E a minha voz nascerá de novo,
talvez noutro tempo sem dores,
arderá de novo o meu coração
ardente e estrelado.
PABLO NERUDA
Ilustrações: CASPAR DAVID FRIEDRICH
(1774 – 1840. Greifswald / Alemanha)
talvez noutro tempo sem dores,
arderá de novo o meu coração
ardente e estrelado.
PABLO NERUDA
Ilustrações: CASPAR DAVID FRIEDRICH
(1774 – 1840. Greifswald / Alemanha)
Posfácio
meu para o livro “PABLO NERUDA – Uma ENTREVISTA IMAGINADA” (2023),
do escritor
potiguar Diogenes da Cunha Lima e da Artêra Editora (PR).
Publicado também na Revista da Academia Norte-rio-grandense de Letras,
Publicado também na Revista da Academia Norte-rio-grandense de Letras,
em julho de 2023.
Este trabalho resulta de uma experiência de leitura intensa da vida e obra poética de Pablo Neruda, revelando a preocupação fundamental de elaborar uma conversação que fornecesse subsídios para o mais íntimo e irreverente do poeta chileno. Tudo começou com a publicação de “Livro das Respostas” (Massao Ohno Editora, 1996), respondendo ao surrealista “Libro de las Preguntas” (1973), uma obra póstuma, com perguntas que Neruda escreveu ao longo de sua vida e publicadas na Argentina. Nela, questionam-se animais, coisas, figuras históricas, plantas, o sol, o mundo e a si mesmo. Simples e, talvez, confuso, das menores questões às mais inusitadas, o poeta rejeita regras e rótulos e nos apresenta um mundo fascinante com o magnetismo de sua linguagem.
Desafiando o enigma, Diogenes da Cunha Lima lançou o “Livro das Respostas”. Na época, foi muito bem recebido por críticos literários e intelectuais. No dizer do poeta e tradutor mineiro Ivo Barroso, “o livro foi para mim uma revelação, um deslumbramento. São respostas de uma imaginativa, ao mesmo tempo abrangente e detalhista, capazes de explorar os recantos mais inesperados das indagações nerudianas, trabalhadas em ecos e acordes, em correspondências sonoras e modulações sutis, que transcendem, de certa forma, o tom meramente indagativo da pergunta. Não se trata de uma disputa e sim de um diálogo de inteligências sensíveis, um canto e contracanto de duas vozes equivalentes, ambas empenhadas em transmitir aos leitores os diapasões mais extremos de sua sensibilidade.”O teatrólogo alagoano Altimar Pimentel deu ainda mais destaque ao livro de Diogenes da Cunha Lima com uma adaptação para o teatro com o título “Diálogos de Nuestra América”. O texto-diálogo foi representado em João Pessoa, Natal e outras cidades nordestinas. Além dele, Danilo Guanaes compôs música dedicada ao livro.
Ainda sobre o livro-resposta, o professor e ensaísta pernambucano Edson Nery da Fonseca observou que o autor deixou-se impregnar pela atmosfera de magia e sonho dos poemas de Neruda. E disse mais: “Lançadas ao acaso, sem interlocutor determinado, as perguntas são marcadas pelo non sense, sobre o mundo circundante e também sobre si próprio. E, apesar do tom surreal, detecta-se uma profunda humanidade na obra de Neruda, muitas vezes amenizada em sua amargura pela brandura de Diogenes. Envolvido pelo sortilégio nerudiano, ele deu respostas que o poeta chileno jamais poderia prever”.
Pablo Neruda consagrou-se como um dos maiores poetas da língua castelhana. Sua poesia, sua vida e seu pensamento têm uma estrutura circular de completa busca afirmativa e humanizadora, valorizando a busca da felicidade e da alegria. Trazendo a visão do mundo e da vida, ele canta o amor, a esperança, a justiça. Fala do mar e da liberdade como bálsamos e respostas para corações escuros. Privilegia os contatos humanos, acreditando que não há poesia sem eles, e destaca, ainda, que a sociedade humana e seu destino são matérias sagradas para o poeta.
A arte de Neruda está cheia de poemas de
amizade, que se torna um dos temas principais, depois do motivo central do
amor. Suas poesias relacionam-se com a terra, o tempo e o homem. A temática é
absorvida da sua vivência. Também teceu em sua literatura os paradoxos da
condição humana, que trata da solidão e da solidariedade, da subjetividade e da
ideologia. É vastíssima a sua obra, reunida em cerca de 40 volumes dedicados
somente às criações poéticas.
Poeta consagrado, Diogenes da Cunha Lima teve, recentemente, seu trabalho aplaudido pelo português António Salvado, um dos maiores nomes literários contemporâneos: “Devo salientar o domínio do poema, na medida em que este jamais se aproxima da prosa, numa rítmica amplificação encantadora”. Profundo conhecedor do mundo nerudiano, o autor preparou-se de corpo e alma para realizar esses livros em torno do poeta chileno. Visitou o Chile, falou com pessoas, conheceu lugares onde o poeta viveu, vivenciou aproximações com a alma do poeta e leu e releu a sua obra. Dessa dedicação, resultaram dois livros curiosos, diferentes, instigantes.
As respostas de “Pablo Neruda: Uma Entrevista Imaginada” decorrem do que o autor imaginou que o poeta dissesse e o aproveitamento de seus textos, confessionais ou não, registrados em livros, biografias, notícias de periódicos, entrevistas, na internet. A sua paixão por Neruda, certamente, levou-o a atribuir-lhe frases e conceitos. Obra leve, sem preocupação acadêmica, não despreza a política, as dores compartilhadas pelo poeta, o sofrimento humano, as posições ideológicas. Apenas deixa outros tratarem desses assuntos.
O livro possui particularidades instigantes, como o fato de ser um diálogo entre dois poetas distanciados no tempo e no espaço, mas próximos pela sensibilidade poética de cada um. Brasil e Chile dialogam por meio de dois poetas que expõem as suas inquietações. O encontro, mesmo ficcional, de Diogenes e Neruda é afetuoso, original e virtuoso. Encanta o leitor.
Poeta consagrado, Diogenes da Cunha Lima teve, recentemente, seu trabalho aplaudido pelo português António Salvado, um dos maiores nomes literários contemporâneos: “Devo salientar o domínio do poema, na medida em que este jamais se aproxima da prosa, numa rítmica amplificação encantadora”. Profundo conhecedor do mundo nerudiano, o autor preparou-se de corpo e alma para realizar esses livros em torno do poeta chileno. Visitou o Chile, falou com pessoas, conheceu lugares onde o poeta viveu, vivenciou aproximações com a alma do poeta e leu e releu a sua obra. Dessa dedicação, resultaram dois livros curiosos, diferentes, instigantes.
As respostas de “Pablo Neruda: Uma Entrevista Imaginada” decorrem do que o autor imaginou que o poeta dissesse e o aproveitamento de seus textos, confessionais ou não, registrados em livros, biografias, notícias de periódicos, entrevistas, na internet. A sua paixão por Neruda, certamente, levou-o a atribuir-lhe frases e conceitos. Obra leve, sem preocupação acadêmica, não despreza a política, as dores compartilhadas pelo poeta, o sofrimento humano, as posições ideológicas. Apenas deixa outros tratarem desses assuntos.
O livro possui particularidades instigantes, como o fato de ser um diálogo entre dois poetas distanciados no tempo e no espaço, mas próximos pela sensibilidade poética de cada um. Brasil e Chile dialogam por meio de dois poetas que expõem as suas inquietações. O encontro, mesmo ficcional, de Diogenes e Neruda é afetuoso, original e virtuoso. Encanta o leitor.
ANTONIO
NAHUD
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