Tudo é quietude:
Escuro e claridade,
Livro e flor.
RAINER MARIA RILKE
(1875 - 1926. Praga / República Checa)
E lá vou eu de novo,
sem freio nem paraquedas
MILLÔR FERNANDES
(1923 - 2012. Rio de Janeiro / RJ)
Fotos:
ANTONIO NAHUD por MORVAN FRANÇA
(1987 - 2016. Belo
Horizonte / Minas Gerais)
Ilustrações:
EDVARD MUNCH
(1863 - 1944. Løten / Noruega)
AUTO-RETRATO
Os homens são ensinados a não serem emotivos e não creio que seja correto. Não acho vergonhoso chorar. A última vez que chorei foi há alguns dias, pensando em como os estranhos podem ser gentis. À medida que envelheço, meu temperamento se torna mais suave. A melancolia ranzinza não demora muito tempo. É um sopro que desaparece rapidamente. Não é ruim sentir emoções em vez de enterrá-las. Em busca de sensações, viajo desde os treze anos de idade. Hoje já não muito, ando agora praticando a viagem como um estado constante, afinal a vida é viagem, dizia Sêneca. Nasci para viajar, tornando-me um escritor viajante. Curiosamente, viajando descobri significâncias no próximo e no mais secreto de mim mesmo; viajando ocorreram encontros marcantes, fora do quadro civilizacional das raízes, que me ensinaram o valor do despojamento, da gentileza, hospitalidade e compreensão.
Os homens são ensinados a não serem emotivos e não creio que seja correto. Não acho vergonhoso chorar. A última vez que chorei foi há alguns dias, pensando em como os estranhos podem ser gentis. À medida que envelheço, meu temperamento se torna mais suave. A melancolia ranzinza não demora muito tempo. É um sopro que desaparece rapidamente. Não é ruim sentir emoções em vez de enterrá-las. Em busca de sensações, viajo desde os treze anos de idade. Hoje já não muito, ando agora praticando a viagem como um estado constante, afinal a vida é viagem, dizia Sêneca. Nasci para viajar, tornando-me um escritor viajante. Curiosamente, viajando descobri significâncias no próximo e no mais secreto de mim mesmo; viajando ocorreram encontros marcantes, fora do quadro civilizacional das raízes, que me ensinaram o valor do despojamento, da gentileza, hospitalidade e compreensão.

Giro em torno do eixo;
sobre um ponto no espaço
desço, vertical: casa poética.
À minha volta,
o mundo de cristal.
Ninguém me acompanha
nesta superfície estranha
e luminosa.
CONFISSÕES (2014)
Apesar dos avanços tecnológicos
que temos agora, ainda acho que as coisas eram melhores há décadas. Estamos
trabalhando para sobreviver dignamente, faltando tempo para considerar o
que realmente significa ser humano. Não aproveitamos a tecnologia para
facilitar nossas vidas e estamos sujeitos à considerável manipulação e ajustamento.
Nasci grapiúna, geminiano, sob a benção de Santo Antônio em uma época familiar, tradicional e benéfica. Vim ao mundo pouco depois da meia-noite, no
sul da Bahia, terra dos frutos de ouro. Nas veias sangue libanês, indígena,
sergipano, português. Meu pai, arrebatado, ofertou no dia da natividade
uma celebração para a comunidade, com músicos, churrasco e cachaça em
praça pública.
Nasci filho mais velho do galã Antônio
José, advogado de humilhados e ofendidos. Ele partiu para o outro lado da lua moço,
levando a imagem de um homem desiludido e honrado, camisas de seda, anéis de
rubi e admirável apego a fauna e a flora da Mata Atlântica. Devo a dona
Lurdinha, dama amável e generosa, o que existe de melhor em meu coração, se
acaso existe. A bondade é, no fim das contas, o sentimento mais precioso. E ela
tem de sobra. De família tradicional falida, cresci atormentado por dificuldades
financeiras. No entanto, havia proteção, fraternidade, irmãos de bom
coração (hoje, os advogados Neto e Paulo Manchinha, o médico Urbano, o
arquiteto Marc e a doce ginecologista Anna Áurea) e a vivência na
Fazenda “Bela Vista” perfumada pelo cacau. Mamma mantém a residência urbana onde
tudo começou, na Né Abade. Guardo lá tesouros: diários, livros, álbuns de fotografias.

estas árvores invisíveis
campos sem sombra
carcará cortando o ar
são sortilégios
para desnortear desilusões.
LIVRO de IMAGENS (2009)
Atitudes perante a vida
ensinaram-me a viver o despojamento do ego para dar espaço ao divino, na
vivência de uma religação cósmica, de indivíduo que cultiva virtudes. Procuro depuração e decantação.
Por isto, no momento, vejo o jornalismo como uma profissão de risco. Não nego que sou bicho estranho,
que voa e pousa, dispara e contempla. Desde menino tenho compaixão pelos miseráveis; desde menino me sinto atraído pelo misterioso, o oculto, em uma
mediunidade espontânea que me torna compassivo ao meio ambiente. Percebo vultos,
ouço vozes inexistentes, creio em criaturas de outros mundos.
Durante anos, estudei no
tradicional Colégio Divina Providência, amando a literatura graças à
dedicação de um professor, Ruy do Carmo Póvoas, e ao convívio fraterno com o
excelente contista Hélio Pólvora. Aos 17 anos, após meses poupando cada
centavo, torrei a pequena fortuna em viagem mundana de um ano ao Rio de Janeiro,
entregando-me de corpo e alma à farra carioca: frequentei cinematecas, exposições
de arte, festinhas excêntricas e namorei a todo vapor - tudo devidamente
anotado em “Diários”. Desta época, restou a lembrança do poeta e compositor Antonio
Cícero e do escritor argentino Manuel Puig, que brilhava os olhos quando eu
recordava cenas criminais de clássicos do cinema.
Quando se é jovem, as emoções são
apaixonantes e transitórias. Continuando os estudos, voltei à Bahia. No final da
década de 80, editei o mensal “Narciso”, o caderno de cultura do jornal “Agora”
e escrevi para diversos outros periódicos, inclusive críticas e artigos sobre
arte e comportamento. Polêmico e ousado, embora tímido, arrisquei-me durante
dois anos como repórter na TV Cabrália (Rede Manchete). O impulso seguinte: a
grande São Paulo. Em cerca de dois anos – por sinal, conturbados -, estudei
cinema com Carlão Reichenbach e resisti como assessor de comunicação do arrogante José Aristodemo Pinotti e leitor de inéditos da Editora Siciliano. Na selva de
pedra, que quase me arruinou, tive o privilégio de conviver com Hilda Hilst,
Caio Fernando Abreu, Lygia Fagundes Telles e Pedro Paulo de Senna Madureira.
tua lembrança
posso tocá-la de tão próxima
nesta noite de sutilezas e
argúcias
SUAVE é o CORAÇÃO ENAMORADO
(2006)
A literatura corre com o rio do tempo, ela pertence à sociedade. Nenhum virtuoso
acredita no culto do escritor enquanto entidade independente, porque sabe que a literatura é na sua essência uma proposta de partilha. O autor é um pesquisador de
harmonias pré-existentes no cosmo, seja ele o microcosmo humano individual ou o
infinito universo do qual faz parte. Devemos tudo aos antecessores, então, no
processo criativo, saldamos essa dívida de gratidão por
tudo o que nos foi dado para continuar a construção da voz literária. O
secreto, enquanto símbolo,
exprime a imensa força catalisadora das transformações. A sensibilidade,
o lúcido e a imaginação poética são ferramentas na
evolução das sociedades. Aspiram a harmonia da
relação homem-vida. A linguagem literária que me interessa é de natureza
panteísta, apela ao regresso dos tempos e à fusão do homem com a
natureza, ao sossego da
alma equilibrada com o meio envolvente. Mais do que nunca precisamos da
natureza, caminhando com ela, e não contra ela. Defendo o estado
contemplativo e criativo como imperativo para a sobrevivência na caótica
e enfadonha modernidade. Apelo à literatura contra o grosseiro
materialismo
dominante. Nesta tradição me inscrevo e escrevo.
Sortudo na conquista de preciosas
amizades, perdi uma ou outra por imaturidade ou egoísmo. Ao redor, íntimas e cúmplices,
destacam-se mulheres de valor, já que admiro o universo feminino. Em 1993, após
prêmios literários sem importância e apadrinhamento do bom poeta Telmo Padilha,
veio o júbilo da estreia literária em “O Aprendiz do Amor”, revelando
publicamente uma literatura com tendência para a desilusão, desconfiada da razão. Inquieto, desanimado e
confuso, parti para a Europa em 1994. Procurava respostas para questões
incômodas. Encontrei algumas. Outras, talvez nunca encontre. No estrangeiro aprendi
a importância da disciplina, do amor e da amizade. Sobrevivia no Velho Continente das entrevistas para jornais e revistas do Brasil (“Folha de S. Paulo”, “O Tempo”, “A
Tarde”, “Continente Multicultural”, “Tribuna do Norte” etc.) e
de trabalhos despretensiosos: de cozinheiro na Andaluzia a modelo nu em
escola de Belas Artes em Madri.
O amor é um belo delírio
condenado à incerteza. O amor renasce quando menos se espera. O amor é aquilo
que, ao mesmo tempo, nos cega e nos ilumina.
PEQUENAS HISTÓRIAS do DELÍRIO
PECULIAR HUMANO (2012)
De fato, deixei-me contaminar por
diferentes expressões artísticas. Existe um constante fluxo de influências entre o que escrevo e o
cinema, teatro, música, artes plásticas. Desenvolvi este conceito de
deslimitação dos modos de expressão. Esta é a essência da
literatura que aprecio. “Se um Viajante Numa Espanha de Lorca”, publicado em Portugal
em 2005, é um exemplo deste caminho pessoal de tendência deslimitadora de
gêneros literários. Colaborei com veículos de
comunicação portugueses (“Diário de Notícias”, “Público”, “Jornal de Sintra”,
“Foco”, “Veludo” etc.) e espanhóis (“La Vanguardia” etc.). Morei temporadas nos domínios de Fernando Pessoa (Lisboa, Sintra e Cascais), na Espanha
(Barcelona, Madri, Cádiz e Pontevedra), França (Paris) e Inglaterra (Londres). Em Portugal, publiquei
três livros. Guardo na memória conversas fraternas com os
escritores José Saramago e Maria Gabriela Llansol. Cobri profissionalmente festivais de cinema e
encontros literários, entrevistando cerca de 200 celebridades, algumas premiadas
com o Nobel ou o Oscar. Relatei viagens por trem, mar e auto-estradas.
Enxergo cidades, mesmo as desaparecidas como Tróia ou Babilônia, nas vozes
daqueles que as descrevem. Elas vivem por meio dos seus escritores como foram um dia. A Paris de Proust está em seus livros. A Moscou de Leon
Tolstoi, a Florença de Rilke, as terras do sem fim de Jorge Amado etc.
Em 1999, morando em Londres, entrevistei
Doris Lessing, participei de sarau ao lado do maluco bardo beat Lawrence Ferlinghetti e interpretei poemas, peladão, no Naked
Poetry (Poesia Nua). Ainda no país de Shakespeare, encontrei estima verdadeira
na pele do jovem cientista político catalão Joan Sebastian Ribas. Vivemos juntos
sete anos. A hora do adeus foi ingrata: aconteceu em um tribunal. Simples e brilhante,
Joanzito fala naturalmente oito idiomas. Em 2003, de férias no Brasil, aceitei
um inesperado trabalho na Petrobras, em um projeto terceirizado de comunicação;
a seguir, os costumes potiguares, escrevendo a biografia do carismático poeta
Diogenes da Cunha Lima. Ainda nos trópicos, investi na co-produção de shows e
peças de teatro, em Salvador; e publiquei livros, entre eles, “ArtePalavra –
Conversas no Velho Mundo” (2003). Colocando o pé na estrada vaguei
por Andorra, Cuba, México, Escócia, Áustria e Grécia. Nesta época, troquei ideias
com o escritor norte-americano Paul Bowles, no Marrocos; e passei meses lúdicos - quase hippies - na Alemanha, Itália e
Açores.
Vem-me à cabeça uma imbecilidade:
qual será o último livro que lerei antes do apocalipse pessoal e o que
representará para os últimos instantes de vida?
SE UM VIAJANTE numa ESPANHA de
LORCA (2005)
A relação entre criação e
experiências mundo afora é óbvia na literatura. Infelizmente,
os que partem e jamais voltam ou os que partem e regressam, os “estrangeirados”
– como eu -, continuam a ser, embora mais atenuadamente, uma realidade que gera incomodo. Existe um aspecto tradicional no pensamento
coletivo, uma inclinação para aceitar com reservas e suspeitas qualquer
inovação. Fechamo-nos demasiado em torno de nós mesmos, em hábitos e rotinas
com os quais abafamos o vazio, ou nos deixamos abalar pelo que vem de fora com
suas peculiaridades. São facetas do jogo entre o novo e o tradicional, em que o
antigo é mais novo do que se julga e o novo não tão novo assim quanto deixa
supor. Outra vez no sul da Bahia, em
2008, procurei fazer a coisa certa como vice-diretor do Centro de Cultura
Adonias Filho; escrevi por mais de um ano a polêmica coluna “Curto / Circuito”,
no “Diário do Sul”; dirigi e apresentei o programa “Fina Estampa”, na TV Itabuna; editei blogs informativos bastante
visitados (“No Silêncio da Noite”, “El Gitano”, “Três Vezes Bahia” etc.); aceitei convites de bienais e festas literárias em distintas cidades; e meu “Livro de Imagens” (2008) publicado pela Fundação Pedro Calmon,
órgão cultural do governo baiano. Terminei por não me defender das emboscadas políticas
com grandeza de alma, e ao perder a confiança nos valores vigentes parti mais
uma vez.
O maravilhoso de viver é que há a
possibilidade de surpresas primorosas. Depois de anos com o pé na estrada, acreditei
em Natal – a Noiva do Sol, capital do Rio Grande do Norte - como o lugar
imperativo para passar muitos anos. O campo propício para sonhos poéticos.
Natal e seu sol ardente receberam-me de braços abertos, mudando o ciclo da minha
vida em muitos sentidos. Cresci como ser humano, conheci uma nova cultura, fiz amigos,
vivenciei uma belíssima e trágica história de amor, ganhei prêmios e título de cidadão natalense,
publiquei livros e uma revista, além de serenar o coração impulsivo. Ando
escrevendo sem pressa, ouço jazz e da casa diante do mar observo infinitos,
estrelas cintilantes, a lua e a imensidão da maturidade.
Nunca me senti privilegiado ao
entrevistar celebridades, muito pelo contrário, às vezes mergulho na crença de
ser um estúpido paparazzi, um Marcello Mastroianni perseguindo famosos em “A
Doce Vida”.
ARTEPALAVRA – CONVERSAS no VELHO
MUNDO (2002)
Está em curso uma baderna do que
entendemos por literatura. Os modos de dizer estão confusos. A discussão em torno da literatura tupiniquim ignora o essencial: o
papel do escritor na sociedade. Gosto de pensar que somos uma espécie de reserva
ética da humanidade, que deveríamos ser consultados por políticos. Enquanto
guardiães de uma tradição antiquíssima, coloco-me como intérprete do imenso coração que tudo engloba. Os escritores contemporâneos perderam o
estatuto na sociedade, sobrevivendo entre o excêntrico e o toma lá dá cá. Quando há participação
na coisa pública, muitas vezes detecta-se o puxa-saquismo, agravante da intolerável falta de moral. Um famigerado criminoso da guerra dos Bálcãs,
com elevadas responsabilidades políticas, antes do conflito foi um reconhecido
poeta. Vejo o escritor como um exorcista de demônios, nunca o demônio dele
próprio. Talvez os escritores devam recuar para transcender, afinal escritores doutrinados, envolvidos na infâmia partidária, é
frustrante e doloroso. É imperioso repensar o papel do escritor, embora me pareça que
estamos condenados. Os escritores, creio, são uma espécie de anjos em uma
humanidade anestesiada e esvaziada na sua profundeza. Acredito que fazer literatura
é um bom remédio para sanar enfermidades íntimas e sociais.
todo desejo tem sua inocência
todo olhar um código
toda aventura um perigo
quem irá me surpreender?
LIVRO de IMAGENS (2009)
Escrever exige dedicação e
concentração. Após o romance “Homem sem Caminho”, finalizado ano passado e
inédito, mergulhei em um texto que está quase pronto, “O Idoso Desejado”, uma
trama policial inspirada em um ancião inglês que vi sentado certa vez em um
café de Tânger, fumando cachimbo e sorrindo compreensivamente para o que
acontecia ao seu redor. Magro, seco, barba elegante,
vestia-se discretamente e não tirou o chapéu. Havia fleuma e reserva nos olhos
azuis que fitavam com ironia a clientela local.
Exalava calma, mistério e sabedoria pragmática anglo-saxônica. Aquele homem octogenário
não tinha um grama de gordura a mais no corpo. Não se alimentava pelo prazer da
degustação, mas pelo conhecimento exato e científico do mundo vegetal e animal. Ao levantar-me, ele afastou a
cadeira para eu passar, os nossos olhares se cruzaram, e foi neste momento que
resolvi contar a sua possível história. Eu sempre quis ter um avô com quem
conversar sobre as coisas estranhas do mundo, as coisas do peito e do
pensamento. Um avô que me garantisse as portas da percepção, se abertas
com cuidado e atenção, como amplos ciclos de vida, em uma visão ampliada
do universo. Um avô que aprofundasse as virtudes da temperança e da harmonia,
que penetrasse comigo nos segredos das paixões humanas, e não menos importante,
que me ajudasse a tornar-me tolerante comigo e com os
outros. Então, criei na ficção um solitário que sonha com esse octagenário,
esse homem mais velho especial. Ao avistá-lo em seu trono ilusório, decidi
raptá-lo, levando na memória ao templo da narrativa. É intriga que remete ao clássico “O Colecionador”, de John Fowles, ou “As Sete Mulheres de Barba-Azul”, de
Anatole France.
Tendo facilidade de adaptar-me a mudanças inesperadas, encaro desafios com encantamento. Gosto de renovações. Sem lamentações,
o roteirista de cinema e TV que nunca deu para ser seria mestre em
reviravoltas. Acredito em explorar territórios desconhecidos para encontrar a essência. Afinal, quem não corre riscos perde a chance de se
surpreender. Escrever não é apenas sentar à mesa consigo mesmo, na
solidão da noite. É escutar o espírito do mundo. Pode ser que, no fim da
existência, deixe poucos rastros nítidos da passagem na terra,
mas irei com o coração saciado, satisfeito com a fantasia aventureira; ciente que amei, escrevi mil e uma vezes, viajei,
fortaleci a alma e li o que pude, e parti consciente de que
nada sei.