A
noite esporeia
suas
negras ancas
cravando-se
estrelas
Todas
as coisas têm o seu mistério,
e a poesia é o mistério de todas as coisas.
FEDERICO
GARCÍA LORCA
Ilustrações:
JOSÉ de RIBERA
(1591 - 1652. Xàtiva /
Espanha)
Setenta e três anos após sua
morte, o poeta mais popular da Espanha segue cativando leitores em todo o
mundo. Filho de uma geração literária pessimista, em dezoito anos de carreira e
trinta e oito de vida FEDERICO GARCÍA LORCA (1898 - 1936. Fuente
Vaqueros, Granada / Espanha) deixou um legado poético sensível, renovando o teatro e a poesia do seu país. A influência da região natal encontra-se na sua obra, com temas resgatados da tradição andaluza, em uma fusão
do mais antigo com o modernismo do século XX. Fez parte da celebrada Geração de 27, um grupo que
recuperou a poesia popular, investiu no modernismo, introduziu o surrealismo e
outros ismos na vanguarda européia da época. Dela, entre outros, Luis Cernuda,
Manuel de Falla, Rafael Alberti, Jorge Guillén, Gerardo Diego e Dámaso Alonso. Entretanto,
LORCA nunca pertenceu a qualquer movimento literário, embora características do
surrealismo se encontrem em sua criação literária. Ele era um inventor de vernáculos ou jogava com eles
em função da musicalidade. Utilizava a palavra chorpatélico quando gostava
demais de alguma coisa, e muitas outras: espantanublos, uni-uni, dole-dole, meningotes,
catalinetas.
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lorca |
Em 1929, no auge de uma crise sentimental, FEDERICO
GARCÍA LORCA muda-se para Nova York, disposto a aprender inglês e com o secreto
empenho de repaginar sua vida. O contato com esse novo mundo, simbolizando o
progresso e o futuro, seria determinante em sua literatura, ainda que suas
declarações sejam duras: “Arquitetura extra-humana e ritmo furioso, geometria e
angústia. Sem dúvida não existe alegria neste ritmo de vida”. Era o ano do crash da bolsa: espetáculo de falências,
suicidas e gente histérica. Época terrível e sem grandeza. Ele não
gostou da sociedade nova-iorquina, já que tinha na cabeça a utopia de uma sociedade
sem classes. Durante oito meses comove-se com a
opressão sofrida pelos negros, não aprende inglês, busca prazeres homossexuais e
escreve um dos mais expressivos poemários da literatura em espanhol: “Poeta em Nova Iorque” (1930). Profético e metafísico, influenciado por Walt
Whitman, investe nos oprimidos e revela suas obsessões mais íntimas. Ligado ao seu idioma e a sua
cultura, LORCA acreditava levar no sangue
energia cigana, negra e judaica. Esta impressão está presente em sua escrita,
que reforça, sem dúvida, a apaixonada identificação com os marginalizados.
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lorca e salvador dalì |
Considerado um dos mais difíceis e cultos poetas da literatura hispânica, ele concilia passado e futuro, sensualidade e morte, exuberância e melancolia, sacrifício e fecundidade. Felizmente cresce com o passar dos anos, suavizando um implacável destino e uma breve existência. Sobre ela, FEDERICO GARCÍA LORCA expressou-se em uma entrevista publicada no diário “La Voz”, em abril de 1936, poucos meses antes de morrer: “La poesía es algo que anda por las calles. Que se mueve, que pasa a nuestro lado. Todas las cosas tienen su misterio, y la poesía es el misterio que tienen todas la cosas”.
OBRA POÉTICA de FEDERICO GARCÍA LORCA
IMPRESIONES y PAISAJES (1918)
LIBRO de POEMAS (1921)
CANCIONES (1927)
ROMANCERO GITANO (1928)
SONETOS del AMOR OSCURO (1929)
POETA en NUEVA YORK (1930)
POEMA del CANTE JONDO (1921-24)
DIVÁN del TAMARIT (1934)
LLANTO por IGNACIO SÁNCHEZ MEJÍAS (1935)
PRIMERAS CANCIONES (1936)
FONTES
MUERTE en GRANADA: la TRAGEDIA de LORCA (1975)
de Eduardo Castro
SOBRE GARCÍA LORCA (1998)
de Antonio Gallego Morell
FEDERICO GARCÍA LORCA - uma BIOGRAFIA (1989)
de Ian Gibson
GALERIA JOSÉ de RIBERA
MUERTE en GRANADA: la TRAGEDIA de LORCA (1975)
SOBRE GARCÍA LORCA (1998)
de Antonio Gallego Morell
FEDERICO GARCÍA LORCA - uma BIOGRAFIA (1989)
de Ian Gibson
GALERIA JOSÉ de RIBERA
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