para Mamma Lourdes,
nossos bons momentos assistindo telenovelas
A
primeira telenovela brasileira foi ao ar em 21 de dezembro de 1951, na Tupi. “Sua Vida me Pertence” marcou não apenas a estreia deste gênero de
entretenimento no país, como também o primeiro beijo transmitido em um programa
de TV no Brasil. O folhetim foi protagonizado por Vida Alves e Walter Forster e
estendeu-se até fevereiro do ano seguinte.
janete clair |
Consideradas por muitos como criação artística alienante, as telenovelas estão inseridas no cotidiano do brasileiro e, ao contrário do que a
maioria pensa, assumem um importante papel de conscientização social, tratando
muitas vezes de assuntos polêmicos - como o machismo, racismo, homofobia, corrupção, infidelidade, uso de drogas, violência etc.
Essas
discussões são válidas. Portanto, não devem ser vistas como produto inferior ou utópico, mas como arte engajada que transcende a telinha e tem papel expressivo na formação cultural de uma sociedade. Sua fantasia necessariamente não nos leva a esperar, sem um mínimo de esforço, que todos os nossos desejos se realizem. A telenovela mostra que os mocinhos e mocinhas passam por todo tipo de provação antes do “felizes para sempre”.
Durante anos fui fiel telespectador, mas deixei de vê-las quando a qualidade dos argumentos se deteriorou. Recordando essa época, selecionei, segundo critérios pessoais, as dezoito produções mais importantes da nossa teledramaturgia. E você, caro leitor? Qual a sua preferida?
Durante anos fui fiel telespectador, mas deixei de vê-las quando a qualidade dos argumentos se deteriorou. Recordando essa época, selecionei, segundo critérios pessoais, as dezoito produções mais importantes da nossa teledramaturgia. E você, caro leitor? Qual a sua preferida?
IRMÃOS CORAGEM
(1970, TV Globo)
Autor:
Janete Clair
Direção: Daniel Filho, Milton Gonçalves e Reynaldo Boury
Elenco: Tarcísio Meira, Cláudio Cavalcanti, Cláudio Marzo, Glória Menezes, Regina Duarte, Lúcia Alves, Glauce Rocha e Sonia Braga
Elenco: Tarcísio Meira, Cláudio Cavalcanti, Cláudio Marzo, Glória Menezes, Regina Duarte, Lúcia Alves, Glauce Rocha e Sonia Braga
Três
irmãos ameaçam o domínio de um poderoso fazendeiro, autoridade máxima da
fictícia Coroado, no interior de Minas Gerais. O
conflito principal se estrutura a partir do momento em que um deles
encontra um valioso diamante. Ele e sua família passam a ser perseguidos pelos
capangas do fazendeiro, que cobiça a pedra. O diamante se torna o símbolo
concreto da luta pela liberdade e contra a opressão.
Marcou a estreia
de Sônia Braga na Globo e reuniu as duas duplas mais famosas da emissora na
época: Tarcísio Meira e Glória Menezes, Cláudio Marzo e Regina Duarte. Em 1995,
nas comemorações dos 30 anos da emissora, Dias Gomes e Marcílio Moraes fizeram
um remake para as 18h.
SELVA DE PEDRA
(1972, TV Globo)
Autor:
Janete Clair
Direção:
Daniel Filho e Walter Avancini
Elenco: Regina Duarte, Francisco Cuoco, Dina Sfat, Carlos Eduardo Dolabella, Mário
Lago, Arlete Salles, Carlos Vereza e Glória Pires
A
ascensão de um interiorano que, seduzido pelo poder, põe em risco sua
felicidade ao lado da mulher, é o mote da narrativa. A ambição aproxima o
protagonista do vilão, capaz de tudo para eliminar qualquer obstáculo à
ascensão social do mocinho e, por tabela, à sua própria. Consolidou Janete
Clair como poderosa autora popular e obteve a maior audiência da história da
televisão brasileira até então, comprovando a força da telenovela como veículo
de cultura de massa. No Rio de Janeiro, segundo registro do Ibope na época, a
trama atingiu 100% de share – número de televisores ligados no horário – no
capítulo 152, em que a identidade da protagonista é revelada.
O par
romântico fez enorme sucesso. Francisco Cuoco e Regina
Duarte foram eleitos os “Reis da Televisão” pelos leitores da Amiga, revista
especializada na cobertura de TV. Em 1986, foi ao ar um remake, escrito por Regina Braga e Eloy Araújo. Tony Ramos e Fernanda Torres
interpretaram o casal protagonista.
MULHERES DE AREIA
(1973, TV Tupi)
Autor:
Ivani Ribeiro
Direção:
Edson Braga
Elenco: Eva Wilma, Carlos Zara, Cláudio Corrêa e Castro, Cleyde Yáconis, Gianfrancesco
Guarnieri, Maria Isabel de Lizandra e Antônio Fagundes
Tem como tema central a rivalidade entre gêmeas. Se passa na fictícia
Pontal D’Areia, cidade do litoral fluminense, para onde garota retorna depois
de passar algum tempo dando aulas na escola primária de uma fazenda. Ela volta
a morar com os pais e com a sua irmã gêmea. Apesar de fisicamente idênticas, tem
personalidades muito diferentes. Uma é doce, calma e tem um bom coração. A
outra, por sua vez, é egoísta, agressiva e má. Aproveitando-se da semelhança
física com a irmã, a vilã planeja conquistar o seu namorado, um bem-sucedido
empresário.
Houve um remake em 1993 com Glória Pires. Um dos maiores sucessos
da TV Tupi, graças ao trabalho duplo de Eva Wilma, que conseguiu momentos
antológicos quando as gêmeas contracenavam na mesma cena. Curiosamente, a perversa era a que mais despertava interesse no público. Em 1974, na
entrega do Troféu Imprensa aos melhores da televisão, pelo Programa Sílvio Santos,
Regina Duarte, eleita a melhor atriz por seu trabalho em “Carinhoso”, repassou o prêmio a Eva Wilma, reconhecendo sua brilhante atuação.
Ivani Ribeiro baseou-se em uma antiga
radionovela de sua autoria, “As Noivas Morrem no Mar”, de 1965, que por sua
vez, foi inspirada no filme norte-americano “Uma Vida Roubada / A Stolen Life” (1946), de Curtis Bernhardt,
com Bette Davis (no papel das gêmeas) e Glenn Ford. Em 1993, a autora
reescreveu-a para a Rede Globo, repetindo o sucesso da
original.
O BEM AMADO
(1973, TV Globo)
Autor:
Dias Gomes
Direção:
Régis Cardoso
Elenco: Paulo Gracindo, Lima Duarte, Zilka Salaberry, Emiliano Queiroz, Ida Gomes,
Dorinha Duval, Dirce Migliaccio, Carlos Eduardo Dolabella, Jardel Filho, Sandra
Bréa e Milton Gonçalves
Adaptação
de Dias Gomes de sua peça “Odorico, O Bem-Amado e Os Mistérios do Amor e da
Morte” (1962), critica o Brasil do regime militar, satirizando o
cotidiano de uma cidade fictícia no litoral baiano e a figura dos chamados
coronéis – políticos e fazendeiros que exerciam autoridade sobre a população
local e agiam com força, falta de escrúpulos e demagogia para se perpetuar no
poder. Foi a primeira telenovela em cores da televisão brasileira.
O “bem-amado”
em questão é um corrupto candidato a prefeito de Sucupira, adorado
pela maior parte da população. Como não há um cemitério na cidade, o que obriga
os moradores a enterrar seus mortos em municípios vizinhos, o político se elege
com o slogan “Vote em um homem sério e ganhe um cemitério”. O problema é que
não morre ninguém para que a obra seja inaugurada. O prefeito resolve, então,
lançar mão de todo tipo de artifício para não perder o apoio popular, até mesmo
consentir a volta à cidade de um matador de aluguel.
A repercussão foi tão impressionante que o
protagonista Odorico Paraguassú ressuscitou no seriado “O Bem-Amado”, exibido entre 1980 e 1984. Foi a primeira novela da TV Globo a ser exportada,
abrindo o mercado estrangeiro para os produtos nacionais. Sandra Bréa, no papel
de Telma, filha de Odorico, estreava em telenovelas.
O REBU
(1974, TV Globo)
Autor:
Bráulio Pedroso
Direção:
Walter Avancini e Jardel Mello
Elenco: Ziembinski, Lima Duarte, Bete Mentes, Buza Ferraz, Isabel Ribeiro, Maria
Cláudia, Yara Cortes, José Lewgoy, Arlete Salles e Carlos Vereza
Em
sua mansão no Alto da Boa Vista, no Rio de Janeiro, um banqueiro organiza uma
festa para recepcionar uma princesa italiana. Ao amanhecer, os convidados
descobrem um cadáver boiando, de bruços, na piscina. Além de desconhecer a
identidade do assassino e a razão do crime, o público também não sabia quem
tinha sido assassinado. Entre os 24 convidados – todos suspeitos, assim como o
próprio anfitrião –, está um ladrão paulista que encontra o convite da festa
durante um assalto e se faz passar por um industrial italiano para roubar o
banqueiro.
O argumento policial inovou: seus 112 capítulos transcorrem
durante 24 horas, em sequência não cronológica, com a ação se desenrolando em
três tempos distintos: as investigações da polícia; flashbacks de eventos
ocorridos durante a festa; e acontecimentos relacionados ao passado dos
personagens. A primeira sequência lembra o longa “Crepúsculo dos
Deuses / Sunset Boulevard”, dirigido por Billy Wilder em 1950. Na cena inicial do filme clássico, um cadáver aparece boiando numa piscina e, daí por diante, toda a
trama se desenrola de forma a elucidar o mistério de sua morte. Marcou
as estreias das atrizes Bete Mendes, Tereza Rachel e Isabel Ribeiro na Globo.
O GRITO
(1975, TV Globo)
Autor:
Jorge Andrade
Direção:
Walter Avancini
Elenco: Glória Menezes, Walmor Chagas, Tereza Rachel, Isabel Ribeiro, Yoná Magalhães, Rubens de Falco, Maria Fernanda, Ney Latorraca, Lídia Brondi e Leonardo Villar
Retrata
as neuroses de uma metrópole a partir dos conflitos entre os moradores de um
edifício. Ambientada na cidade de São Paulo, no Edifício Paraíso,
construído no terreno de uma família quatrocentona cujos remanescentes moram na
cobertura. A planta original do prédio é alterada por conta da construção do
elevado Costa e Silva, o Minhocão, viaduto que ultrapassava a altura dos dois
primeiros andares do edifício. Para atenuar os prejuízos da desvalorização do
imóvel, os andares inferiores são divididos em apartamentos de quarto-e-sala.
Como resultado, passa a ser habitado por diferentes classes sociais.
Os habitantes, com seus dramas pessoais, são indiferentes aos problemas uns dos
outros, até que o filho de uma ex-freira, um menino com deficiência mental que
grita nas madrugadas, torna-se o pivô de um conflito. Eles se dividem
entre expulsar ou não mãe e filho e o debate acaba por aproximar
todos. Gerou reações extremas e muita controvérsia. Os moradores de um edifício
em Ipanema, no Rio, aparentemente se deixaram influenciar pela novela e
tentaram expulsar uma criança excepcional, ato que revoltou o autor Jorge
Andrade. Foi o primeiro trabalho da atriz Lídia Brondi, ainda
adolescente.
GABRIELA
(1975, TV Globo)
Autor:
Walter George Durst, adaptação do romance de Jorge Amado
Direção:
Walter Avancini e Gonzaga Blota
Elenco: Paulo Gracindo, Sonia Braga, Armando Bogus, José Wilker, Nívea Maria, Elizabeth
Savalla, Heloísa Mafalda, Dina Sfat, Maria Fernanda, Rubens de Falco, Marco Nanini, Ana Maria
Magalhães e Neila Tavares
O
universo de Jorge Amado conquistou o público ao misturar sensualidade e
discussão sobre questões políticas e sociais. A história se passa em 1925,
quando uma seca devastadora obriga as populações famintas do Nordeste a emigrar
em busca da sobrevivência. Na história, o destino é Ilhéus, no sul da Bahia,
região em expansão graças ao plantio e comércio do cacau. A protagonista-título
é uma das vítimas da seca. Moça de natureza livre e impulsiva, ela consegue
trabalho como cozinheira na casa de um turco, com quem vive uma tórrida história de amor. Bonita e cheia de vida, dona de um erotismo espontâneo, ela logo passa a ser o principal objeto de desejo dos homens da
cidade, além de alvo da inveja das mulheres.
Levada ao ar para comemorar os
dez anos da TV Globo. Durante a procura pela atriz ideal para viver Gabriela,
tentou-se uma escolha inusitada: Gal Costa. A cantora baiana, entretanto,
declinou, alegando não saber representar. Em seguida, inúmeros testes foram
feitos para a personagem, mas o diretor decidiu que o papel teria de ser de
Sônia Braga desde que viu seu desempenho em “Caminhos do Coração” – Caso
Especial escrito e dirigido por Domingos Oliveira em 1971 –, e insistiu para
que ela fosse escolhida. Ela acabou consagrada no papel, que voltaria a
representar em 1983, no filme “Gabriela”, de Bruno Barreto, atuando ao lado de
Marcello Mastroianni.
Além dos altos índices de audiência, foi escolhida pela
Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) como a melhor produção de 1975 e lançou Sônia Braga como símbolo sexual. Marca a estreia de Elizabeth Savalla e Natália do Vale.
PECADO CAPITAL
(1975, TV Globo)
Autor:
Janete Clair
Direção:
Daniel Filho
Elenco: Francisco Cuoco, Betty Faria, Lima Duarte, Elizangela, Débora Duarte, Rosamaria
Murtinho, Milton Gonçalves e Mário Lago
Primeira
novela em cores transmitida às 20h, trata com realismo o universo
suburbano carioca a partir de um triângulo amoroso formado por um taxista, um
viúvo rico e uma jovem operária que sonha melhorar de vida. A autora inovou ao fazer do chofer de táxi um herói não convencional, que morre no fim da história. Ele vive um drama de consciência
depois que assaltantes de banco em fuga esquecem em seu carro uma mala com o
dinheiro roubado: não sabe se a entrega à polícia, correndo o risco de ser
acusado de cúmplice do roubo, ou se usa o dinheiro para resolver seus
problemas.
O mocinho anti-herói é noivo de uma tecelã, com quem tem uma relação apaixonada, mas
tumultuada por brigas e ciúme, por conta do seu machismo. A jovem termina por
se envolver com um industrial gentil e sensível, cujos modos contrastam com os
do noivo. Considerada por muitos o melhor trabalho de Janete Clair. O remake produzido em 1998, no horário das 18 horas, tem Francisco
Cuoco no papel do industrial.
A ESCRAVA ISAURA
(1976, TV Globo)
Autor:
Gilberto Braga, adaptação do romance de Bernardo Guimarães
Direção:
Herval Rossano
Elenco: Lucélia Santos, Rubens de Falco, Edwin Luisi, Norma Blum, Zeny Pereira, Léa
Garcia, Mário Cardoso, Ítalo Rossi e Henriette Morineau
Retrata a luta abolicionista no Brasil, tendo como fio condutor a paixão
doentia de um senhor por sua escrava branca. Órfã desde o nascimento, essa
escrava foi educada como moça da corte. Sua protetora morre logo no início da
trama, e o filho se torna o administrador dos bens da família. Apaixonado por
ela e furioso por não ser correspondido, ele se apodera de sua carta de
alforria, deixada pela mãe, e aplica castigos cruéis à moça. Ela também sofre
com as intrigas de uma escrava má e invejosa.
O convite para Lucélia Santos
interpretar o papel-título partiu de Herval Rossano, após assistir seu desempenho na peça “Transe no 18”. Obteve
gigantesco sucesso no Brasil e no exterior, alcançando países do então bloco
comunista. Em Cuba, por exemplo, o racionamento de energia chegou a ser
suspenso para que os telespectadores não perdessem os capítulos. Na China,
Lucélia ganhou o Prêmio Águia de Ouro, com os votos de cerca de 300 milhões de
pessoas – foi a primeira vez que uma atriz estrangeira recebeu um prêmio no
país.
DANCIN’ DAYS
(1978, TV Globo)
Autor:
Gilberto Braga
Direção:
Daniel Filho, Gonzaga Blota, Dennis Carvalho e Marcos Paulo
Elenco: Sonia Braga, Antonio Fagundes, Joana Fomm, Glória Pires, José Lewgoy, Beatriz
Segall, Lauro Corona, Lídia Brondi e Yara Amaral
Uma
crônica de costumes urbana centrada na rivalidade entre duas irmãs: uma
ex-presidiária e uma socialite. Acusada de atropelar e matar um guarda-noturno,
a protagonista é condenada a 22 anos de prisão. Depois de cumprir metade da
pena, ela consegue liberdade condicional. A partir de então tenta, de todas as
formas, livrar-se do estigma de ex-presidiária. Seu primeiro desafio é
reconquistar o amor da filha. A menina foi criada pela irmã que, com medo de
perder a sobrinha, dificulta a aproximação das duas. Em sua luta para
se reintegrar à sociedade, a sofrida mocinha conhece um diplomata e os dois vivem
um romance atribulado.
Inaugurou o estilo
de Gilberto Braga, marcado pela discussão dos valores da classe média e das
elites urbanas. Para escrever a história, o autor lançou mão de romantismo e
sarcasmo, dois elementos característicos de seu universo ficcional. O drama foi
tema, em 1978, de uma reportagem da revista norte-americana Newsweek, que destacou sua
influência sobre os hábitos de consumo dos telespectadores. Além de
lançar modismos, como meias coloridas de lurex, ícones de uma geração, promoveu
produtos como água-de-colônia e sandália de salto fino.
A personagem Yolanda
Pratini seria interpretada, inicialmente, por Norma Bengell. Porém, a atriz se
desentendeu com o diretor, e Joana Fomm, que faria Neide, uma empregada,
assumiu o papel. Vista em cerca de 40 países, sobressai o veterano ator Mário Lago, que emocionou o público no papel do sofisticado e nostálgico
Alberico, típico morador de Copacabana.
ÁGUA VIVA
(1980, TV Globo)
Autores:
Gilberto Braga e Manoel Carlos
Direção:
Paulo Ubiratan e Roberto Talma
Elenco: Raul Cortez, Betty Faria, Reginaldo Faria, Lucélia Santos, Fábio Jr., Tetê Medina, Tônia Carrero, Beatriz Segall, Glória Pires e José Lewgoy
Ambientada
no ensolarado Rio de Janeiro, traz a disputa de dois irmãos pela mesma
mulher. Um deles, cirurgião plástico famoso, condena o estilo de vida do outro,
um bon vivant que nunca trabalhou e vive de renda. Após perder a esposa na
explosão de uma lancha, apaixona-se por uma garota ambiciosa, que não mede
esforços para ascender socialmente, sem saber de sua relação com o irmão irresponsável.
Vendida para muitos países, na Itália transformou-se em livro. Beatriz Segall interpreta a sua primeira implacável vilã, Lourdes Mesquita. Destaque para a brilhante atuação de Tônia
Carrero como a sofisticada e irreverente Stella Simpson.
VALE TUDO
(1988, TV Globo)
Autores:
Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères
Direção:
Dennis Carvalho
Elenco: Regina Duarte, Glória Pires, Antonio Fagundes, Beatriz Segall, Renata Sorrah,
Cássia Kiss, Reginaldo Faria, Carlos Alberto Riccelli e Lídia Brondi
Corrupção
e falta de ética são enfocadas, denunciando a inversão de valores no Brasil
no final dos anos 1980. Os autores centram a discussão sobre honestidade e
desonestidade no antagonismo entre mãe e filha: a íntegra mocinha é o oposto da filha
inescrupulosa e com horror à pobreza que, logo nos primeiros capítulos, vende a
única propriedade da família, no Paraná, e foge com o dinheiro para o Rio de
Janeiro. Indo atrás da filha,a mocinha conhece
um administrador de empresas por quem se apaixona. Para ganhar a vida, vende sanduíches na praia. Enquanto batalha para sobreviver
honestamente, sua filha se alia a um mau-caráter que a estimula a seduzir um
milionário, de olho na fortuna do rapaz.
A Odete Roitman de Beatriz Segall
conquistou imensa popularidade e se transformou em uma das mais destacadas
vilãs da teledramaturgia nacional. O mistério da identidade do seu assassino, embora
tenha durado apenas 11 capítulos, povoou as conversas pelo país. Os autores
aumentaram o clima de suspense escrevendo cinco versões diferentes para o
último capítulo, ao qual o elenco só teve acesso durante as gravações.
ROQUE SANTEIRO
(1985, TV Globo)
Autores:
Dias Gomes e Aguinaldo Silva
Direção:
Paulo Ubiratan
Elenco: José Wilker, Regina Duarte, Lima Duarte, Paulo Gracindo, Armando Bógus, Yoná
Magalhaes , Cássia Kiss, Patrícia Pillar e Fábio Jr.
Em
1975, estava tudo pronto para a exibição da primeira versão, quando, às
vésperas da estreia, a censura vetou, instaurando uma crise na
programação da Rede Globo. Francisco Cuoco interpretava
Roque, Betty Faria era a Viúva Porcina e Lima Duarte vivia Sinhozinho Malta
(papel que voltou a interpretar na versão definitiva). Sátira à exploração
política e comercial da fé popular, marcou época apresentando uma
cidade fictícia como um microcosmo do Brasil.
Essa cidade, Asa Branca, vive em função dos supostos milagres de um coroinha e artesão de
santos de barro que teria morrido como mártir ao defender o local de um perigoso bandido. O falso santo, porém, reaparece em carne e osso 17 anos depois,
ameaçando o poder e a riqueza das autoridades locais. A sua volta e o reconhecimento de que tudo não passou de uma farsa significaria o fim do
mito, prejudicando os interesses dos beneficiários da mentira, e também
colocando em risco a sustentação do lugar.
Os representantes das forças
políticas, religiosas e econômicas se dividem entre os que defendem que a
verdade deve ser revelada e os que querem manter o falso milagre porque
precisam dele para sobreviver. Incentivada pelo amante fazendeiro, mulher exuberante
espalhou a mentira de que havia se casado com o santeiro, e acabou se
transformando em patrimônio da cidade. Quando realmente o conhece, apaixona-se de fato
por ele, formando com o amante o triângulo amoroso da
trama.
Numa interpretação primorosa, Regina Duarte surpreendeu fazendo a cômica viúva Porcina - “a que foi sem nunca ter sido” -, muito diferente dos tipos vividos por ela anteriormente, que
contribuíram para consolidar a sua imagem como “namoradinha do Brasil”. A atriz
não foi o primeiro nome pensado para viver o papel. Sônia Braga,
Vera Fischer, Marília Pêra e Fernanda Montenegro chegaram a ser sondadas. Yoná Magalhães viveu uma experiência inusitada por conta da sua participação. Como Matilde, a dona da boate, ela vestia uma malha exibindo o corpo. Estava tão em forma
que, aos 51 anos, foi chamada para posar nua para a revista Playboy, batendo
recorde de vendagem.
RENASCER
(1993, TV Globo)
Autor:
Benedito Ruy Barbosa
Direção:
Luiz Fernando Carvalho
Elenco: Antonio Fagundes, Marcos Palmeira, Adriana Esteves, José Wilker, Patrícia
Pillar, Osmar Prado, Eliane Giardini, Fernanda Montenegro, Maria Luísa Mendonça, Leonardo Vieira e
Patrícia França
Entre
lendas, mitologias e regionalismo, divide-se em duas fases. Na
primeira – os quatro capítulos iniciais –, um aventureiro chega às roças de
cacau de Ilhéus, na Bahia, e finca seu facão ao pé de um jequitibá, fazendo uma
promessa: não morrer. A árvore passa a representar sua sorte, força e
existência, acompanhando a trajetória do personagem ao longo de toda a
narrativa. Com o passar dos anos, valente, trabalhador e obstinado, ele
constrói um verdadeiro império do cacau, e se casa com uma garota doce e
ingênua, por quem devota um amor incondicional. Ela lhe dá quatro filhos, mas
termina por morrer ao dar à luz, sendo este filho rejeitado desde então pelo
pai, que o culpa pela morte de seu inesquecível amor.
Benedito Ruy Barbosa explorou
lendas e personagens com que se deparou em uma viagem à Bahia – como a história
do diabo trancafiado na garrafa. Além de Osmar Prado, vencedor do prêmio de
Melhor Ator Coadjuvante, a Associação Paulista de Críticos de Arte elegeu
Antônio Fagundes como Melhor Ator e Regina Dourado como Melhor Atriz
Coadjuvante. Foi considerada, ainda, a Melhor Novela do ano pela APCA.
A PRÓXIMA VÍTIMA
(1995, TV Globo)
Autor:
Silvio de Abreu
Direção:
Jorge Fernando, Rogério Gomes e Marcelo Travesso
Elenco: Susana Vieira, José Wilker, Deborah Secco, Vera Holtz, Tereza Rachel, Aracy
Balabanian, Yoná Magalhães, Lima Duarte, Tony Ramos, Selton Mello, Francisco
Cuoco, Zezé Motta, Glória Menezes, Nicette Bruno, Camila Pitanga e Reginaldo
Faria
Gênero
policial estrelado por talentoso elenco transformou-se em sucesso de público e
crítica. Suspense, traições e romances dão o tom, cuja espinha
dorsal é centrada em três perguntas: “quem matou?”, “quem será a próxima
vítima?” e “por quê?”. Um Opala preto, que segue as vítimas, é o único indício
de que o assassino está por perto. Tem como principais cenários a Mooca
e o Bixiga, em São Paulo – universos recorrentes nos trabalhos de Silvio de
Abreu –, e destaca uma batalhadora dona de uma cantina
italiana, amante há 20 anos de um mau-caráter, com quem tem três filhos.
O ator
André Gonçalves chegou a ser espancado na rua por causa do personagem
homossexual. Júlia (Glória Menezes), que se
envolve em uma campanha de apoio a meninos de rua, foi inspirada na artista
plástica Yvone Bezerra de Mello, que se dedicava intensamente à causa na época,
e em seu livro “As Ovelhas Desgarradas e seus Algozes”.
TERRA NOSTRA
(1999, TV Globo)
Autor:
Benedito Ruy Barbosa
Direção:
Jayme Monjardim e Carlos Magalhães
Elenco: Ana Paula Arósio, Thiago Lacerda, Antônio Fagundes, Maria Fernanda Cândido,
Raul Cortez, Gabriel Braga Nunes, Gianfrancesco Guarnieri, Bete Mendes e Marcello Anthony
Explora a importância da imigração na formação da sociedade brasileira,
no caso, a imigração italiana no final do século XIX e nas primeiras décadas do
século XX. Em 1894, o navio Andrea I deixa o porto de Gênova, na Itália, e
cruza o Oceano Atlântico transportando centenas de camponeses italianos. Eles
fogem da crise econômica no seu país para tentar a sorte no Brasil, que naquele
momento precisava de mão de obra para substituir o trabalho escravo nas
plantações de café. Entre os imigrantes está um casal com sua bela filha. A
bordo, a garota conhece um jovem que não tem ninguém no mundo, mas é
empreendedor e tem esperança de começar uma nova vida. Os dois se
apaixonam.
O autor se inspirou nas suas memórias de infância para retratar a
colônia italiana. Quando criança, ele costumava brincar com os filhos dos
imigrantes italianos que trabalhavam nas plantações de café da fazenda de um
tio. Foi uma das novelas mais vendidas no exterior, tendo sido exibida em mais
de 80 países.
MULHERES APAIXONADAS
(2003, TV Globo)
Autor:
Manoel Carlos
Direção:
Ricardo Waddington, Rogério Gomes e José Luiz Villamarim
Elenco: Christiane Torloni, Tony Ramos, Susana Vieira, José Mayer, Giulia Gam, Maria
Padilha, Rodrigo Santoro, Marcello Antony, Helena Ranaldi e Carmem Silva
A
personagem central é uma mulher que resolve viver uma nova paixão após
15 anos de casada. Ela tem um relacionamento estável com um músico, mas o casamento
entrou em uma rotina que não suporta mais. Os seus questionamentos sobre
sua vida conjugal ganham força quando reencontra um ex-namorado que abandonou para se casar. Novela urbana, realista e contemporânea, apresenta uma galeria de personagens femininos e suas paixões. Todas as
histórias estão circunscritas ao círculo familiar, explorando as relações de
pais e filhos, irmãos, marido e mulher. Como em várias outras criações do autor, ambienta-se no Leblon, bairro da zona sul do Rio de Janeiro.
Conta com mais de 100 personagens e muitas tramas paralelas. A
personagem de Christiane Torloni foi a sexta Helena criada por Manoel Carlos em
suas telenovelas. Ele batizou com o mesmo nome as protagonistas de “Baila Comigo”
(1981, Lillian Lemmertz), “Felicidade” (1991, Maitê Proença), “História de
Amor” (1995, Regina Duarte), “Por Amor” (1997, Regina Duarte), “Laços de
Família” (2000, Vera Fischer), “Páginas da Vida” (Regina Duarte, 2006) e “Viver a Vida” (2009, Taís Araújo). Manoel Carlos explica a escolha como sendo um nome
forte, adequado a personagens batalhadoras, que chegam a mentir por amor. A
repercussão da refinada produção virou tema de reportagem da Newsweek.
A FAVORITA
(2008, TV Globo)
Autor: João Emanuel Carneiro
Direção:
Ricardo Waddington
Elenco: Patrícia Pillar, Cláudia Raia, Murilo Benício, Mariana Ximenes, José Mayer,
Tarcísio Meira, Glória Menezes, Elizangela, Cauã Reymond e Deborah Secco
Ambientada
em São Paulo, apresenta a rivalidade entre antigas parceiras da dupla sertaneja
Faísca e Espoleta. Após cumprir uma pena de 18 anos de reclusão por
assassinato, uma delas deixa a prisão disposta a provar a sua inocência,
acusando a ex-parceira de ter cometido o crime. Ao mesmo tempo, quer se
reaproximar da filha, criada pela rival e única herdeira de um império de papel
e celulose. Uma das novidades desta produção é a indefinição sobre os
papéis de vilã e mocinha. Afinal, qual das duas estaria falando a
verdade?
Elogiada por subverter os modelos folhetinescos vigentes e por
apresentar uma história com poucos personagens, concentrada em uma trama
central. Também ousou nos núcleos paralelos ao fugir dos estereótipos e mostrar
diferentes abordagens em relação aos negros, à família e à defesa dos
homossexuais. Patrícia Pillar foi um dos destaques, entrando para o
time das inesquecíveis vilãs das telenovelas. Para viver sua personagem, visitou o
presídio feminino Talavera Bruce, em Bangu (zona oeste do Rio), conhecendo a
realidade das detentas.
41 comentários:
Gabriela e Escrava Isaura !!!
IHHHHH JA ESQUECI!!! KKKKKKKKKKKK
Escrava Isaura e Pai herói e Cabocla a 1 versão.
1- "Beto Rockfelller" de Bráulio Pedroso, exibida na antiga TV Tupi.
2- "Irmãos Coragem"' de Janete Clair, exibida na TV Globo
3- "As Bruxas" de Ivani Ribeiro, exibida na antiga TV Tupi.
4- "Bandeira 2" de Dias Gomes na TV Globo
Irmãos Coragem,Seva de Pedra,Roque Santeiro,a Preferida
A próxima vítima.
Prefiro minisséries.
O Feijão e o Sonho.
o casarão e Pantanal
Irmãos Coragem
além dessas que vc citou gosto também de O Bofe
Irmãos coragem,Selva de Pedra,Roque Santeiro,aPreferida.
O Bem-Amado, Selva de Pedra, O Casarão, Roque Santeiro
O Rebu (74), O Grito e Gaivotas
Dancing Days, Agua Viva, Roque Santeiro
a melhor novela brasileira: Chocolate com pimenta.....
TIETA
E Eu era criança! Mas um bom texto escrito e bem visto vira trauma ou uma boa resolução do futuro! Para eu, que tinha medo de Perpétua, virou ícone.
Roque Santeiro, sem dúvida.
O bem amado
Selva de Pedra (1a versao) e o Rebu (1a versao)... até Pantanal... depois... acabou!!! Ah não, teve uma novela da "baronesa" cortesã (Malu Mader) que eu esqueci o nome, ótima!!!!!) e o cravo e a rosa, que foi excelente!
Nenhuma
as novelas eram ótimas, e eram diversão! nunca assisti novela procurando "cultura". Mas, de repente, não tinha mais história, não tinha mais roteiro e nem sequer autor... se o público não gosta, mata o personagem; se o publico gosta, rola casamento, uma coisa sem pé nem cabeça, e então deixou de ser diversão também.
Faltou éramos seis e meu pé de laranja lima
"Véu de Noiva" (Regina Duarte, Débora Duarte, Cláudio Marzzo), com aquela trilha sonora que inclui "Teletema" (Antonio Adolfo e Tibéro Gaspar)...
Mulheres de Areia com a grande atriz Eva Vilma.
Nunca gostei de novelas.
O GRANDE SEGREDO, de 1967 com Débora Duarte e Ivan Mesquita...
Gabriela e Escrava Isaura !!!
Roque Santeiro, Carinhoso, gosto de novelas com música boa
assisti a maioria delas.Selva de Pedra,O Bem Amado entre outras retratavam o caminhar de nosso comportamento nos dias de hoje...
Gabriela Cravo e Canela, Casarão,Roque Santeiro, o Astro, Terra nostra e Escrava Isaura.... São as que vi e adorei....
Roque Santeiro...
A minha é antiga: Ciranda de Pedra (primeira versåo).
Tambèm gostei muito da " MANDALA"
Muito massa parabéns
Guerra dos Sexos
Para mim, a novela mais bonita de toda a história da teledramaturgia brasileira é OS IMIGRANTES, de Benedito Ruy Barbosa, que conta a saga dos três Antonios: o português, o espanhol e o italiano. Apresentada pela Rede Bandeirantes em 1981, contava em seu elenco com Ioná Magalhães, Rubem de Falco, Othon Bastos e Altair Lima.
Creio que assisti alguns capítulos, Bettina Mueller. Muito bonita. Aliás, tudo que a Manchete fazia, pode-se dizer que era perfeito. As novelas, então: Pantanal, Dona Beija, Os Imigrantes. Deve haver mais, que tenha me esquecido.
Irmãos Coragem.
Além de Renascer, onde tive o orgulho de ter sido dirigida por Luis Fernando Carvalho, em texto de Benedito Rui Barbosa, as novelas que antecederam esta " safra atual" , pontuaram muito bem !!!! Aplausos pra vc Antonio Nahud por esta post....
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