APONTAMENTOS da CONSCIÊNCIA NEGRA LITERÁRIA
Ilustrações:
ADEL RODRIGUEZ
ALICE WALKER
(1944. Condado de Putnam, Geórgia, EUA)
Principais Livros: “De Amor de Desespero / In Love and Trouble: Stories of Black Women” (1973) e “A Cor Púrpura / The Color Purple” (1982).
Prêmio Pulitzer e National Book Award por “A Cor Púrpura”.
Prêmio Pulitzer e National Book Award por “A Cor Púrpura”.
Iniciou
sua carreira de escritora com um volume de poesias, e alcançou fama mundial com
“A Cor Púrpura”, que deu origem ao famoso filme dirigido por Steven Spielberg.
Na obra, a personagem escreve cartas a Deus e à irmã desaparecida, mostrando
representações de uma mulher negra sulista quase analfabeta, que vive em uma
realidade dura de pobreza, opressão e desamor. A autora escreveu também “De Amor
de Desespero”, uma obra composta pelas vozes de várias mulheres negras do sul
dos Estados Unidos. O livro é uma coletânea de vários contos, nos quais
conhecemos mulheres diferentes com seus temores, desafios e sonhos. Walker sempre
foi uma ativista pelos direitos dos negros e das mulheres, destacando-se na
luta contra o apartheid e contra a mutilação genital feminina em países
africanos. Em 1984, fundou sua própria editora, a Wild Trees Press. Na década
de 1990, manteve um relacionamento amoroso com a cantora Tracy Chapman.
AUDRE LORDE
(1934 - 1992. Nova York, EUA)
Principais Livros: “The Black Union” (1978) e “The Cancer Journals” (1980).
De
uma família de imigrantes do Caribe, começou a publicar na década de 1960, na
revista de Langston Hughes, New Negro Poets. Neste período, engajou-se nos
movimentos Feminista, Anti-Guerra e dos Direitos Civis. Entre 1984 e 1992, ano
de sua morte, a poeta viveu e trabalhou em Berlim, Alemanha, período sobre o
qual a diretora Dagmar Schultz lançou, em 2012, o documentário “Audre Lorde: The Berlin Years (1984 -
1992)”.
AUTA DE SOUZA
(1876 – 1901. Macaíba, Rio Grande do Norte)
Principais
Livros: “Horto” (1900).
Escreveu
um único volume de poemas, pouco antes de sua morte, com prefácio de Olavo
Bilac. A primeira edição esgotou-se em dois meses, ocorrendo fato análogo com a
segunda edição, em 1911. Sua produção poética antes de se chamar “Horto”, tinha
o nome de “Dálias”. O livro é impregnado do sentimento cristão que sempre a
inspirou.
BEN OKRI
(1959. Minna, Nigéria)
Principais
Livros: “Flores e Sombras / Flowers and Shadows” (1980) e “A Estrada Faminta / The
Famished Road” (1991).
Booker
Prize de 1991;
Prêmio
Escritores da Commonwealth para a África;
Prêmio
Aga Khan de Ficção;
Prêmio
Crystal do Fórum Econômico Mundial;
Prêmio
Man Booker.
Um
dos mais importantes escritores nigerianos, dedicando-se principalmente aos gêneros
poesia e romance. Passou a infância em Londres, retornando à Nigéria, com a
família, em 1968. Tem sido descrito como escritor do realismo mágico, embora
não goste dessa classificação. Afirma-se que suas experiências na guerra civil
da Nigéria inspiraram muitas de suas obras. O autor escreve tanto sobre o mundo
quando sobre o metafísico, o individual e o coletivo, conduzindo o leitor a um
universo de descrições vívidas.
CAROLINA MARIA DE JESUS
(1914 – 1977. Minas Gerais)
Principais
Livros: “Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada” (1960) e “Pedaços de Fome”
(1963).
“Todos
têm um ideal. O meu é gostar de ler”. Nestas palavras, resumiu sua trajetória e
propósito de vida. Semi-analfabeta, negra e moradora da favela do Canindé, Zona
Norte de São Paulo (SP), tornou-se escritora reconhecida dentro e fora do
Brasil. Com uma literatura viva e pulsante, pauta as complexidades e
contradições da sua realidade.
CHESTER HIMES
(1909 - 1984. Jefferson City, Missouri, EUA)
(1909 - 1984. Jefferson City, Missouri, EUA)
Principais
Livros: “Um Jeito
Tranquilo de Matar / The Real Cool Killers” (1959) e “O Harlem é Escuro / Blind
Man with a Pistol” (1969).
Conhecido,
sobretudo, pelas suas novelas policiais, produziu obras de outros gêneros literários.
Todas têm em comum o tratamento do problema racial nos Estados Unidos da
América. A série mais popular de Himes apresenta os detetives Coffin Ed Johnson
(Ed Caixão) e Gravedigger Jones (Jones Coveiro), da polícia de Nova Iorque, que
prestam serviço em Harlem.
CHINUA ACHEBE
(1930 – 2013. Ogidi, Nigéria)
Principais
Livros: “O Mundo se Despedaça / Things Fall Apart” (1958) e “There was a
Country: a Pessoal History of Biafra” (2012).
Prêmio
Man Booker 2007.
Um
dos mais respeitados escritores africanos da atualidade. Atuou na diplomacia
durante os conflitos entre o governo da Nigéria e o povo ibo, no final da
década de 1960. Em 2002, agraciado com o Prêmio da Paz oferecido pela Feira de
Frankfurt, na Alemanha.
COLSON WHITEHEAD
(1969. Nova Iorque, EUA)
(1969. Nova Iorque, EUA)
Principais Livros: “The Intuitionist” (1999) e “The
Colossus of New York” (2003).
Whiting Writers' Award;
Premio
Dos Passos 2012.
Autor
de livros aclamados, formou-se em Harvard, trabalhou como jornalista em
publicações como Newsday e The Village Voice, assumindo nesta última a seção de
crítica de televisão. Atualmente mora no Brooklyn.
CRUZ E SOUZA
(1861 – 1898. Florianópolis, Santa Catarina)
Principais
Livros: “Broquéis” (1893) e “Missal” (1893).
Reconhecido
poeta brasileiro. Um dos percursores do simbolismo no Brasil. Conhecido como “Dante
Negro” e “Cisne Negro”.
ELISA LUCINDA
(1958. Cariacica, Espírito Santo)
Principais
Livros: “O Semelhante” (1995) e “A Fúria da Beleza” (2006).
Poeta,
jornalista e atriz. Trabalhou em algumas peças, como “Rosa, um Musical
Brasileiro” e “Bukowski, Bicho Solto no Mundo”. “O Semelhante”, onde a poeta se
apresenta declamando seus versos e conversando com a plateia, teve temporadas
de sucesso em várias capitais. No mesmo formato apresentou “EUTEAMO Semelhante”,
também com excelente receptividade. Gravou Cd’s de poesias. Há quem critique a
temática por demais cotidiana da sua poesia. “A grandeza de um céu estrelado está presente no
cotidiano das pessoas; minha poesia fala do cotidiano, sim, pois para mim os
sentimentos mais profundos, alegres ou tristes, podem ser traduzidos de forma
cotidiana e simples”, ela rebate.
JAMES BALDWIN
(1924 – 1987. Nova Iorque, EUA)
Principais
Livros: “O Quarto de Giovanni / Giovanni's Room” (1956) e “Numa Terra Estranha /Another
Country” (1962).
O
primeiro escritor a dizer aos brancos o que os negros norte-americanos pensavam
e sentiam. Teve seu reconhecimento durante a luta dos direitos civis no início
da década de 1960. Tornou-se mais famoso pelos ensaios do que pelos romances e
peças teatrais, mas apesar disso queria se tornar ficcionista, considerando
seus ensaios um trabalho menor. O fabuloso “Giovanni's Room” (1956) mostra todo
o seu talento, numa narrativa pioneira de uma nova liberdade sexual. Escrevia e
estudava sobre as correspondências entre medos sexuais e raciais. Ele influenciou escritores do porte
de Truman Capote, Norman Mailer e Tom Wolfe.
LANGSTON HUGHES
(1902 - 1967. Joplin, Missouri, EUA)
(1902 - 1967. Joplin, Missouri, EUA)
Principais Livros: “The Weary Blues” (1926) e “The
Ways of White Folks” (1934).
Witter Bynner Undergraduate Poetry Prize 1926;
Anisfield-Wolf
Book Award 1954.
Poeta,
novelista, dramaturgo, contista e colunista. Um dos expoentes do movimento
cultural afro-americano dos anos 1920 chamado Renascença do Harlem.
LeROI JONES
(1934 – 2014. Newark, EUA)
Principais
Livros: “Dutchman” (1964) e “Black Magic” (1969).
Rockefeller
Foundation Award.
Poeta,
escritor, dramaturgo e crítico musical, ligado à Geração Beat e autor de
ensaios contra o racismo e o colonialismo. Vigiado pelo FBI, precursor do
hip-hop e do rap, durante os anos 1960 e 1970 ele abandonou uma visão de
integração social entre brancos e negros, após a Revolução Cubana, o
assassinato de Malcolm X e sua prisão e espancamento em 1967, passando a
defender uma revolução dos negros. Autor
de diversas obras poéticas e historiográficas, que variavam da poesia, teatro,
contos, etc., participou de diversos movimentos sociais dos afro-americanos.
LIMA BARRETO
(1881-1922. Rio de Janeiro, RJ)
Principais
Livros: “Triste Fim de Policarpo Quaresma” (1911) e “Os Bruzundangas” (1922).
O
crítico mais agudo da época da República Velha no Brasil, rompendo com o
nacionalismo ufanista e pondo a nu a roupagem da República, que manteve os
privilégios de famílias aristocráticas e dos militares. Em sua obra, de
temática social, privilegiou os pobres, os boêmios e os arruinados. Severamente
criticado por escritores contemporâneos por seu estilo despojado e coloquial,
que acabou influenciando os escritores modernistas. Fiel ao modelo do romance
realista e naturalista, resgatando as tradições cômicas, carnavalescas e
picarescas da cultura popular. Também queria que a sua literatura fosse
militante. Escrever tinha finalidade de criticar o mundo circundante para
despertar alternativas renovadoras dos costumes e de práticas que, na
sociedade, privilegiavam pessoas e grupos. Para ele, o escritor tinha uma função
social.
LINDOLFO ROCHA
Principais
Livros: “Iacina” (1907) e “Maria Dusá” (1910).
Discreto,
arredio, viveu para o estudo e ensinou as primeiras letras a meninos. Escritor
e jornalista, sua obra mais famosa, “Maria Dusá”, virou telenovela da Rede
Globo em 1978, adaptada por Manoel Carlos. Deixou inúmeras obras inéditas,
cujos manuscritos foram destruídos pelo segundo marido de sua mulher.
Considerado por alguns como folhetinesco e melodramático, tem qualidades que
não podem ser desprezadas. Ele lutou para libertar-se da retórica oitocentista
e buscar o que, até aquele princípio do século 20, poucos autores nacionais
tinham encontrado: a literatura.
LUÍS GAMA
(1830 – 1882. Salvador, Bahia)
Principal
Livro: “Primeiras Trovas Burlescas” (1859).
Rábula,
orador, jornalista e escritor. Nascido de mãe negra livre e pai branco, foi
contudo feito escravo aos 10 anos, e permaneceu analfabeto até os 17 anos de
idade. Conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na
advocacia em prol dos cativos, sendo já aos 29 anos autor consagrado e
considerado “o maior abolicionista do Brasil”. Um dos raros intelectuais negros
no Brasil escravocrata do século XIX, o único autodidata e o único a ter
passado pela experiência do cativeiro. Pautou sua vida na defesa da liberdade e
da república. Ativo opositor da monarquia, veio a morrer seis anos antes de ver
seus sonhos concretizados.
MACHADO DE ASSIS
(1839-1908. Rio de Janeiro)
Principais
Livros: “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881) e “Dom Casmurro” (1899).
Para
alguns – não é o meu caso -, o maior escritor da literatura brasileira. Escreveu
em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista,
dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, e crítico literário. Testemunhou
a mudança política no país quando a República substituiu o Império e foi um excelente
comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época. Usufruiu de alto
prestígio em vida, fato raro para um escritor na época.
MARILENE FELINTO
(1957. Recife, Pernambuco)
Principais
Livros: “As Mulheres de
Tijucopapo” (1981) e “Obsceno Abandono: Amor e Perda” (2002).
Prêmio
da União Brasileira dos Escritores (1981);
Prêmio
Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, em 1982.
Graduada
em Letras, jornalista, tradutora, romancista e cronista. Feminista, acabou
ficando mais conhecida por seus textos contundentes no jornal Folha de São
Paulo, publicados nos anos 1990, nos quais criticava as várias formas de
exclusão social, fazendo uma análise profunda e clara dos agentes e do poder
dominante nas relações sociais, ligando-a ao comportamento e aos valores das
classes médias. Traduziu obras de Edgar Alan Poe, Sam Shepard, John Fante,
Patricia Highsmith, Mariana Alcoforado e Thomas Wolfe, entre outros.
MÁRIO DE ANDRADE
(1893 – 1945. São Paulo, SP)
Principais
Livros: “Amar, Verbo Intransitivo” (1927) e “Macunaíma” (1928).
Poeta,
escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista, ensaísta. Um dos
pioneiros da poesia moderna brasileira com a publicação de “Paulicéia
Desvairada”, em 1922. Exerceu uma contundente influência na literatura brasileira,
sendo figura central do movimento de vanguarda de São Paulo por vinte anos.
MAYA ANGELOU
(1928 - 2014. St. Louis, Missouri, EUA)
(1928 - 2014. St. Louis, Missouri, EUA)
Principais Livros: “I Know Why the Caged Bird
Sings: Up to 1944” (1969) e “The Heart of a Woman: 1957–62” (1981).
Teve
uma carreira longa e distinta. Poetisa, escritora, ativista de direitos civis e
historiadora, entre outras coisas. Também foi atriz, dançarina e cantora. Atuou
na peça de Jean Genet, “The Blacks”, e no aclamado seriado “Raízes / Roots”
(1977).
OSWALDO DE CAMARGO
(1936. Bragança Paulista, SP)
Principais
Livros: “15 Poemas
Negros” (1961) e “O Carro do Êxito” (1972).
Um
dos principais conhecedores da literatura negra no Brasil. Contista, poeta,
novelista e jornalista, herdeiro de buscas culturais da negritude brasileira. Estreou
em 1959, com o livro de poemas “O Homem Tenta Ser Anjo”. Em 1987, teve editado “O
Negro Escrito - Apontamentos da Presença do Negro na Literatura Brasileira”.
PAULO LINS
(1958. Rio de Janeiro, RJ)
Principais
Livros: “Cidade de Deus” (1997) e “Desde que o Samba é Samba” (2012).
Morador
da favela carioca Cidade de Deus, começou como poeta nos anos 1980 como
integrante do grupo Cooperativa de Poetas, por onde publicou seu primeiro livro
de poesia. Graduado no curso de Letras, contemplado em 1995 com a Bolsa Vitae
de Literatura. Em 2002, Fernando Meirelles dirigiu o filme “Cidade de Deus”,
com base no seu livro, que recebeu quatro indicações ao Oscar 2004. Sua obra tem atraído interesse
acadêmico na forma de vários artigos, dissertações e até mesmo teses. Seu segundo romance, “Desde que o
Samba é Samba”, recria ficcionalmente a invenção do samba por músicos do bairro
carioca da Estácio na década de 1920.
PEDRO KILKERRY
(1885 – 1917. Santo Antônio de Jesus, Bahia)
Advogado,
jornalista e poeta simbolista brasileiro. Descendente de ingleses por parte do
pai e de uma mestiça alforriada baiana. Em 1906, juntou-se ao grupo literário Nova
Cruzada e começou a publicar seus primeiros poemas na revista homônima. Em
1913, o poeta se forma em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito
da Bahia, no mesmo ano em que passa editar as crônicas “Quotidianas”, no Jornal
Moderno, e lança mão pela primeira vez do poema em prosa. Tuberculoso, faleceu
sem ter publicado nenhum livro. Seus poemas, incluindo manuscritos e poemas
mantidos oralmente por amigos e familiares, foram recolhidos em 1968 por
Augusto de Campos, que o considera um dos precursores do modernismo no Brasil.
RALPH ELLISON
(1914 - 1994. Oklahoma City, Oklahoma, EUA)
(1914 - 1994. Oklahoma City, Oklahoma, EUA)
Principal Livro: “O Homem Invisível / The Invisible
Man” (1952).
National Book Award.
Célebre
pelo seu romance claustrofóbico e que denota a influência de Kafka, “The Invisible
Man”, no qual descreve a vida de um jovem negro em Nova Iorque.
RICHARD WRIGHT
(1908 - 1960. Roxie, Mississipi, EUA)
(1908 - 1960. Roxie, Mississipi, EUA)
Principais
Livros: “O Filho Nativo – Tragédia de um Negro Americano / Native Son” (1940) e “Homem Branco, Ouça! /
White Man, Listen!” (1957).
Neto
de escravos africanos libertos após a Guerra de Secessão. O seu “O Filho Nativo – Tragédia de um Negro Americano”, através de um
realismo brutal, tem como protagonista um negro nascido em uma miséria estrema e
marginalizado pela sociedade. Em suas diversas tentativas de se adaptar aos
modelos de vida tradicionais, descobre uma parede intransponível para ele.
Consciente que seu “grande crime” é ser negro, ele revolta-se contra esta
sociedade racista. O livro, de estrondoso sucesso pela contundência de sua
denúncia, se tornaria um dos maiores best
sellers de seu tempo, ganhando adaptação cinematográfica e uma montagem na
Broadway dirigida por Orson Welles. Cansado do racismo em seu país, o escritor abandonaria
os Estados Unidos, estabelecendo-se em Paris, onde permaneceria até o final de
sua vida.
RITA SANTANA
(1969. Ilhéus, Bahia)
Principais
Livros: “Tramela” (2004) e “Tratado das Veias” (2006).
Braskem
de Literatura 2004.
Atriz,
escritora, professora licenciada em Letras. Em 2005, participou da coletânea de
prosa e poesia “Mão Cheia” com quatro escritoras baianas. Vive em Lauro de
Freitas, Bahia. Edita o blog Barcaças.
ROSÁRIO FUSCO
(1910 – 1977. São Geraldo, Minas Gerais)
Principais
Livros: “Amiel” (1940) e “O Agressor” (1943).
Romancista,
poeta, dramaturgo, jornalista, crítico literário e advogado. Em 1925, inicia
intensa correspondência com o grupo modernista de São Paulo e começa, bastante
cedo, a publicar seus poemas no jornal Mercúrio. Participa da fundação do grupo
Verde, responsável pelo lançamento da Verde, importante publicação modernista
editada entre 1927 e 1929. Seus poemas são compostos em versos livres com
atenção aos temas locais com forte influência do modernismo. Em 1940, publica
ensaios e críticas literárias em três diferentes livros. “O Agressor”, sua obra
de maior repercussão, é considerado um raro exemplo de romance surrealista no
Brasil. Em 2003 é publicado o romance póstumo do autor, “Associação dos
Solitários Anônimos”, livro em que, segundo o escritor Luiz Ruffato, “Fusco
leva à exaustão a sua opção estética. Esvaziando a realidade de seu conteúdo,
faz desfilar, por cenários vertiginosamente marginais, seus personagens, sob a
égide da lógica do absurdo”.
RUY DO CARMO PÓVOAS
(1943. Ilhéus, Bahia)
Principais
Livros: “Vocabulário da Paixão” (1983) e “A Fala do Santo” (2002).
Atuou
durante trinta anos no magistério de Língua Portuguesa, tanto na Escola de
primeiro e segundo graus, quanto na Universidade. Coordena o Jornal Tàkàdá,
informativo do Ilê Axé Ijexá, e a Revista Kàwé, do Núcleo de Estudos Afro-Baianos.
Além de publicar artigos de sua especialidade técnica, produz escritos em prosa
e verso. Iniciado nos rituais do candomblé desde menino, assumiu sua
africanidade e fez disso objetivo maior de sua existência. Dirige o Ilê Axé
Ijexá, terreiro de origem nagô, por ele fundado em Itabuna, desde 1975. De
dentro do terreiro, escreve, divulga, publica. Nessa linha de trabalho, ele
objetiva dialogar com os mais diversos segmentos da cultura regional sobre a
importância das raízes africanas que ajudaram a construir o Sul da Bahia.
SOLANO TRINDADE
(1908 – 1974. Recife, Pernambuco)
Principais
Livros: “Poemas de Uma Vida Simples” (1944) e “Cantares ao meu Povo” (1961).
Autodidata,
leitor compulsivo, rapidamente tornou-se respeitado por contemporâneos como Carlos
Drummond de Andrade. Cineasta, pintor, ator de cinema, homem de teatro,
militante e, sobretudo, poeta. Sua obra é dificilmente encontrada em
bibliotecas ou livrarias. O fio condutor da multiplicidade artística de Solano
foi a própria negritude, tema recorrente. Por meio da arte, denunciava
discriminações e o racismo. Suas poesias estão repletas de referências aos
ritmos, costumes, fé, rituais, além de mitos e lendas do povo afro-brasileiro.
TEIXEIRA E SOUZA
(1812 – 1861. Cabo Frio, Rio de Janeiro)
Principais
Livros: “O Filho de Pescador” (1843) e “Maria ou A Menina Roubada” (1859).
Romancista,
poeta e dramaturgo. Seu romance “O Filho de Pescador”, segundo muitos
estudiosos da história da literatura brasileira, é a primeira obra do gênero escrita
por um autor nacional. Trabalhou como professor público de instrução primária,
editou jornal e dirigiu uma tipografia.
TONI MORRISON
(1931. Lorain, Ohio, EUA)
(1931. Lorain, Ohio, EUA)
Principais
Livros: “Sula / Idem” (1974) e “Amada / Beloved” (1987).
National Critics Award 1977;
Premio Pulitzer 1987;
Prêmio Nobel de Literatura 1993.
Premio Pulitzer 1987;
Prêmio Nobel de Literatura 1993.
Ao
longo do tempo, pelos caminhos trilhados em sua carreira literária, trabalhou uma
série de temas que são recorrentes. Elas derivam tanto do fato de ser uma
escritora militante, que escreve voltada para a comunidade afro-americana,
quanto do fato de ser mulher. Eles estão, direta ou indiretamente, conectados
com outros temas importantes, mas que aparecem em maior ou menor grau, tais
como: a pobreza, “perda da inocência, incesto, abuso sexual, loucura,
preconceito racial e o mito da cor e da beleza brancas”.
WALTER MOSLEY
(1952. Los Angeles, Califórnia, EUA)
Principais
Livros: “Sempre Em Desvantagem / Always Outnumbered, Always Outgunned” (1997) e
“Uma Volta Com o Cachorro / Walkin’ the Dog” (1999).
O’Henry
Award 1996.
Reconhecido
por sua literatura policial, cuja principal série apresenta Easy Rawlins, um
investigador privado negro da II Guerra mundial que vive em Watts, Los Angeles.
“Sempre em Desvantagem”, primeiro livro da saga, venceu o prêmio Anisfield
Wolf, que desde 1934 premia títulos que discutem o racismo e a riqueza da
diversidade humana.
WOLE SOYINKA
(1934. Abeokuta, Nigéria)
Principais
Livros: “Poems from Prison” (1969) e “The Man Died” (1972).
Nobel
de Literatura 1986.
Poeta,
dramaturgo, romancista, crítico, editor, tradutor, homem-orquestra da
literatura africana. Participou ativamente da luta pela independência de seu
país nos anos de 1960 e continuou numa batalha intransigente, por meio de seus
escritos, contra os ditadores que sucederam após a independência. Preso
durante dois anos, entre 1967 e 1969. Seus livros descrevem as fases de
transição da vida social, política e cultural da Nigéria. “Quem se cala diante
da tirania está destinado a morrer” ou “a justiça é a primeira condição da
humanidade” são frases que revelam a disposição deste combativo escritor. Vive
hoje em Los Angeles, onde divide sua agenda entre o ensino numa universidade,
viagens e debates sobre a atualidade e literatura.
20 comentários:
Um excelente artigo do jornalista e escritor baiano Antonio Nahud sobre os autores da literatura negra.
O blog está cada vez melhor. Matéria muito pertinente e original. Será fonte de pesquisa e inspiração para muitos professores, estudantes e escritores.
Ótimo post. Não conhecia Auta de Souza. Interessante.
Nahud, aqui no RS, tem o poeta negro Oliveira Silveira, recentemente falecid e o Ronald Augusto poeta e crítico literário contemporâneo. Em Porto Alegre um grupo militante se reúne, ocasionalmente, é apresenta um evento de música e poesia chamado Sopapo Poético, evocando um instrumento de percussão carnavalesca bem típico do Sul:o sopapo
Obrigado, Antonio Nahud.
Obrigada amigo,suas postagens como sempre, ilustrando nossa mente
Grande lista! Eu até acrescentaria mais uns, Nahud: Alex Haley [de "Negras raízes", que virou a série "Raízes"], a nigeriana Chimamanda Ngozi [o nome do momento], Gil Scott-Heron, João do Rio [que apesar de claro, era tido como mulato], Abdias Nascimento.
Muito bom!
MARAVILHA!
Belo acervo ! Muito bem lembrado !
Adorei, Antonio Nahud
Como sempre... Belo!
Que belo, caro Ícone Antonio Nahud! Eu acrescento que Machado de Assis foi o fundador da Academia Brasileira de Letras.
Pierre Verger deve estar devorando esta matéria lá do éter.
Acho que o discurso sobre a negritude no Brasil é sempre válida mas daí criar uma Consciência Negra Literária já não concordo. As escritas são livres e dentro delas há sempre a consciência literária, independentemente da sua condição racial. Temos literários e isso já define a finalidade do seu meio. Embora saibamos que a indústria Branca Literária é fincada nos vieses do nosso querido Brasil. Bjssss meu escritor preferido!
Não entendo...em que os negros são diferentes de nós...vejo-os como um outro qualquer que devemos parar de destaca-los...senão irá continuar o racismo...devemos esquecer esse negócio de cor ...pois somos todos iguais...somos todos mestíço ...escravos comuns ainda somos ...os de baixa renda...ainda são escravos dum péssimo sistema...e heróis existiram tanto negros como brancos...beleza tem negras lindíssimas e loiras horriveis.,agora todos os homens são feios prá caramba...kkkkk
Excelentes postagens Antonio Nahud! Também adorei!
GOSTEI TÁ O MAXIMO BJ
Sou fã do Lima Barreto.
Alucinada com esse blog que acabo de conhecer. Maravilhoso. Obrigada, Nahud.
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