A
literatura cria uma fraternidade
dentro da diversidade humana
e eclipsa as fronteiras que a ignorância,
as ideologias, as religiões, as línguas
e a estupidez erguem entre homens e mulheres.
As ideias políticas fazem parte de mim,
do homem que escreve e cria.
Sem medo das polêmicas,
estou disposto a lutar pela Justiça.
Eu não me cansarei de denunciar os ditadores
e de pedir transparência e liberdade.
MARIO VARGAS LLOSA
dentro da diversidade humana
e eclipsa as fronteiras que a ignorância,
as ideologias, as religiões, as línguas
e a estupidez erguem entre homens e mulheres.
As ideias políticas fazem parte de mim,
do homem que escreve e cria.
Sem medo das polêmicas,
estou disposto a lutar pela Justiça.
Eu não me cansarei de denunciar os ditadores
e de pedir transparência e liberdade.
MARIO VARGAS LLOSA
Ilustrações:
JOSÉ SABOGAL
(1888 – 1956. Cajabamba / Peru)
Como todos os dias, pouco depois da alvorada, dei uma olhada nas notícias e soube, com tristeza, que MARIO VARGAS LLOSA (1936 – 2025. Arequipa / Peru) tinha nos deixado. Um dos principais escritores e intelectuais do século XX, ele fez parte do chamado boom latino-americano - romancistas que alcançaram fama internacional, do argentino Júlio Cortázar ao colombiano Gabriel García Márquez. Colocou a ética acima da ideologia que outrora admirava e condenou os regimes de esquerda, sendo um dos casos mais notáveis de transformação ideológica, se tornando um dos guerreiros defensores da direita. De atuação na política mundial, em 2022 declarou apoio a Jair Messias Bolsonaro e disse que jamais votaria no corrupto Pinguço de Nove Dedos. Li apenas quatro livros dele (e uma infinidade de artigos): “A Guerra do Fim do Mundo”, “A Verdade das Mentiras”, “O Chamado da Tribo” e “A Civilização do Espetáculo”, sobre a banalização das artes e da literatura. São livros que oferecem chaves simbólicas para a compreensão da realidade e o fortalecimento da alma.
O épico “A Guerra do Fim do Mundo” é uma ode ao nosso clássico “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, uma fascinante reconstituição ficcional da Guerra de Canudos. Um grande autor, um grande ser humano, MARIO VARGAS LLOSA soube soltar as amarras das próprias convicções retrógradas diante dos fatos e das realidades. Construiu romances fantásticos, viveu uma vida de vários países, semeou ideias que permanecem. E ele próprio permanecerá. De certo modo, posso dizer também que me ajudou a sair da depressão e dos pensamentos autodestrutivos de um certo período da minha complexa juventude. Foi meu padrinho Gervásio Santos que me apresentou à força da sua literatura. Ele tinha uma biblioteca robusta e sempre me emprestava ou dava livros. O tema predileto de nossas conversas era literatura. Graças a ele, conheci um mundo fascinante habitado por Tolstói, Dostoiévski, Victor Hugo, Balzac, Kafka, Mann, Hesse, Camus, Yourcenar, Faulkner, Hemingway, e tantos outros. Um dos autores que discutíamos frequentemente era MARIO VARGAS LLOSA.
Pouco antes da morte de meu padrinho, foi a minha vez de comprar um livro do escritor peruano para ele: “A Verdade das Mentiras”, uma coletânea de ensaios sobre grandes romances e novelas da literatura universal. Ah, como esse livro rendeu ótimas conversas, inclusive políticas. MARIO VARGAS LLOSA tinha uma grande paixão pela política. Crítico dos regimes ditatoriais e do populismo demagógico, defensor da democracia e da liberdade, um exímio observador da história latino-americana recente. Respirava a realidade política desde muito jovem. Em “O Chamado da Tribo”, ele conta que descobriu a política aos 12 anos (em 1948), quando o general Manuel Odría derrubou o presidente José Luis Bustamante y Rivero, que era seu tio. O romancista se envolveu com causas sociais ainda estudante, na década de 1950. Politicamente, se atraiu pelo comunismo de Fidel Castro, mas em 1971 rompeu com a Revolução Cubana. “Foi um período muito difícil para mim. Descobri que na esquerda a democracia não era o que acreditava”, relembrou, concluindo: “A realidade me curou do socialismo”.
Na década de 1980, assumiu desafios maiores em seu país como defensor das ideias liberais. Em resposta às tentativas do governo socialista do então presidente Alan García de nacionalizar os bancos peruanos, MARIO VARGAS LLOSA emergiu como um líder de direita, protestando contra a ação em 1987. Naquele ano, ele fundou o “Movimento pela Liberdade” e em 1990 concorreu à presidência pela Frente Democrática. Era o favorito, mas surpreendentemente perdeu para o nefasto Alberto Fujimori. Após sua derrota, se estabeleceu em Madri e continuou a abençoada carreira literária, permanecendo envolvido na política peruana e internacional. Especula-se que as visões políticas contrastantes tenham sido a causa da sua famosa briga com Gabriel García Márquez, pondo fim a uma velha amizade. Quando o comunista Garcia Márquez cumprimentou Llosa do lado de fora de um cinema da Cidade do México, em 1976, ele recebeu um soco no rosto em resposta.
Nas décadas de 1960, MARIO VARGAS LLOSA apoiou a Revolução Cubana, os processos de descolonização e, com limites, as experiências socialistas. Passaria a família política e ideológica da qual morreu fazendo parte: a da direita. Uma virada na vida do escritor iniciada em 1968. A partir daí deixou de lado sua adesão ao socialismo, tornando-se um dos intelectuais de direita mais influentes na América Latina e formando com Jorge Luis Borges e Octavio Paz o trio de magistrais escritores críticos da esquerda. No testamento político “O Chamado da Tribo”, descreve Margaret Thatcher e Ronald Reagan como “grandes estadistas, os mais importantes do seu tempo”. Num posicionamento duro, ele enfrentou os intelectuais de esquerda, que qualificou como “baratos”, despertando a ira de muitos. A sua rebeldia, sua exposição pública e a capacidade de se envolver em controvérsias, gerou uma perturbadora popularidade. Neste sentido, conviveu a maior parte de sua vida com apreciadores de sua literatura brilhante e insultos pelas suas posições políticas libertárias.
No auge do movimento #MeToo,
declarou que “o feminismo é o maior inimigo da literatura”. Recentemente
elogiou os crescentes movimentos de direita na América Latina e em parte da
Europa. Em Guadalajara, falando na apresentação de um prêmio literário que leva
seu nome, condenou a cultura do cancelamento da esquerda. Apoiou o
impeachment da estocadora de vento Dilma Rousseff. Assinou, na companhia de
oito ex-presidentes – incluindo o espanhol Mariano Rajoy, o mexicano Felipe
Calderón e o argentino Mauricio Macri – uma carta a favor do candidato de
direita Javier Milei à presidência da Argentina. À medida que sua visibilidade
crescia, passou a se envolver cada vez mais com a política. Apresentou um talk
show na televisão peruana e, em 1984, recusou uma oferta do presidente
conservador Fernando Belaúnde Terry para se tornar seu primeiro-ministro. Em
1987, atraiu uma multidão de 120 mil pessoas para um polêmico comício em Lima, sofrendo a
seguir muitos telefonemas ofensivos, deboches na mídia e ameaças de morte.
Começou a trabalhar como repórter policial aos 15 anos. Quatro anos depois, fugiu com sua tia de 32 anos, Julia Urquidi. Uma viagem a Paris em 1958 foi o início de 16 anos no exterior, morando em Madri, Barcelona e Londres, além da capital francesa. Se divorciou da primeira esposa em 1964 e se casou com sua prima, Patricia Llosa, mãe de Álvaro, Gonzalo e Morgana. Após 50 anos de casamento, ele a deixou em 2015 por Isabel Preysler, mãe do cantor Enrique Iglesias, um relacionamento que terminou em 2022. No plano literário, MARIO VARGAS LLOSA é contista, romancista, poeta, jornalista, dramaturgo, crítico literário, roteirista de cinema e televisão, detentor de mais de 90 doutorados honorários, presidente do PEN International Club de 1977 a 1979. Graduado em Direito e Letras lecionou em diversas universidades norte-americanas e europeias. Lançado em 2006, “Travessuras da Menina Má” talvez seja seu livro mais conhecido. Traça um panorama das transformações sociais e políticas ocorridas na Europa e na América Latina ao longo de 40 anos.
Desde 1990, é colunista do jornal espanhol “El País”, textos estes publicados em diversos veículos de comunicação pelo mundo. O escritor recebeu o Prêmio Príncipe de Astúrias, em 1986, e o Prêmio Miguel de Cervantes, em 1994, entre outras importantes condecorações. Foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, em 2010, por “sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre resistência, revolta e derrota individual”. Para ele, a cultura pode ser um experimento de reflexão, pensamento, sonho, paixão e poesia. O conjunto de obras que VARGAS LLOSA produziu é admirável. Desde as fantasias surreais das radionovelas de Tia Júlia até a comédia barroca do Capitão Pantoja e do Serviço Especial; de épicos históricos de peso, como “A Guerra no Fim do Mundo” e “A Festa do Bode”, ao estilo thriller policial de “Quem Matou Palomero Molero?” ele é muito difícil de classificar: escreveu romances curtos e romances muito longos, romances cômicos e profundamente sérios, romances simples e romances realistas e mágico-realistas.
Grande romancista, combina a profusão vibrante do nosso continente, a sua energia e humor louco, com o que poderia ser chamado de rigor intelectual europeu. Em toda a sua multifacetação, incluindo seus dons e talentos como escritor, foi um grande cronista dos altos e baixos das nossas aventuras como seres humanos – dos nossos contratempos vergonhosos, da nossa rara nobreza e dos mais raros momentos de felicidade. Captando a condição humana, seus romances compreendem e reproduzem a tragicomédia absurda e melancólica de nossas vidas e seus momentos ocasionalmente inspiradores. Ao longo de uma carreira de mais de 50 anos, MARIO VARGAS LLOSA mapeou o poder e a corrupção em sua obra. Vivendo uma vida tão vibrante quanto sua ficção, é inegável que a literatura e a política se uniram para construir a sua emblemática estatura intelectual, nunca se desviando da missão de descrever o mundo e os seres humanos através da literatura. Nisto é um digno herdeiro de Gustave Flaubert, a quem admirava profundamente.
Tornou-se
um intelectual comprometido que deu expressão à direita e jamais deixou de
escrever. Em 2023, anunciou que seu mais novo romance, “Dedico a Você Meu
Silêncio”, seria o último, dizendo ao jornal espanhol “La Vanguardia”: “Embora
eu seja otimista, não acho que viverei o suficiente para trabalhar em um novo
romance, porque levo três a quatro anos para escrever um. Mas nunca vou parar
de trabalhar e espero ter forças para continuar até o fim.”. Faleceu aos 89
anos, em 13 de abril de 2025, um Domingo de Ramos.
No vídeo abaixo, Mario Vargas Llosa fala sobre sua transformação
ideológica,
de socialista a conservador. O livro a que se refere é “O Ópio dos
Intelectuais”,
de 1955, do filósofo francês Raymond Aron.
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tela peruana anônima, de 1718 |
TODOS os
LIVROS de VARGAS LLOSA
ficção
Os Chefes (1959)
A Cidade e os Cachorros (1963)
A Hora do Herói (1963)
A Casa Verde (1966)
Os Filhotes (1967)
Conversa na Catedral (1969)
Pantaleão e as Visitadoras (1973)
Tia Júlia e o Escrevinhador (1977)
A Guerra do Fim do Mundo (1981)
História de Mayta (1984)
Quem Matou Palomino Molero? (1986)
O Falador (1987)
Elogio à Madrasta (1988)
Lituma nos Andes (1993)
Os Cadernos de Dom Rigoberto (1997)
A Festa do Bode (2000)
O Paraíso na Outra Esquina (2003)
Travessuras da Menina Má (2006)
O Sonho do Celta (2010)
Fonchito e a Lua (2010)
O Herói Discreto (2013)
O Barco das Crianças (2014)
Cinco Esquinas (2016)
Tempos Ásperos (2019)
Dedico a Você Meu Silêncio (2023)
ficção
Os Chefes (1959)
A Cidade e os Cachorros (1963)
A Hora do Herói (1963)
A Casa Verde (1966)
Os Filhotes (1967)
Conversa na Catedral (1969)
Pantaleão e as Visitadoras (1973)
Tia Júlia e o Escrevinhador (1977)
A Guerra do Fim do Mundo (1981)
História de Mayta (1984)
Quem Matou Palomino Molero? (1986)
O Falador (1987)
Elogio à Madrasta (1988)
Lituma nos Andes (1993)
Os Cadernos de Dom Rigoberto (1997)
A Festa do Bode (2000)
O Paraíso na Outra Esquina (2003)
Travessuras da Menina Má (2006)
O Sonho do Celta (2010)
Fonchito e a Lua (2010)
O Herói Discreto (2013)
O Barco das Crianças (2014)
Cinco Esquinas (2016)
Tempos Ásperos (2019)
Dedico a Você Meu Silêncio (2023)
teatro
A Menina
de Tacna (1981)
Kathie e o Hipopótamo (1983)
La Chunga (1986)
El Loco de los Balcones (1993)
Olhos Bonitos, Quadros Feios (1996)
Os Contos da Peste (2015)
ensaio
García Márquez: História de um Deicídio (1971)
Historia Secreta de una Novela (1971)
A Orgia Perpétua (1975)
Contra Viento y Marea. Volume I (1962-1982) (1983)
Contra Viento y Marea. Volume II (1972-1983) (1986)
A Verdade das Mentiras: Ensaios Sobre a Novela Moderna (1990)
Contra Viento y Marea. Volumen III (1964-1988) (1990)
Carta de Batalla por Tirant lo Blanc (1991)
Desafíos a la Libertad (1994)
La Utopía Arcaica. José María Arguedas y
las Ficciones del Indigenismo (1996)
Cartas a un Joven Novelista (1997)
El Lenguaje de la Pasión (2001)
A Tentação do Impossível (2004)
Sabres e Utopias (2009)
A Civilização do Espetáculo (2012)
O Chamado da Tribo: Grandes Pensadores
para o Nosso Tempo (2018)
Um Bárbaro em Paris: Textos Sobre a Cultura Francesa (2023)
memórias
Peixe na Água (1993)
Kathie e o Hipopótamo (1983)
La Chunga (1986)
El Loco de los Balcones (1993)
Olhos Bonitos, Quadros Feios (1996)
Os Contos da Peste (2015)
ensaio
García Márquez: História de um Deicídio (1971)
Historia Secreta de una Novela (1971)
A Orgia Perpétua (1975)
Contra Viento y Marea. Volume I (1962-1982) (1983)
Contra Viento y Marea. Volume II (1972-1983) (1986)
A Verdade das Mentiras: Ensaios Sobre a Novela Moderna (1990)
Contra Viento y Marea. Volumen III (1964-1988) (1990)
Carta de Batalla por Tirant lo Blanc (1991)
Desafíos a la Libertad (1994)
La Utopía Arcaica. José María Arguedas y
las Ficciones del Indigenismo (1996)
Cartas a un Joven Novelista (1997)
El Lenguaje de la Pasión (2001)
A Tentação do Impossível (2004)
Sabres e Utopias (2009)
A Civilização do Espetáculo (2012)
O Chamado da Tribo: Grandes Pensadores
para o Nosso Tempo (2018)
Um Bárbaro em Paris: Textos Sobre a Cultura Francesa (2023)
memórias
Peixe na Água (1993)
TRÊS
VEZES o ELOGIO da LEITURA e FICÇÃO
Fragmentos do discurso de agradecimento pelo Prêmio Nobel
Fragmentos do discurso de agradecimento pelo Prêmio Nobel
01
Sem
ficções estaríamos menos conscientes da importância da liberdade para que a
vida seja vivível e do inferno que ela se torna quando é violada por um tirano,
uma ideologia ou uma religião. Aqueles que duvidam que a literatura, além de
nos mergulhar no sonho da beleza e da felicidade, nos alerta contra todas as
formas de opressão, perguntam-se por que razão todos os regimes determinados a
controlar o comportamento dos cidadãos desde o berço até ao túmulo, a temem
tanto que estabelecem sistemas de censura para a reprimir e monitorizam os
escritores independentes com tanta suspeita. Fazem-no porque sabem o risco que
correm ao deixar a imaginação correr pelos livros, como as ficções sediciosas
se tornam quando o leitor compara a liberdade que as torna possíveis e que
nelas se exerce, com o obscurantismo e o medo que o perseguem no mundo real.
Quer queiram ou não, saibam ou não, os contadores de histórias, ao inventarem
histórias, espalham a insatisfação, mostrando que o mundo é mal feito, que a
vida da fantasia é mais rica que a da rotina diária. Esta verificação, se
enraizar-se na sensibilidade e na consciência, torna mais difícil a manipulação
dos cidadãos, a aceitação das mentiras daqueles que os fariam acreditar que,
entre grades, inquisidores e carcereiros, vivem mais seguros e melhores.
02
Na minha
juventude, como muitos escritores da minha geração, fui marxista e acreditei
que o socialismo seria o remédio para a exploração e as injustiças sociais que
assolavam o meu país, a América Latina e o resto do Terceiro Mundo. A minha
desilusão com o estatismo e o coletivismo e a minha transição para o democrata
e liberal que sou – que tento ser – foi longa, difícil, e foi realizada
lentamente e como resultado de episódios como a conversão da Revolução Cubana,
que me entusiasmou no início, ao modelo autoritário e vertical da União
Soviética, o testemunho dos dissidentes que conseguiram escapar pelo arame
farpado do Gulag, a invasão da Checoslováquia pelos países do Pacto de
Varsóvia, e o agradecimento a pensadores como Raymond Aron, Jean-François Revel,
Isaiah Berlin e Karl Popper, a quem devo a minha reavaliação da cultura
democrática e das sociedades abertas. Estes professores foram um exemplo de
lucidez e bravura quando a intelectualidade ocidental parecia, através da
frivolidade ou do oportunismo, ter sucumbido ao feitiço do socialismo
soviético, ou, pior ainda, ao grupo sanguinário da revolução cultural chinesa.
03
A ficção
é mais que entretenimento, mais que um exercício intelectual que aguça a
sensibilidade e desperta o espírito crítico. É uma necessidade essencial para
que a civilização continue existindo, renovando-se e preservando em nós o que
há de melhor no humano. Para que não regredimos à barbárie da falta de
comunicação e que a vida não se reduza ao pragmatismo de especialistas que veem
as coisas em profundidade mas ignoram o que as rodeia, precede e continua. Para
que não deixemos de usar as máquinas que inventamos e passemos a ser seus
servos e escravos. E porque um mundo sem literatura seria um mundo sem desejos,
nem ideais, nem desrespeito, um mundo de autómatos desprovidos daquilo que
torna o ser humano verdadeiramente humano: a capacidade de sair de si mesmo e
passar para outro, para outros, modelados com o barro dos nossos sonhos.
Estocolmo (Suécia),
7 de dezembro de 2010
FONTES
“O Chamado da Tribo: Grandes Pensadores
para o Nosso Tempo” (2018)
de Mario Vargas Llosa
“Cinco Días en Moscú. Mario Vargas Llosa
y el Socialismo Soviético” (1968)
de Carlos Aguirre e Kristina Buynova
Nos vídeos abaixo, conferência de Mario Vargas Llosa
em Fronteiras do Pensamento, Porto Alegre, 2010