OTTO DIX
(1891 - 1969. Gera / Alemanha)
Entrevistei Günter Grass na Fnac de Madri, em 2000
Para o jornal “A Tarde” (BA)
e o livro “ArtePalavra – Conversas no
Velho Mundo” (2002)
Quando a maioria tenta esquecer-se do passado, um dos maiores intelectuais da Alemanha remexe o nazismo e denuncia o tema em entrevistas e em livros. Mais do que um gigante literário, GÜNTER GRASS é um tutor moral do pós-guerra. Autor de “A Ratazana” (1986) e prêmio Nobel de Literatura 1999, ele traduz a desordem humana oculta na história política da sua nação. Sua obra tem características dos murais históricos e sociais. Romancista, poeta, escultor e desenhista, é um dos autores definitivos da língua alemã e o principal porta-voz de sua geração. Nascido em 1927, em Danzig, começou sua carreira literária em
Paris, por volta de 1956, e teve o reconhecimento internacional com o barroco“O Tambor”, romance finalizado em 1959, quando ele contava 32 anos, e escrito
em um porão da capital francesa. Com o livro, ele ganhou o papel informal de “consciência
crítica da Alemanha”. Traduzido para 24 idiomas, relata o estado de quase
apoplexia que teria levado homens e mulheres a aceitarem o nazismo como uma
extensão de seu caráter.
Quando a maioria tenta esquecer-se do passado, um dos maiores intelectuais da Alemanha remexe o nazismo e denuncia o tema em entrevistas e em livros. Mais do que um gigante literário, GÜNTER GRASS é um tutor moral do pós-guerra. Autor de “A Ratazana” (1986) e prêmio Nobel de Literatura 1999, ele traduz a desordem humana oculta na história política da sua nação. Sua obra tem características dos murais históricos e sociais. Romancista, poeta, escultor e desenhista, é um dos autores definitivos da língua alemã e o principal porta-voz de sua geração.
Nos anos 1960 e 1970, os romances de GÜNTER GRASS enfocaram a
desilusão a pairar sobre a construção de uma nova sociedade alemã. Enquanto
escrevia, produzia discursos para Willy Brandt, o primeiro chanceler
social-democrata do país, e encontrava tempo para denunciar, por exemplo, a
indústria de armamentos alemã ou a “cumplicidade moral” dos católicos e
luteranos com o nazismo. Ele se diz “não um pessimista, mas um cético”. Sua missão
parece ser a de alertar, por meio da escrita e também da persona pública, a má
consciência dos que se esquivam e se desculpam por seus raramente assumidos pecados
de guerra.
Para ele, o papel do escritor é rasgar feridas que não estejam curadas. Ano passado foi especialmente importante para a sua carreira inovadora. Ganhou o Nobel e o prêmio espanhol Príncipe das Astúrias de Letras. Foi o reconhecimento a um autor engajado politicamente, preocupado com temas como aborto, xenofobia e armas nucleares. Entre seus romances conhecidos estão “O Linguado”, “A Ratazana” e “Anos de Cão”. O mais recente, “Meu Século”, foi lançado recentemente no Brasil. Homem simples e agradável, 71 anos, incansável fumador de cachimbo, de passagem por Madri concedeu a entrevista publicada adiante.
O senhor provoca ao mesmo tempo amor e ódio entre sua gente. Talvez seja mais querido fora do seu país.
Não creio que tenha a ver especificamente com minha pessoa. Sucede em outros países com outros escritores. Por exemplo, Juan Goytisolo, um autor espanhol a quem aprecio muito. Ele é bastante incompreendido na Espanha e respeitado na Alemanha. Isso sempre acontecerá no universo literário. Não lamento. Estou bem, mesmo com os ataques sofridos no meu próprio país.
Tudo começou há 41 anos com a publicação de “O Tambor”, uma obra que abalou o establishment literário alemão. Esse romance é um clássico do século XX. Influenciou diversos escritores.
Fico alegre em saber que autores mais jovens que eu, como Salman Rushdie ou John Irving, leram a tradução inglesa de “O Tambor” e que o livro os animou em sua carreira literária. Não como influência, mas como incentivo para seguir escrevendo. Naturalmente que me sinto feliz.
Menos consensual foi a avaliação em relação ao recente “Meu Século”.
A imprensa alemã o considerou ilegível e monstruoso. Não é fácil ser sincero em relação a unificação alemã e outros temas delicados, e agradar a todos.
Conhecido como um escritor profundamente politizado, defende, inclusive, minorias. Sua literatura chama a atenção para um mundo humanista, quase desaparecido. Vem daí a polêmica?
Sempre estive ao lado das minorias. Provavelmente tem a ver o fato de ser de origem kachuba por parte de minha mãe, e os kachubos constituem, na Polônia, uma minoria eslava. Não entendo como a gente cruza os braços diante de massacres nos quais são vítimas centenas de pessoas. Muitas vezes me sinto consternado quando nossos pacifistas, que respeito, desconectam sua memória diante de um passado recente terrível. Eu não quero me calar diante dos horrores do meu tempo.
Sétimo escritor germânico a receber o Nobel. Desde os anos 70 candidato ao prêmio. Demorou pra chegar?
Para ele, o papel do escritor é rasgar feridas que não estejam curadas. Ano passado foi especialmente importante para a sua carreira inovadora. Ganhou o Nobel e o prêmio espanhol Príncipe das Astúrias de Letras. Foi o reconhecimento a um autor engajado politicamente, preocupado com temas como aborto, xenofobia e armas nucleares. Entre seus romances conhecidos estão “O Linguado”, “A Ratazana” e “Anos de Cão”. O mais recente, “Meu Século”, foi lançado recentemente no Brasil. Homem simples e agradável, 71 anos, incansável fumador de cachimbo, de passagem por Madri concedeu a entrevista publicada adiante.
O senhor provoca ao mesmo tempo amor e ódio entre sua gente. Talvez seja mais querido fora do seu país.
Não creio que tenha a ver especificamente com minha pessoa. Sucede em outros países com outros escritores. Por exemplo, Juan Goytisolo, um autor espanhol a quem aprecio muito. Ele é bastante incompreendido na Espanha e respeitado na Alemanha. Isso sempre acontecerá no universo literário. Não lamento. Estou bem, mesmo com os ataques sofridos no meu próprio país.
Tudo começou há 41 anos com a publicação de “O Tambor”, uma obra que abalou o establishment literário alemão. Esse romance é um clássico do século XX. Influenciou diversos escritores.
Fico alegre em saber que autores mais jovens que eu, como Salman Rushdie ou John Irving, leram a tradução inglesa de “O Tambor” e que o livro os animou em sua carreira literária. Não como influência, mas como incentivo para seguir escrevendo. Naturalmente que me sinto feliz.
Menos consensual foi a avaliação em relação ao recente “Meu Século”.
A imprensa alemã o considerou ilegível e monstruoso. Não é fácil ser sincero em relação a unificação alemã e outros temas delicados, e agradar a todos.
Conhecido como um escritor profundamente politizado, defende, inclusive, minorias. Sua literatura chama a atenção para um mundo humanista, quase desaparecido. Vem daí a polêmica?
Sempre estive ao lado das minorias. Provavelmente tem a ver o fato de ser de origem kachuba por parte de minha mãe, e os kachubos constituem, na Polônia, uma minoria eslava. Não entendo como a gente cruza os braços diante de massacres nos quais são vítimas centenas de pessoas. Muitas vezes me sinto consternado quando nossos pacifistas, que respeito, desconectam sua memória diante de um passado recente terrível. Eu não quero me calar diante dos horrores do meu tempo.
Sétimo escritor germânico a receber o Nobel. Desde os anos 70 candidato ao prêmio. Demorou pra chegar?
Não acreditava que fosse possível. Pensava que não
receberia o Nobel. Sinceramente, não esperava, foi uma surpresa. Posso dizer
que sinto alegria e orgulho.
“Meu Século” já foi traduzido no Brasil. O senhor tem admiradores no nosso país. Que tal uma visita?
Há que contar com o tempo. Além disso, levo muitos anos escrevendo, estou velho. De modo que a liberdade de movimento nem sempre coincide com a vontade.
TODA a OBRA do ESCRITOR
DIE VORZÜGE der WINDHÜHNER
(poemas, 1956)
DIE BÖSEN KÖCHE. ein DRAMA
(peça teatral, 1956)
HOCHWASSER. ein STÜCK in ZWEI AKTEN
(peça teatral, 1957)
ONKEL, ONKEL. ein SPIEL in VIER AKTEN
(peça teatral, 1958)
O TAMBOR - Die Blechtrommel
(romance, 1959)
O GATO e o RATO - Katz und Maus
(romance, 1961)
O CÃO de HITLER - Hundejahre
(romance, 1963)
GLEISDREIECK
(poemas, 1960)
DIE PLEBEJER PROBEN den AUFSTAND
(peça de teatro, 1966)
AUSGEFRAGT
(poemas, 1967)
ÜBER das SELBSTVERSTÄNDLICHE. REDEN –
DIE VORZÜGE der WINDHÜHNER
(poemas, 1956)
DIE BÖSEN KÖCHE. ein DRAMA
(peça teatral, 1956)
HOCHWASSER. ein STÜCK in ZWEI AKTEN
(peça teatral, 1957)
ONKEL, ONKEL. ein SPIEL in VIER AKTEN
(peça teatral, 1958)
O TAMBOR - Die Blechtrommel
(romance, 1959)
O GATO e o RATO - Katz und Maus
(romance, 1961)
O CÃO de HITLER - Hundejahre
(romance, 1963)
GLEISDREIECK
(poemas, 1960)
DIE PLEBEJER PROBEN den AUFSTAND
(peça de teatro, 1966)
AUSGEFRAGT
(poemas, 1967)
ÜBER das SELBSTVERSTÄNDLICHE. REDEN –
AUFSÄTZE – OFFENE BRIEFE – KOMMENTARE
(discursos, ensaios, 1968)
ÖRTLICH BETÄUBT
(1969)
DAVOR
(peça de teatro, 1970)
AUS DEM TAGEBUCH EINER SCHNECKE
(1972)
DER BÜRGER UND SEINE STIMME. REDEN AUFSÄTZE KOMMENTARE
(discursos, ensaios, 1968)
ÖRTLICH BETÄUBT
(1969)
DAVOR
(peça de teatro, 1970)
AUS DEM TAGEBUCH EINER SCHNECKE
(1972)
DER BÜRGER UND SEINE STIMME. REDEN AUFSÄTZE KOMMENTARE
(discursos, ensaios, 1974)
DENKZETTEL. POLITISCHE REDEN und AUFSÄTZE 1965–1976
DENKZETTEL. POLITISCHE REDEN und AUFSÄTZE 1965–1976
(ensaios
políticos e discursos, 1978)
O LINGUADO - Der Butt
(romance, 1977)
Das TREFFEN in TELGTE
(1979)
KOPFGEBURTEN ODER die DEUTSCHEN STERBEN AUS
(1980)
WIDERSTAND LERNEN. POLITISCHE GEGENREDEN 1980–1983
O LINGUADO - Der Butt
(romance, 1977)
Das TREFFEN in TELGTE
(1979)
KOPFGEBURTEN ODER die DEUTSCHEN STERBEN AUS
(1980)
WIDERSTAND LERNEN. POLITISCHE GEGENREDEN 1980–1983
(discursos
políticos, 1984)
A RATAZANA - Die Rättin
(romance, 1986)
MAUS PRESSÁGIOS - Unkenrufe
(romance, 1992)
Uma LONGA HISTÓRIA - Ein Weites Feld
(romance, 1995)
O MEU SÉCULO - Mein Jahrhundert
(memórias, 1999)
PASSO de CARANGUEJO - Im Krebsgang
(romance, 2002)
LETZTE TÄNZE
(poemas, 2003)
DESCASCANDO a CEBOLA - Beim Häuten der Zwiebel
(autobiografia, 2006)
DUMMER AUGUST
(poemas, 2007)
A CAIXA - Die Box
(autobiografia, 2008)
Em VIAGEM de uma ALEMANHA à OUTRA: DIÁRIO, 1990
- Unterwegs von Deutschland nach Deutschland. Tagebuch 1990.
(diário, 2009)
PALAVRAS de GRIMM - Grimms Worter
(ensaios, 2010)
A RATAZANA - Die Rättin
(romance, 1986)
MAUS PRESSÁGIOS - Unkenrufe
(romance, 1992)
Uma LONGA HISTÓRIA - Ein Weites Feld
(romance, 1995)
O MEU SÉCULO - Mein Jahrhundert
(memórias, 1999)
PASSO de CARANGUEJO - Im Krebsgang
(romance, 2002)
LETZTE TÄNZE
(poemas, 2003)
DESCASCANDO a CEBOLA - Beim Häuten der Zwiebel
(autobiografia, 2006)
DUMMER AUGUST
(poemas, 2007)
A CAIXA - Die Box
(autobiografia, 2008)
Em VIAGEM de uma ALEMANHA à OUTRA: DIÁRIO, 1990
- Unterwegs von Deutschland nach Deutschland. Tagebuch 1990.
(diário, 2009)
PALAVRAS de GRIMM - Grimms Worter
(ensaios, 2010)
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