, Mas Ordinária” (1962) e “Toda Nudez Será
Castigada” (1965). Seu romance “Asfalto Selvagem : Engraçadinha, seus Pecados e seus Amores” (1959) tem
muito mais do que cenas picantes. Mostra um cenário disfuncional baseado nas escapadas sexuais dos membros de uma família de classe
média alta carioca. Mais do que proporcionar alguns momentos de sexo
explícito, o livro vai além e traz para o debate a relação que a sociedade tem
com o ato sexual em si.
PETRONIUS ARBITER
(27 d.C. – 66 d. C. Marselha / França)
Mestre na prosa da literatura latina, satirista
notável, nasceu numa família aristocrática, mostrando toda sua competência
política ao ocupar os cargos de governador e depois o de cônsul da Bitínia, na
atual Turquia. Ocupou o cargo de conselheiro de Nero, sendo nomeado arbiter
elegantiae (árbitro da elegância), em 63. Dois anos mais tarde, acusado de
participar na conspiração contra o imperador e caindo em desfavor, acabou com
sua estranha vida, uma mistura de atividade e de libertinagem, no ano de 66
d.C., cometendo um lento suicídio, abrindo as veias, enquanto discursava. Sua única obra remanescente, “Satiricon / Idem” (60 d.C), parodia os romances
gregos que estavam na moda. Em vez de heróis em extraordinárias aventuras, temos
os feitos eróticos de três jovens patifes. O estilo varia entre uma retórica
pretensiosa e uma gíria das mais vulgares. Humorado e realista, é uma das mais
notáveis obras da história da literatura.
PIERRE LOUŸS
(1870 – 1925. Gante / Bélgica)
Poeta e escritor conhecido por temática lésbico. Escreveu poemas em prosa eróticos
com requinte. “Canções de
Bilitis / Les Chansons de Bilitis”
(1891) causou furou e, para fugir da censura, declarou por muito
tempo que apenas traduzira os poemas de
uma antiga cortesã grega, contemporânea de Sappho.
PIETRO ARETINO
(1492 – 1556. Arezzo / Itália)
Escritor, poeta e dramaturgo famoso por suas
violentas críticas aos grandes da época, aos artistas e aos religiosos, ele
granjeou inimigos que chegaram a ameaçá-lo de morte. De família humilde, não
teve formação clássica e, mesmo depois de enriquecido pelas chantagens contra
os poderosos, que temiam a agressividade de seus escritos, fez questão de
permanecer avesso às convenções classicista, ao moralismo e a todos os mitos
que sustentavam as concepções literárias de sua época. Ficou famoso através dos
tempos por seus escritos eróticos, sobretudo os “Sonetos Luxuriosos / Sonetti Lussoriosi”. Escrito por volta de 1524, o livro despudoradamente
sensual reúne poemas que descrevem o universo do desejo e do prazer.
REINALDO ARENAS
(1943 – 1990. Oriente / Cuba)
Homossexual, integrou o movimento revolucionário
de Fidel Castro, tornou-se dissidente, escritor, foi preso, torturado e
exilado. No fim da década de 1980, já morando nos Estados Unidos, descobriu que
estava com AIDS, terminando por
suicidar-se. Pouco antes finalizou “Antes que Anoiteça / Antes que Anochezca” (1992), auto-biografia dividida em
69 curtos, picantes e intensos capítulos.
RESTIF de la BRETONNE
(1734 – 1806. Sacy / França)
Tipógrafo na juventude e mais tarde novelista, nenhum dos aspectos da sociedade francesa do
século XVIII lhe escapou. Um reformista social moralista, foi autor de uma obra erótica que lhe valeu o título de “Rousseau de
sarjeta”. Sua imaginação extraordinária, porém, mistura fato e ficção na maioria de seus livros, como em “Anti-Justine
ou As Delícias do Amor / Anti-Justine” (1798). A obra é uma resposta ao
clássico “Justine ou Os Infortúnios da Virtude / Justine” (1787), escrito pelo
Marquês de Sade. Em
“Anti-Justine”, a temática é outra: os personagens buscam apenas o prazer, sem
qualquer inclinação para o sadismo. O incesto também pauta a história: revela as primeiras experiências sexuais junto às irmãs e a perda da
virgindade com a própria mãe. Por ser polêmico para a época em que
foi escrito, em 1798, o livro só foi publicado em 1863.
ROBERTO PIVA
(1937 – 2010. Sao Paulo, SP / Brasil)
Poeta polemico, marginalizado durante muito tempo pela crítica
brasileira, conhecido pela postura rebelde, poesia surrealista
e erotismo homossexual. Erudito, estudioso da fauna e da flora do Brasil, publicou
“Paranoia” (1936), “20 Poemas
com Brócoli” (1981) e “Ciclones” (1997), entre outros.
VLADIMIR NABOKOV
(1899 – 1977. São Petersburgo / Rússia)
Nascido numa família da antiga aristocracia russa,
mudou-se em 1919 para a Inglaterra. Em 1926, após publicar poemas e contos, lança seu primeiro romance, “Machenka
/ Idem”. Depois de uma estadia em Paris, fugindo dos nazistas, chega
em 1940 aos Estados Unidos, onde se dedica ao ensino de literatura russa. Seu “Lolita
/ Idem” (1955) é considerado por muita gente o melhor romance do Século
XX. É uma grande construção de tensão
sexual da literatura. São mais de cem páginas em que Nabokov faz com que o
protagonista conduza o leitor no desejo pela sua musa-ninfa. E, na hora de
pintar a cena em que o ato se consuma, faz isso com toda a sutileza que pode
haver, com todos os não ditos e as elipses possíveis.
YASUNARI KAWABATA
(1899 – 1972. Osaka / Japão)
O seu primeiro romance,
“O País das Neves / Yukiguni” (1935), relata o amor entre um
homem de Tóquio e uma gueixa de uma povoação remota. Esta obra-prima colocou
Kawabata imediatamente na posição de um dos escritores japoneses mais
importantes. Outro livro seu extremamente sensual é “A Casa das Belas Adormecidas / Nemurero Bijo” (1961). Ao receber o
Nobel de Literatura de 1968, em seu discurso condenou o suicídio. Em 1972, porém, em meio a um surto
depressivo, suicidou-se.
17 comentários:
Hilda e uma poesia sempre, uma delicadeza lingüística, estilhaçamento de palavras e de Eu... o sexo aparece como um viés para se chegar no mais humano possível.
Blog bom esse seu, adoro!
Ubaldo era 10
LINDAÇO AMIGÃO Antonio Nahud. !!!!!
Dalton Trevisan é outro também.
Obrigado !
O tema SEXO é fascinante sempre foi e foi o sonho de muita donzela atraves dos tempos,porem este sexo ultrajante que esfregam na nossa cara hoje de maneira tão comercial me faz perder o tesão.....doloroso.E olha que não sou nem uma puritana religiosa.
Está presente desde as mais antigas mitologias, Nahud, e mais: desde adão e Eva (para usarmos exemplo da nossa mitologia...). Um abraço, Ruy
Me amarro nas histórias do velho Buk..o velho safado
Amigo, seu artigo chegou na hora certa. Tenho feito leituras e estudos para realizar obras mais ousadas e adultas, e ao ver todo esse histórico de escritores que desafiaram suas barreiras me senti muito mais motivado. Obrigado, Antonio Nahud.
Devorei a matéria. Muito boa fonte de pesquisa p os próximos capitulos do meu livro. terei q caprichar nas cenas picantes
sensacional. gostei de ver o bataille e piva sendo lembrados e senti falta do reinaldão moraes, ele que nunca teve pudores ao falar de sexo. de todo modo, muito bom!
Uma época devorei todos os livros de Bukowski que encontrei na biblioteca. Grandes textos de quem fez da vida uma jornada solitária.
Cenizas y diamantes! Literatura Polaca y una gran pelicula de un gran director de cine polaco!! Wajda A. Y Jerzy A.
Parabéns! Blog Brilhante.
Obrigada por me convidar! blog lindo!!!
ADOREI UM LIVRO CHAMADO : " PRINCESA DO DESEJO " , DE ANDREW PHILIP COLLINS. É UMA LEITURA MUITO EXCITANTE. SUPER-RECOMENDO.
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