“Entro com maior frequência no local onde ficam as orquídeas: as minhas feiticeiras preferidas. Seu aposento é baixo, sufocante. O ar úmido e quente umedece a pele, faz arfar a garganta e tremer os dedos. Essas filhas estranhas vêm de regiões pantanosas, ardentes e insalubres. São atraentes como sereias, mortais como venenos, admiravelmente bizarras, enervantes, assustadoras. Existem aqui algumas que parecem borboletas com asas enormes, patas esguias e olhos! Porque elas têm olhos! Elas me olham, me vêem esses seres prodigiosos, inverossímeis, essas fadas, filhas da terra sagrada, do ar impalpável e da quente luz, essa mãe do mundo. Sim, têm asas, olhos e matizes que nenhum pintor pode imitar, todos os encantos, todas as graças, todas as formas que possam sonhar. Têm o flanco oco, aromático e transparente, aberto para o amor é mais tentador que toda a carne das mulheres. Os inimagináveis desenhos de seus pequenos corpos lançam a alma em êxtase no paraíso das imagens e das volúpias ideais. Estremecem em seus caules como se quisessem voar. Voarão? Virão até mim? Não, é meu coração que voa como um macho místico e torturado de amor”.
GUY de MAUPASSANT
(1850 –
1893. Château de Miromesnil, Tourville-sur-Arques / França)
margaret mee |
2 comentários:
Parabéns pelo blog.
Boa sorte.
Adorei o blog e estarei lendo direto.
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