dorian gray caldas e antonio nahud |
Quando me deparei com Natal fui enfeitiçado por uma ternura inexplicável, atordoante, que não me largou mais, num caso de amor à primeira vista. Noutras paragens, sentia uma lírica saudade da essência potiguar. Não conseguia esquecer os efeitos fugazes de luz e movimento, a despreocupação com contornos, a aversão aos tons sombrios e os enquadramentos originais, tudo isso envolto numa aura de alegria de viver. Na Vila de Ponta Negra, onde morei inicialmente, diante daquela imensidão azul do Oceano Atlântico, confirmei a gamação por esta terra. Para conhecê-la realmente, passei a andar sem destino pelas ruas do Centro Histórico, Ribeira e Petrópolis, Alecrim e Tirol, descobrindo sobrados de outros tempos, sebos, igrejas, mercados populares, botecos, becos e ruelas. Pouco a pouco montei um quebra-cabeça urbano, concordando com o poeta Bosco Lopes: “As muitas outras cidades que me perdoem, mas Natal é fundamental”. Nesta cidade, meu espírito foi tomado pela tranqüilidade, abençoado pelos braços suaves do mar, as dunas brancas, o moroso rio Potengi ao crepúsculo, os dias ensolarados, os cajueiros frondosos, a gente acolhedora e cativante, as luas incendiadas e o vento permanente. Entre perplexo e alumbrado, conheci poetas e prosadores arrojados, líricos e trágicos. A “Noiva do Sol” do folclorista Luís da Câmara Cascudo - o seu totem, ícone incontestável, historiador oficial com mais de cem livros publicados - me seduziu. No entanto, meu guia, meu mestre, foi – e continua sendo – Diógenes da Cunha Lima, um poeta afiado, um amigo constante. Aprendi com o Professor Diógenes que “há em Natal um sentimento de que qualquer coisa de boa está para acontecer”. A sua sabedoria me aproximou da poesia de Ferreira Itajubá, Myriam Coeli e Luís Carlos Guimarães; dos desenhos de Newton Navarro e das cores sóbrias de Dorian Gray Caldas; da prosa de Sanderson Negreiros, Oswaldo Lamartine e Nei Leandro de Castro; do jornalismo de Carlos Peixoto, Cassiano Arruda Câmara, Marcos Aurélio de Sá e Vicente Serejo.
Entre o rio e o mar, mistérios e sortilégios, piso o mesmo chão de piratas franceses, aventureiros holandeses, enfadonhos lusitanos e militares norte-americanos ávidos por farra e miscigenação. Cidade de tipos pitorescos, de extravagantes, de pavões impressionistas, de liturgia mundana, de um curioso e dinâmico colunismo social (um segmento desvalorizado ou em extinção noutras capitais). Terra de geografia amável; de oiticicas, craibeiras, juazeiros, acácias, paus d`arcos, sucupiras em flor e até um baobá; do Solar Bela Vista, do Forte dos Reis Magos, do Teatro Alberto Maranhão e da Coluna Capitolina Del Pretti; da permanência e vigor de artistas que retratam em seu trabalho sua cidade interior, cenográfica, inventada e verdadeira, única. Natal é hoje uma das capitais que mais crescem e se modernizam no Brasil, talvez a menos violenta, com uma população de mais de 800 mil habitantes e uma significativa qualidade de vida. Cidade sem tempestades, clara e serena, aberta e cordial, por vezes provinciana. A “esquina do continente” que recebeu da NASA o título de detentora do ar mais puro e renovável do continente sul-americano. É também um dos quatro pontos mais estratégicos do mundo, ao lado de Gibraltar, Suez e Bósforo. Fundada num dia de Natal, em 1599, o nome do município tem origem no latim “natale” e, obviamente, na data de sua fundação. É o meu porto, uma paisagem adotada por seu calor humano, a certeza de bons amigos, o seu sol majestoso e sua gente. Amo Natal. Muito obrigado, bem-amada, pela dádiva deste retorno, pela doçura acolhedora e a amorosa intimidade.
Entre o rio e o mar, mistérios e sortilégios, piso o mesmo chão de piratas franceses, aventureiros holandeses, enfadonhos lusitanos e militares norte-americanos ávidos por farra e miscigenação. Cidade de tipos pitorescos, de extravagantes, de pavões impressionistas, de liturgia mundana, de um curioso e dinâmico colunismo social (um segmento desvalorizado ou em extinção noutras capitais). Terra de geografia amável; de oiticicas, craibeiras, juazeiros, acácias, paus d`arcos, sucupiras em flor e até um baobá; do Solar Bela Vista, do Forte dos Reis Magos, do Teatro Alberto Maranhão e da Coluna Capitolina Del Pretti; da permanência e vigor de artistas que retratam em seu trabalho sua cidade interior, cenográfica, inventada e verdadeira, única. Natal é hoje uma das capitais que mais crescem e se modernizam no Brasil, talvez a menos violenta, com uma população de mais de 800 mil habitantes e uma significativa qualidade de vida. Cidade sem tempestades, clara e serena, aberta e cordial, por vezes provinciana. A “esquina do continente” que recebeu da NASA o título de detentora do ar mais puro e renovável do continente sul-americano. É também um dos quatro pontos mais estratégicos do mundo, ao lado de Gibraltar, Suez e Bósforo. Fundada num dia de Natal, em 1599, o nome do município tem origem no latim “natale” e, obviamente, na data de sua fundação. É o meu porto, uma paisagem adotada por seu calor humano, a certeza de bons amigos, o seu sol majestoso e sua gente. Amo Natal. Muito obrigado, bem-amada, pela dádiva deste retorno, pela doçura acolhedora e a amorosa intimidade.
8 comentários:
Obrigado pelo belo texto.
Tomei a liberdade de editá-lo no meu modesto blog.
http://paulotarcisiocavalcanti.zip.net.
Atenciosamente,
AMIGO,
PARABÉNS!!!!!!!!!!
ESTÁ FANTÁSTICO, MARAVILHOSO...
li o artigo. senti muito orgulho de estar no meio de uma lista tão nobre. obrigado pela lembrança. é um belo texto!
legal Antonio.
valeu demais a citação.
bjao
Li e gostei.
Li e só tenho a agradecer o carinho e olhar que tens sobre minha obra. Muito obrigado. Estou em Mossoró dirigindo o Chuva de Bala no País de Mossoró!!!!!!!!!! Grande abraço!!!!!
Amigo Antonio,
Ai de nós! se não existissem os Poetas e os Escritores, eternos Leitores e escritores da alma Humana.
Você não é só um leitor e escritor da alma humana, você é, voce sente, você faz nos sentirmos cada vez mais humanos.
Muito obrigada, por você existir em nossas vidas.
Caro Antonio,
parabéns por esta bela homenagem! Gostei do blog e voltarei a visitá-lo.
Grata pela visita e comentário.
Abraço,
Ane
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