Via o
campo cultivado de cacaueiros,
as árvores dos frutos de ouro regularmente
plantadas, os cocos maduros, amarelos.
Via as roças de cacau se estendendo na terra
onde antes fora mata. Era belo. Nada mais belo
no mundo que os roças de cacau.
JORGE AMADO
(1912 – 2001. Itabuna / Bahia)
“Terras do Sem-Fim”
as árvores dos frutos de ouro regularmente
plantadas, os cocos maduros, amarelos.
Via as roças de cacau se estendendo na terra
onde antes fora mata. Era belo. Nada mais belo
no mundo que os roças de cacau.
JORGE AMADO
(1912 – 2001. Itabuna / Bahia)
“Terras do Sem-Fim”
O
prejuízo enorme da lavoura cacaueira,
durante esses anos todos, de bilhões,
deve-se ao Partido dos Trabalhadores.
É inacreditável, mas é verdade.
ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES
(1927 – 2007. Salvador / Bahia)
ex-senador e ex-governador da Bahia
durante esses anos todos, de bilhões,
deve-se ao Partido dos Trabalhadores.
É inacreditável, mas é verdade.
ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES
(1927 – 2007. Salvador / Bahia)
ex-senador e ex-governador da Bahia
Ilustrações:
HENRI ROUSSEAU e outros
(1844 – 1910. Laval / França)
para meus avôs Zé Bispo e Pedro Mendonça,
pioneiros no cultivo do cacau
Eu vou contar uma história, uma história de espantar. Com essa frase Jorge Amado inicia o mais célebre romance acerca do nascimento da zona cacaueira no Sul da Bahia, “Terras do Sem-Fim”, publicado em 1943. Na junção de realidade e ficção da literatura do notável escritor baiano, as fazendas de cacau ficaram conhecidas mundialmente. Os seus frutos de ouro enriqueceram muita gente. Entre coronéis, aventureiros, tocaias e o perfume do cacau, foram décadas de sangue, suor e luxúria, gerando riqueza para o país. Essa civilização baiana do cacau, imortalizada em inúmeros outros livros, foi arrasada quando um grupo bioterrorista trouxe da Amazônia a praga da VASSOURA-de-BRUXA (Moniliophtora perniciosa) em 1989, contaminando os cacaueiros. A narrativa funesta resultou no maior desastre socioeconômico e ecológico da história da Bahia, empobrecendo produtores, destruindo 600 mil hectares de plantações, falindo 30 mil pequenas propriedades agrícolas, desempregando mais de 250 mil pessoas, provocando o êxodo de cerca de 800 mil retirantes sem destino certo. Uma catástrofe que quebrou a economia de 93 municípios dedicados ao cacau.
Com os cacaueiros enfermos foram esfaceladas vidas e sonhos de trabalhadores rurais, pequenos e grandes cacauicultores, além de comerciantes desmantelados pela VASSOURA-de-BRUXA. Houve suicídios, mortes por desgosto, depressão, dívidas absurdas, desmatamento. Imóveis de um dia para o outro foram vendidos a preço irrisório, homens do campo pelas ruas passando fome, tudo muito triste. A praga derrubou a renda e o acesso à educação da população local, favelizou cidades, fez crescer a criminalidade e a prostituição infanto-juvenil nos municípios afetados. Entre as fazendas aniquiladas, a “Bela Vista”, da minha família, em Itapé, onde passei um bom pedaço da infância. Naquela época, o Brasil era o 2º maior exportador de cacau do mundo. A produção caiu quase 75%, e o Brasil foi para o 13º lugar da produção mundial. A tragédia que destruiu tantas famílias não veio por desígnio da natureza - ela foi arquitetada pela maldade humana. O crime diabólico também comprometeu a Mata Atlântica, com a derrubada ilícita de árvores pelos próprios fazendeiros endividados.
O tal fungo causa deformações, apodrecimento e morte dos brotos e frutos do cacaueiro, conferindo-lhes a aparência de uma vassoura, daí o nome. Nos frutos, resulta em decomposição da polpa, o que reduz a produtividade das lavouras de cacau. Endêmica na região amazônica, afeta outras plantas, como o cupuaçuzeiro. Mas, enquanto na Amazônia os cacaueiros estão dispersos e as condições climáticas não favorecem a multiplicação do fungo, no Sul da Bahia, com pés de cacau próximos uns dos outros e condições climáticas favoráveis, se alastrou rapidamente. À época, muitas foram as hipóteses para a disseminação da VASSOURA-de-BRUXA. Em “A Região Cacaueira da Bahia - dos Coronéis à Vassoura-de-Bruxa: Saga, Percepção, Representação” (2008), a geógrafa Lurdes Bertol retrata a questão. Vai desde o acidental, devido ao constante trânsito entre os técnicos da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) entre Ilhéus e a Amazônia, até a sabotagem intencional.
No Sul da Bahia não havia registros da praga até esse repentino surto de 1989. A descoberta aconteceu em maio daquele ano, no município de Uruçuca. Em outubro, foi a vez de Camacan reportar a invasão do fungo. A mazela mortal espalhou-se de forma espantosa e linear, destruindo as lavouras da região de quase dois milhões de habitantes. Dezessete anos depois, em junho de 2006, a revista “Veja” revelou o que os grapiúnas sussurravam: a origem da situação adversa nasceu do bioterrorismo. A bombástica reportagem, assinada pelo jornalista Policarpo Júnior, denunciou integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT) como responsáveis pela praga nas prósperas fazendas baianas. Teve o efeito de um terremoto. Em quatro depoimentos, o técnico em administração Luiz Henrique Franco Timóteo, 54 anos, esquerdista do PDT, contou detalhes de como ele próprio se juntou a outros seis militantes do PT para projetar a sabotagem. Segundo o chocante relato, eles espalharam a praga com o objetivo de minar o poder político dos barões do cacau. Conseguiram.
A VASSOURA-de-BRUXA reduziu a produção cacaueira - que era de 400 mil toneladas - para 90 mil toneladas. O ex-técnico agrícola e um dos fundadores do PT na Bahia, Geraldo Simões de Oliveira, foi apontado por Franco Timóteo como o idealizador do plano psicopata. Servidor da Ceplac, ele se tornaria prefeito de Itabuna (449 km de Salvador), deputado estadual e deputado federal. Com administrações medíocres e escândalos varridos para debaixo do tapete, acabou desprezado pelos eleitores, sem alcançar o ambicionado governo do estado, mas em compensação o PT nunca mais se descolou da Bahia, uma terra anteriormente fiel à direita, com nomes emblemáticos como Antônio Carlos Magalhães e Luiz Eduardo Magalhães como saudosos símbolos de liderança. A denúncia da publicação provocou indignação e furiosas reações. Produtores se mobilizaram para não pagar dívidas e exigirem reparações por eventuais danos. O Partido dos Trabalhadores e a Ceplac, diretamente atingidos pela acusação, alegaram sem firmeza que tudo não passava de politicagem.
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flor do cacaueiro |
Como origem da sabotagem, ele citou uma reunião no bar e churrascaria Caçuá, na Praça Camacan, em Itabuna, no final de 1987, onde montaram o esquema. O encontro teria contado com as presenças dos petistas Geraldo Simões, Wellington Duarte, Everaldo Anunciação, Elieser Correia, Jonas Nascimento e Josias Gomes. A justificativa dada é a de que queriam acabar com o domínio político dos donos do cacau, cujo vasto poder econômico influenciava a política local. “Só se candidatavam a vereador e prefeito quem eles queriam”, afirmou Franco Timóteo. Com exceção do delator, todos os suspeitos tinham perfil idêntico: companheiros, filiados ao PT e colegas na Ceplac, órgão do Ministério da Agricultura e Pecuária, que cuida do cacau. Eram conhecidos por greves e protestos em Itabuna, a principal cidade da região cacaueira da Bahia. Franco Timóteo foi escolhido para ir a Porto Velho, Rondônia, de ônibus a partir de Ilhéus, para recolher os ramos infectados. A ideia, insiste ele, partiu de Geraldo Simões de Oliveira, figura de proa no PT em Itabuna.
“Em Rondônia, qualquer fazenda tem VASSOURA-de-BRUXA. Nessa primeira viagem, peguei uns quarenta, cinquenta ramos. Coloquei num saco plástico e botei no bagageiro do ônibus. Se alguém pegasse, eu abandonava tudo”, disse o denunciante. Nos quatro anos seguintes, repetiria a viagem sete ou oito vezes, com intervalos de quatro a seis meses entre uma e outra. Nunca o pegaram. De volta, entregava o material aos encarregados de distribuir a praga pelas plantações, amarrando ramos com VASSOURA-de-BRUXA em árvores de fazendas escolhidas com critérios políticos. Os boicotes, situados ao longo da BR-101, aconteciam nos fins de semana, quando diminuía o número de trabalhadores. Tinham o cuidado de usar um carro da Ceplac para criar um álibi: se descobertos, diriam que estavam fazendo um trabalho de campo. A operação criminosa, por eles apelidada de “Cruzeiro do Sul”, desenrolou-se de 1989 a 1992. “No início de 1992, parou. Geraldo Simões disse que a praga se propagara de forma assustadora. Não precisava mais”, garantiu Franco Timóteo.
A primeira fazenda prejudicada, a “Conjunto Santana”, pertencia a Francisco Lima Filho, então presidente local da União Democrática Ruralista (UDR). Como medida profilática, os técnicos da Ceplac decidiram incinerar todos os pés de cacau da plantação. O poderoso Chico Lima ficou arruinado, vivendo do arrendamento das terras que lhe restaram e dos lucros de uma distribuidora de bebidas. Após crime idêntico em diversas outras propriedades rurais, o destino dos cacauicultores foi o mesmo. A revista “Veja” consultou a pesquisadora Lucília Marcelino, da Empresa Brasileira de Agropecuária, em Brasília, para saber se a confissão arrependida de Franco Timóteo seria viável. “Sob o ponto de vista técnico, sim”, disse ela. Como resultado, houve uma queda de mais de 50% da produção de cacau. O prejuízo ao país chegou a US$ 10 bilhões. Mas, na mesquinharia política dos bioterroristas, o plano foi um sucesso. Em 1992, no primeiro pleito pós devastação, Geraldo Simões elegeu-se prefeito de Itabuna pelo PT – e presenteou os companheiros com cargos expressivos em sua gestão.
Na Prefeitura, Everaldo Anunciação foi nomeado secretário da Agricultura – cargo que deixaria dois anos depois, sendo substituído por Jonas Nascimento, o outro petista da companheirada. Wellington Duarte ficou como chefe-de-gabinete do prefeito. Eliezer Correia ganhou o cargo de secretário de Administração e Finanças. Como não pertencia ao PT, Franco Timóteo não ganhou cargo. Em 1994, com o falatório crescente sobre a sabotagem, ele resolveu mudar-se para Rondônia. O prefeito lhe deu um cheque de 250 mil cruzeiros reais para ajudar nas despesas da viagem – paga, para variar, com dinheiro público. O pagamento consta da contabilidade da prefeitura de Itabuna, registrada sob o número 2.467, informando quem é o beneficiário, mas, providencialmente, desapareceu o processo descrevendo o motivo da remuneração. Em 2006, Franco Timóteo foi ouvido pela Polícia Federal. Em depoimento de quatro horas, testemunhou a disseminação proposital na região cacaueira da praga VASSOURA-de-BRUXA, em parceria com seis servidores da Ceplac.
Antes dessa delação, vários especialistas já suspeitavam de bioterrorismo. Em 1991, no auge da calamidade, a revista britânica “New Scientist” aventava a hipótese de que a tragédia da VASSOURA-de-BRUXA na Bahia teria sido um ato de sabotagem, sugerindo a possibilidade de ação provocada por competidores no mercado internacional. Era extremamente suspeito que vários focos da doença tivessem começado a milhares de quilômetros da Amazônia, de forma simultânea, em locais distantes uns dos outros. Não havia qualquer sinal de contaminação no meio do caminho entre o ponto de origem (a Amazônia) e o destino (a Bahia). Os focos da doença eram esparsos, e aquilo era evidência criminosa, porque a praga não poderia ter pulado distâncias, sem contaminar os espaços entre um foco e outro. Em 2006, o jornalista Reinaldo Azevedo – então um feroz crítico do governo sofrível de Luiz Inácio Lula da Silva – escreveu na revista “Veja” um artigo de enorme repercussão intitulado “O Bioterrorismo dos Petistas”.
Azevedo se baseou na investigação da Polícia Federal, na qual o ex-funcionário da Ceplac assumia o crime, e incriminava mais seis pessoas ligadas ao PT. No entanto, nada foi oficialmente provado, e o processo terminou arquivado em maio de 2011, mas essa versão dos fatos permanece viva no imaginário grapiúna. “Não existem provas do que causou [o surto da doença], mas o que se sabe pelas análises feitas é que o padrão da forma como ela se espalhou indica que foi intencional”, observa o economista Rodrigo Oliveira. “Apesar de nada ter sido provado sobre a responsabilidade, o consenso é de que o espalhamento do fungo foi criminoso e intencional”, destaca Yuri Oliveira, no estudo “Dos Campos aos Futuros: os Efeitos Duradouros de Pragas Agrícolas na Educação e Renda”. Séculos antes do flagelo, em 1679, o cultivo do cacau se iniciou na Amazônia, com a autorização na Carta Régia. Caio Prado Júnior, em “História Econômica do Brasil” (1945), aponta que no séc. XVII, durante o período colonial, já era a maior fonte de riqueza do vale amazônico.
A cultura do cacaueiro se dava em pequena escala porque a maior parte das sementes era obtida em árvores espalhadas na floresta. Em 1746 chegou a Bahia, quando o francês Louis Frederic Warneaux, que vivia no Pará, enviou sementes ao fazendeiro português Antônio Dias Ribeiro, que as semeou onde hoje está localizado o município de Canavieiras. A planta se adaptou bem ao clima e ao solo do Sul da Bahia e a região, pouco a pouco, passou a dominar a produção nacional. De 1900 a 1930, a participação do cacau nas exportações da Bahia saltou de 23% para 43%, e a produção brasileira, 95% constituída de cacau baiano, passou de 13 mil para 120 toneladas no mesmo período. As fazendas de cacau se multiplicaram, e as exportações avançaram à medida que aumentava o consumo de chocolate na Europa e nos EUA. O cacau chegou a ser o principal produto de exportação baiano. Antes da chegada da VASSOURA-de-BRUXA, a Bahia era responsável por 86% da produção nacional. Mesmo com a concorrência internacional, tudo ia bem para o cacau grapiúna.
Fazendeiros de origem humilde, proprietários de vastas plantações de cacau, tornaram-se os novos ricos. Itabuna, Ilhéus e cidades vizinhas conheceram décadas de prosperidade. O cacau tornou-se ícone, inspirando a literatura e a cultura de um modo geral. Nos anos 1980, o Brasil respondia pela segunda maior produção mundial, atrás apenas da Costa do Marfim, e alcançando cerca de 400 mil toneladas. A maldição da VASSOURA-de-BRUXA foi contada no comentado documentário “O Nó – Ato Humano Deliberado”, de 2012, do cineasta Dilson Araújo, disponível no YouTube. Com dezenas de entrevistas de especialistas, fazendeiros, agricultores, técnicos e políticos, desmonta discretamente o caso sinistro: desde o fracasso de programas de recuperação orientados pela Ceplac ao crime intencional iniciado em 1989. Estranhamente, as recomendações para o combate da moléstia contribuiram irresponsavelmente para a destruição das plantações que não tinham sido atingidas pela VASSOURA-de-BRUXA. Para muitos fazendeiros foram sugestões extremamente comprometedoras.
Os acusados não foram condenados, nem mesmo o sabotador que confessou o crime com riqueza de detalhes. Eles desmentem categoricamente qualquer envolvimento no delito e juram que nem sequer conhecem Luiz Henrique Franco Timóteo. “Nunca vi esse louco”, afirmou Geraldo Simões sem convencer ninguém. De acordo com depoimento no Senado, Franco Timóteo deixou claro que “a melhor forma de enfraquecer e quebrar o poder econômico dos produtores de cacau era a introdução e disseminação da VASSOURA-de-BRUXA na região para o PT tomar conta”. Resumindo, existem vários mistérios nesse conto de terror, e um deles é o fato de que o superintende regional da Ceplac na época, Carlos Viana, encontrou um bilhete no seu escritório orientando que evitasse uma investigação. Era uma ameaça velada. Anos passados, itens que serviram como prova do crime desapareceram, inclusive o tal bilhete, fotografias do fungo atados aos cacaueiros, documentos oficiais, testemunhos assinados. “Encontramos provas de que houve sabotagem. Posso garantir que os focos não foram acidentais”, conta Viana.
As consequências dessa catástrofe provocada ainda repercutem em uma região que muito sofreu com esse crime. Além da perda econômica e social, grandes áreas de cacau sob cobertura florestal terminaram desmatadas para dar lugar à pecuária, ocorrendo prejuízos para a fauna, a flora e a biodiversidade da Mata Atlântica, que abrigava na cabruca, entre bromélias e orquídeas, 20 mil espécies vegetais (8 mil endêmicas) - e 1.020 espécies de aves – 188 endêmicas. Esforços têm sido feitos para mudar esse cenário e o cacau voltar a ocupar um papel relevante na economia brasileira. Antes concentrada, atualmente há produção em seis estados. Dados da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) apontam que 66 mil propriedades rurais no país se dedicam à produção de cacau, 33 mil delas no Sul da Bahia. Mas o Brasil deixou de ser um dos maiores exportadores mundiais de cacau. Tornou-se importador. A produção nacional não atende à demanda das indústrias de chocolate. A nossa participação no mercado internacional recuou de 6% para 0,2%.
A recuperação lenta precisou de pesquisas com cruzamentos genéticos. Os produtores foram obrigados a replantar a maior parte da lavoura e a VASSOURA-de-BRUXA continua atuando nas fazendas da região. A diferença é que as novas plantas são mais tolerantes, conseguindo conviver com a doença. Nos romances de Jorge Amado, como “Gabriela, Cravo e Canela” (1958), ou telenovelas da Globolixo, como “Renascer” (1993), ficamos sabendo da glória e decadência da lavoura cacaueira na Bahia. Atualmente, a realidade não é muito diferente da relatada na ficção. Passados 36 anos do crime bioterrorista, o Brasil nem de perto lembra o tempo em que foi um poderoso produtor global de cacau. Detém somente cerca de 5% do mercado mundial de cacau e derivados. Um estudo da Universidade Estadual de Campinas estima que a devastação do cacau na Bahia provocou um prejuízo que chegou à astronômica cifra de 10 bilhões de dólares. Resultado? Tudo será esquecido, nada será reparado, como dizia o escritor checo-francês Milan Kundera.
“Essa
praga dizimou a nossa lavoura,
um ato feito deliberadamente por criminosos
que tinham a intenção de ferir mortalmente a região
para ver seus propósitos políticos alcançados.”
CÉSAR BORGES
(1948. Salvador / Bahia)
ex-senador e ex-governador da Bahia
um ato feito deliberadamente por criminosos
que tinham a intenção de ferir mortalmente a região
para ver seus propósitos políticos alcançados.”
CÉSAR BORGES
(1948. Salvador / Bahia)
ex-senador e ex-governador da Bahia
geraldo simões, então deputado federal, e eu em 2009 |
01
Elieser Barros Correia
(codinome Catatau)
partido: PT
técnico em agronomia e agrimensura, ex-chefe de divisão da Ceplac
e ex-chefe do Centro de Extensão e Educação (Cenex/Ceplac).
02
Everaldo Anunciação
partido: PT
ex-vereador e ex-diretor geral adjunto da Ceplac.
03
Geraldo Simões de Oliveira
(codinome Pedinha, Cabeça de Pitú ou Cara de Quati)
partido: PT
ex-técnico agrícola da Ceplac, ex-prefeito de Itabuna,
ex-deputado estadual, ex-deputado
federal
e ex-presidente da Companhia
das Docas do Estado da Bahia (Codeba).
04
Jonas Nascimento
(codinome Jonas Babão)
partido: PT
ex-coordenador geral da Ceplac
das Docas do Estado da Bahia (Codeba).
04
Jonas Nascimento
(codinome Jonas Babão)
partido: PT
ex-coordenador geral da Ceplac
e ex-encarregado de Assuntos Pedagógicos do Cenex/Ceplac.
05
Josias Gomes
partido: PT
engenheiro agrônomo e ex-deputado federal.
06
Luiz Henrique Franco Timóteo
partido: PDT
técnico em administração
07
Wellington Duarte
(codinome Gamelão)
partido: PT
ex-titular da Superintendência para a Bahia e
o Espírito Santo da Subes/Ceplac.
Assista ao Documentário
“O Nó: Ato Humano Deliberado” (2012)
https://youtu.be/_0mPiYocm-4?si=5Cb2pMYq1bOFFJ2c
FONTES:
“O Bioterrorismo dos Petistas” (2006)
Reinaldo Azevedo, Revista “Veja”
“O Estado e a Economia Cacaueira na Bahia” (2006)
de Pedro Marinho
“História Econômica do Brasil” (1945)
de Caio Prado Júnior
“Região Cacaueira da Bahia, Dez Anos de Vassoura-de-Bruxa:
1989 a 1999” (2001)
de Edson R. Souza
“A Região Cacaueira da Bahia –
dos Coronéis à Vassoura-de-Bruxa” (2008)
de Lurdes Bertol
“Terrorismo Biológico” (2006)
de Policarpo Júnior, Revista “Veja”
PRONUNCIAMENTO
do senador CÉSAR BORGES
PFL - Partido da Frente Liberal (BA)
durante a 84ª Sessão Deliberativa Ordinária
no Senado Federal, em 20/06/2006
05
Josias Gomes
partido: PT
engenheiro agrônomo e ex-deputado federal.
06
Luiz Henrique Franco Timóteo
partido: PDT
técnico em administração
07
Wellington Duarte
(codinome Gamelão)
partido: PT
ex-titular da Superintendência para a Bahia e
o Espírito Santo da Subes/Ceplac.
Assista ao Documentário
“O Nó: Ato Humano Deliberado” (2012)
https://youtu.be/_0mPiYocm-4?si=5Cb2pMYq1bOFFJ2c
FONTES:
“O Bioterrorismo dos Petistas” (2006)
Reinaldo Azevedo, Revista “Veja”
“O Estado e a Economia Cacaueira na Bahia” (2006)
de Pedro Marinho
“História Econômica do Brasil” (1945)
de Caio Prado Júnior
“Região Cacaueira da Bahia, Dez Anos de Vassoura-de-Bruxa:
1989 a 1999” (2001)
de Edson R. Souza
“A Região Cacaueira da Bahia –
dos Coronéis à Vassoura-de-Bruxa” (2008)
de Lurdes Bertol
“Terrorismo Biológico” (2006)
de Policarpo Júnior, Revista “Veja”
PRONUNCIAMENTO
do senador CÉSAR BORGES
PFL - Partido da Frente Liberal (BA)
durante a 84ª Sessão Deliberativa Ordinária
no Senado Federal, em 20/06/2006
Considerações sobre a praga, conhecida como VASSOURA-de-BRUXA, que dizimou plantações de cacau no Sul da Bahia, foi um plano idealizado pelo petista Geraldo Simões.
CÉSAR BORGES – Senhor presidente, senhoras e senhores senadores, a Bahia tomou conhecimento, estarrecida, de uma denúncia da maior gravidade, feita pela revista “Veja”. Sob o título de “Terrorismo biológico”, traz uma matéria em que o sr. Franco Timóteo confessa um crime da maior gravidade. Denuncia ele que petistas disseminaram uma praga conhecida como VASSOURA-de-BRUXA, provocada pelo fungo Moniliophthora Perniciosa, a qual destruiu a lavoura de cacau no Sul da Bahia. Senhor presidente, diante do assombro dessa confissão-denúncia, todos nós, baianos, e principalmente aqueles que representam a lavoura, exigimos providências enérgicas para que seja averiguado em profundidade o fato ora denunciado, porque o prejuízo causado à região é incalculável. Milhares de baianos foram prejudicados; estruturas familiares destruídas, propriedades e vidas perdidas, algumas destas pelo suicídio de pessoas que acumularam seu patrimônio com a luta de gerações. Cito meu exemplo pessoal, pois milito como produtor rural na cacauicultura.
O patrimônio que possuo veio do meu avô, que começou a trabalhar nessa cultura em 1909. Posteriormente, também meu pai, agora, a terceira geração e, em breve, a quarta. Vimos nosso patrimônio desmilinguir-se. Por que, senhor presidente, foi cometido um ato tão nocivo e tão pernicioso, como indica o próprio nome científico da praga, contra a lavoura cacaueira? Por quê, senhor presidente? Eu procuro explicações na própria declaração-denúncia feita pelo dr. Luiz Henrique Franco Timóteo, um dos participantes desse ato criminoso. Ele diz: “Eu, Luiz Henrique Franco Timóteo, 55 anos de idade, brasileiro, solteiro, administrador de empresas (...)
01
Que presto as seguintes declarações de livre e espontânea vontade, consciente da responsabilidade, sem nenhuma coação e premiação motivada, pelo desejo de fazer justiça e responsabilizar os culpados por um ato terrorista cometido contra a região cacaueira do Sul da Bahia;
02
Que participei, em 1987, de uma reunião no antigo bar e churrascaria Caçuá, localizado na Praça Camacan, em Itabuna, na qual a cúpula do Partido dos Trabalhadores (PT) planejou a introdução e disseminação na região cacaueira da Bahia de uma devastadora doença do cacaueiro conhecida como VASSOURA-de-BRUXA (VB);
03
Que desta reunião participaram: Geraldo Simões, ex-prefeito de Itabuna e atual presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) (que também foi deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores); Wellington Duarte, apelidado de Gamelão, atual titular da Superintendência para a Bahia e o Espírito Santo da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Subes/Ceplac); Elieser Corrêa, conhecido como Catatau, atual chefe do Centro de Extensão e Educação (Cenex/Ceplac); Everaldo Anunciação, ex-coordenador-geral da Ceplac; Jonas Nascimento, conhecido como Jonas Babão, atualmente encarregado de Assuntos Pedagógicos do Cenex/Ceplac; e Josias Gomes, atual deputado federal.
04
Que nessa reunião, além de petistas e revolucionários, as razões dadas pelo grupo do PT para a introdução e disseminação da VASSOURA-de-BRUXA na região cacaueira do Sul da Bahia foram:
a - Que eles não eram cacauicultores e que dependiam de emprego e de política revolucionária na região;
b - Que a única forma de tomar o poder na região cacaueira era enfraquecer economicamente os produtores de cacau;
c - Que a melhor forma de enfraquecer e quebrar o poder econômico dos produtores de cacau era a introdução e disseminação da VASSOURA-de-BRUXA na região para o PT tomar conta.
05
Que de acordo com o plano traçado por esse grupo, o material infectado pela VASSOURA-de-BRUXA foi trazido de Rondônia, de ônibus pelo declarante.
Essa praga é endêmica na Amazônia, mas não existia na Bahia, como não existe na África e na Ásia. Havia barreiras fitossanitárias que impediam a entrada de qualquer tipo de vegetação que representasse ameaça de contaminação, mas, de uma hora para outra, em 1989, explodiu na região. A doença, que parecia ser restrita a uma plantação, que inclusive foi destruída, espalhou-se repentinamente por toda a região e ele descreve de que forma se conseguiu essa disseminação: trazendo-se, da Amazônia, ramos infectados, doentes, que eram amarrados ao tronco da árvore, e o vento se encarregava do resto. Isso provocou um desastre completo, que afetou toda a região. Quero continuar a leitura da declaração-denúncia, porque esse senhor foi partícipe e reconhece o seu crime. O que de importante ele está fazendo é a confissão, falando dos seus comparsas. Por isso esse documento não pode ser esquecido. Não podemos aceitar qualquer escapismo com relação a essa questão. Os produtores exigem e demandam justiça junto ao Ministério Público e à Polícia Federal, porque, à época, essa versão corria à larga.
A Polícia Federal foi acionada. Mas, lamentavelmente, não tivemos as provas necessárias à época. Mas que a notícia corria na região, corria: de que havia uma disseminação criminosa dessa doença. E eles estão hoje no poder! Essas pessoas denunciadas exercem cargos importantes na Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), exatamente para manter... Peço a compreensão de Vossa Excelência, senhor presidente, porque esse assunto é da maior gravidade. Quem é o sr. Geraldo Simões? É compadre do presidente Lula. Imediatamente após esse ato criminoso, o sr. Geraldo Simões teve uma ascensão política. Eleito prefeito de Itabuna - já o foi por duas vezes -; foi deputado federal; estava ocupando a presidência da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba). Lá permaneceu porque perdeu a Prefeitura de Itabuna, foi derrotado como candidato à reeleição - inclusive o denunciamos por ações ilegais à frente da Codeba -, portanto, por um curto período apenas para acumular recursos, provavelmente para sua campanha a deputado federal pelo PT.
A Bahia chegou a ser o segundo maior produtor mundial de cacau, com 400 mil toneladas. Ficamos reduzidos. a 90 mil toneladas, por causa de um ato criminoso como esse, que agora foi denunciado pela revista “Veja”. Eu sabia dessa denúncia, não a fiz antes porque poderiam dizer que eu estava fazendo política a fim de obter dividendos como senador de oposição. Mas a revista “Veja” tomou conhecimento e fez a denúncia. Agora, exigimos a apuração completa e total. A Polícia Federal não avançou nessas investigações. Assistimos a toda a lambança do mensalão, a invasão do Congresso Nacional pelo MST, com recursos do Governo Federal, e agora estamos assistindo ao PT, em 1989 e 1992, cometendo esse trabalho de lesa-pátria: de levar uma doença a uma região que tanto já contribuiu para o país. Vejam bem - vou repetir o número: chegamos a produzir 400 mil toneladas de amêndoas de cacau por ano. Esta era a safra baiana, hoje reduzida a 90 mil toneladas. Atualmente, com um trabalho hercúleo, estamos conseguindo atingir 150 mil toneladas.
Isso destruiu toda a estrutura econômica e social de uma região onde nasceram escritores como Jorge Amado e Adonias Filho, que moraram, viveram, sofreram na região do cacau, que viveram a cultura grapiúna oriunda daquela região. É difícil acreditar que uma mente sã possa imaginar um ato criminoso tão perverso como esse! É difícil! Parece algo surrealista, inacreditável que alguém possa conceber isso, mas, lamentavelmente, sabemos que há mentes criminosas. Se elas se escudarem em princípios como este de que “os fins justificam os meios”, serão capazes de qualquer coisa. Foi isto que que aconteceu: o PT praticou um crime para criar um caldo de culturas, no qual as suas teses políticas pudessem prevalecer.
ANTÔNIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) – Vossa Excelência tem absoluta razão em seu discurso. Esse caso do cacau, há muito desconfiávamos disso. O dr. José Aroldo disse-me que estava vindo de Rondônia por gente que queria destruir a lavoura. Não citou nomes. Agora as coisas começam a aparecer. E essas investigações, temos de levá-las até o fim, não acreditando neste governo, que não quer apurar coisa nenhuma que seja ilícita. Este governo é a ilicitude em pessoa.
CÉSAR BORGES - Muito obrigado, senador Antônio Carlos. É de US$10 bilhões o prejuízo ao longo desses anos, a estimativa de quebra da safra por essa doença, que não está vencida ainda, porque não temos os recursos, pois não são disponibilizados pela insensibilidade do Governo Federal. Foi uma confissão-denúncia, assinada em setembro de 2005 e registrada em cartório. É um réu confesso que entrega seus comparsas num crime de lesa-pátria, que atenta contra a segurança nacional. Então, nós, senadores, temos essa responsabilidade, e iremos até o final cobrando, porque, se depender deste governo, tudo cairá na vala comum do esquecimento: “Não sei de nada. Não conheço ninguém. Não me dou com ninguém”. Essa tem sido a tônica do governo. Simplesmente escapismo, sem assumir a responsabilidade, porque sabe que tem culpa no cartório. E o mentor de toda essa ação, indicada na confissão do sr. Franco Timóteo, é o sr. Geraldo Simões, técnico da Ceplac, que foi deputado federal e vai tentar reeleger-se para representar a região. Imaginem os senhores!
ANTÔNIO C. MAGALHÃES - Depois de passar pela Codeba, Vossa Excelência não se esqueça desse detalhe!
CÉSAR BORGES - Pela Codeba, para fazer caixa para sua campanha. Inclusive, senhor presidente, há algo muito grave em um dos 32 itens da denúncia: que, na época da primeira administração Geraldo Simões no cargo de prefeito da cidade de Itabuna, o declarante recebeu, em 1993 ou 1994, um cheque nominal do Baneb com uma quantia significativa, na moeda em vigor naquela época no Brasil - fala-se em R$250 mil -, para que sumisse da região, para não servir como testemunha e desvendar-se o segredo sobre a introdução e disseminação criminosa da VASSOURA-de-BRUXA no Sul da Bahia. Quer dizer, o fato é extremamente grave. Esse cheque existiu e pode ser conseguido hoje no Bradesco, que sucedeu o Baneb. Obrigado.
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