“a acerba, funda língua portuguesa,
língua-mãe, puta de língua, que fazer dela?
língua-mãe, puta de língua, que fazer dela?
escorchá-la viva, a cabra!
transá-la?
nenhum autor, nunca mais, nada,
se a mão térmica, se a técnica dessa mão,
que violência, que mansuetude!
que é que se apura da língua múltipla:
paixão verbal do mundo, ritmo, sentido?
que se foda a língua, esta ou outra,
porque o errado é sempre o certo disso”
transá-la?
nenhum autor, nunca mais, nada,
se a mão térmica, se a técnica dessa mão,
que violência, que mansuetude!
que é que se apura da língua múltipla:
paixão verbal do mundo, ritmo, sentido?
que se foda a língua, esta ou outra,
porque o errado é sempre o certo disso”
“A Faca Não Corta o Fogo” (2008) vem interromper catorze anos de silêncio, no que diz respeito a publicação, por parte de HERBERTO HELDER, um dos poetas mais originais da poesia portuguesa contemporânea. Poeta discreto, que recusa entrevistas ou prêmios literários, fugindo da fama e chegando a invocar num raro depoimento: “Meu Deus, faz com que eu seja sempre um poeta obscuro”.
3 comentários:
Herberto H. , tão louco quanto eu, em suas frases perfeitas. a loucura não é fácil de ser compreendida, por isso é bela. see you..
Quando fazia uma resenha quinzenal para um blog luso-brasileiro, entrei em contato com a poesia de Helder.
É um poeta português consistente, virulento, questionador, existencial, infelizmente com uma divulgação pequena por estes Brasis.
Mas, que bom que vc. nos traz em seu blog estas preciosidades da arte do espírito.
Abraço.
Ricardo Mainieri
Herberto Helder é um dos maiores poetas portugueses contemporâneos, mas tem mesmo um complexo em relação à sua exposição pública.
Por essa razão, recusou o Prémio Pessoa, o mais importante prémio atribuído no campo da Cultura, em Portugal.
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