ricardo III (1745), de william hogarth |
“O céu é
testemunha.”
OTELO
Ato I – Cena I
OTELO
Ato I – Cena I
Ilustrações:
EDWIN AUSTIN ABBEY
(1852 – 1911. Filadélfia, Pensilvânia / EUA)
FRANZ von LENBACH
(1836 – 1904. Schrobenhausen / Alemanha)
JOHANN HEINRICH FÜSSLI
(1741 – 1825. Zurique / Suíça)
JOHN SINGER SARGENT
(1856 – 1925. Florença / Itália)
NICOLAI ABILDGAARD
(1743 - 1809. Copenhage / Dinamarca)
WILLIAM HOGARTH
(1697 – 1764. Londres / Reino Unido)
EDWIN AUSTIN ABBEY
(1852 – 1911. Filadélfia, Pensilvânia / EUA)
FRANZ von LENBACH
(1836 – 1904. Schrobenhausen / Alemanha)
JOHANN HEINRICH FÜSSLI
(1741 – 1825. Zurique / Suíça)
JOHN SINGER SARGENT
(1856 – 1925. Florença / Itália)
NICOLAI ABILDGAARD
(1743 - 1809. Copenhage / Dinamarca)
WILLIAM HOGARTH
(1697 – 1764. Londres / Reino Unido)
Os
estudiosos acreditam que o dramaturgo e poeta WILLIAM SHAKESPEARE (1564 – 1616. Stratford-upon-Avon)
escreveu pelo menos 38 peças entre 1590 e 1612, 154 sonetos e dois poemas de
narrativa longa. Suas peças abrangem uma ampla gama de assuntos e estilos,
desde o lúdico “Sonho de Uma Noite de Verão” até o sombrio “Macbeth”, e podem
ser divididas em três gêneros - comédias, histórias e tragédias - embora
algumas, como “A Tempestade” e “O Conto de Inverno”, ultrapassem os limites dessas
categorias. Acredita-se que a sua primeira peça seja “Henrique VI Parte I”, um
drama histórico sobre a política inglesa nos anos que antecederam a Guerra das
Rosas. Possivelmente uma colaboração com Christopher Marlowe, mais
conhecido pela tragédia “A Trágica História do Doutor Fausto” (1604). Sua última peça foi “Os Dois Nobres
Parentes”, uma tragicomédia co-escrita com John Fletcher, em 1613, três
anos antes da sua morte.
Embora seja conhecido por escrever monólogos heroicos, destaco a natureza mais sombria do bardo imortal inglês, relembrando tiranos, traidores e antagonistas. O objetivo da postagem é a questão do mal no drama shakespeariano. O corpus do ensaio consiste em três peças: as tragédias “Macbeth” e “Otelo” e o drama histórico “Ricardo III”, das quais são apresentados três vilões notáveis, LADY MACBETH, IAGO e RICARDO III. Em LADY MACBETH o mal é tratado como um meio de realizar sua ambição ao adquirir poder para o marido; em IAGO o mal se manifesta como o efeito da inveja e do ressentimento por ter sido preterido em sua aspiração profissional; e em RICARDO III o mal se vê através do recalque, como algo mais político e cruel. A seguir, esses inesquecíveis malvados, juntamente com seus poderosos e sinistros monólogos.
01
Embora seja conhecido por escrever monólogos heroicos, destaco a natureza mais sombria do bardo imortal inglês, relembrando tiranos, traidores e antagonistas. O objetivo da postagem é a questão do mal no drama shakespeariano. O corpus do ensaio consiste em três peças: as tragédias “Macbeth” e “Otelo” e o drama histórico “Ricardo III”, das quais são apresentados três vilões notáveis, LADY MACBETH, IAGO e RICARDO III. Em LADY MACBETH o mal é tratado como um meio de realizar sua ambição ao adquirir poder para o marido; em IAGO o mal se manifesta como o efeito da inveja e do ressentimento por ter sido preterido em sua aspiração profissional; e em RICARDO III o mal se vê através do recalque, como algo mais político e cruel. A seguir, esses inesquecíveis malvados, juntamente com seus poderosos e sinistros monólogos.
01
IAGO em
“OTELO, o MOURO de VENEZA”
Soldado que
se empenha na aniquilação de um general. Invejando seus feitos heroicos e acreditando
preterido em função de Cássio, que assume o posto de tenente, coloca em andamento
seu plano de fazer seu comandante acreditar que sua esposa o trai. Na execução
da trama, emprega táticas de manipulação, passando-se por honesto e sem máculas.
Um conspirador maquiavélico, que tem a confiança profunda de Otelo e usa essa
confiança para traí-lo. Pérfido, hábil em detectar e explorar as fraquezas
humanas, através de intrigas sutis conduz o general ao ciúme infernal e
enlouquecedor. O bravo mouro, veterano de terríveis batalhas e representante
militar do reino de Veneza, capitula diante do mais mesquinho sentimento de
ciúme em relação a bela Desdêmona. IAGO foi representado no teatro e no cinema por excelentes
atores, entre eles Edwin Booth, Werner Krauss, Christopher Eccleston, Kenneth
Branagh, Frank Finlay, Andrei Popov, Bob Hoskins, Liev Schreiber, Rory Kinnear
e Philip Seymour Hoffman. No Ato II, Cena III, o vilão apresenta um de seus
monólogos mais canalhas, ao revelar a trama para derrubar o senso de razão de
Otelo. Ele explica seu plano para fazer parecer que Desdêmona foi infiel,
revelando sua natureza venenosa:
E então
eu sou o vilão,
quando
aconselho Cássio a seguir outra rota
que o
leva reto ao seu bem? Deidades do inferno!
O diabo, quando quer vestir negros pecados,
O diabo, quando quer vestir negros pecados,
começa
encenando uma peça angelical,
como eu
faço agora. Enquanto esse honesto otário
rogar a
Desdêmona que lhe ajeite a sorte,
e ela
interceder junto ao Mouro em seu favor,
verterei
esta pestilência em seus ouvidos:
que ela
só quer salvá-lo pra sua luxúria;
assim
quanto mais esforço fizer em ajudá-lo,
mais
desgastará seu crédito junto ao Mouro...
E assim converterei em piche sua virtude,
E assim converterei em piche sua virtude,
e com a
sua bondade, engendrarei a rede
que
enredará aos três.
02
LADY MACBETH em
“MACBETH”
lady macbeth (1889), de j. s. sargent |
[...]
tenho medo da tua natureza: ela está muito cheia do leite da bondade humana,
para encurtar caminho. Tu quererias ser grande; não deixas de ter ambição, mas
não possuis a malvadez que a deve acompanhar. A grandeza a que aspiras
desejarias alcançá-la virtuosamente.
03
RICARDO III em
“RICARDO III”
ricardo III (1787), de nicolai abildgaard |
Alguma
vez uma mulher com esse humor foi cortejada? Alguma vez uma mulher com esse
humor foi vencida? Eu a terei; mas não vou mantê-la por muito tempo. Ela já
esqueceu aquele corajoso príncipe, Eduardo, seu senhor, a quem eu, há cerca de
três meses, apunhalei com raiva em Tewksbury? Fidalgo mais galante e mais
gentil, fruto duma natureza generosa, jovem, animoso, sábio, e sem dúvida
qualquer de régia estirpe, não pode o vasto mundo de novo engendrar. Porém, ela
aceita baixar a vista sobre mim, que colhi a dourada primavera deste doce
Príncipe e que a tornei viúva em doloroso leito? Sobre mim, que inteiro não
igualo metade de Eduardo? Sobre mim, que coxeio e sou assim disforme? O meu
ducado contra um mísero vintém, tenho, todo este tempo, medido mal minha
pessoa! Eu mesmo sou um homem maravilhoso e adequado.
A LISTA
COMPLETA das PEÇAS de SHAKESPEARE
Uma
questão controversa em relação à bibliografia de WILLIAM SHAKESPEARE é se realmente foi o autor de todas as peças atribuídas ao seu nome. No século 19,
vários historiadores literários popularizaram a chamada “teoria anti-stratfordiana”,
que sustentava que muitas de suas peças eram na verdade obra de Francis Bacon,
Christopher Marlowe ou possivelmente de um grupo de dramaturgos. Os estudiosos
subsequentes, no entanto, rejeitaram esta teoria, e o consenso atual é que escreveu,
de fato, todas as peças que levam o seu nome. No entanto, há fortes evidências
de que algumas das peças foram colaborações. Em 2016, estudiosos realizaram uma
análise das três partes de “Henrique VI” e chegaram à conclusão de que inclui trechos
de Christopher Marlowe. As edições futuras da peça publicada pela Oxford
University Press darão crédito a Marlowe como coautor. Outra peça, “Os Dois Nobres Parentes”, foi co-escrita com John Fletcher, que também trabalhou com SHAKESPEARE
na peça perdida “Cardenio”. Alguns estudiosos acreditam que o bardo também pode
ter colaborado com George Peele, dramaturgo e poeta inglês; George Wilkins,
dramaturgo inglês; e Thomas Middleton, autor de sucesso de inúmeras obras
teatrais, incluindo comédias e tragédias. A ordem
exata das suas peças é difícil de provar –
e, portanto, frequentemente contestada. As datas listadas abaixo são baseadas no consenso geral de quando foram apresentadas pela
primeira vez.
HENRIQUE
VI, Parte 1
(Henry VI Part I, 1589 – 1590)
HENRIQUE VI, Parte 2
(Henry VI Part II, 1590 – 1591)
HENRIQUE VI, Parte 3
(Henry VI Part III, 1590 – 1591)
RICARDO III
(Richard III, 1592 – 1593)
A COMÉDIA dos ERROS
(The Comedy of Errors, 1592 – 1593)
TITO ANDRÔNICO
(Titus Andronicus, 1593 – 1594)
A MEGERA DOMADA
(The Taming of the Shrew, 1593 – 1594)
Os DOIS CAVALHEIROS de VERONA
(The Two Gentlemen of Verona, 1594 – 1595)
TRABALHOS de AMORES PERDIDOS
(Love’s Labour’s Lost, 1594 – 1595)
ROMEU e JULIETA
(Romeo and Juliet, 1594 – 1595)
RICARDO II
(Richard II, 1595 – 1596)
SONHO de uma NOITE de VERÃO
(A Midsummer Night’s Dream, 1595 – 1596)
EDUARDO III
(Edward III, 1596)
REI JOÃO
(King John, 1596 – 1597)
O MERCADOR de VENEZA
(The Merchant of Venice, 1596 – 1597)
HENRIQUE IV, Parte 1
(Henry IV Part I, 1597 – 1598)
HENRIQUE IV, Parte 2
(Henry IV Part II, 1597 – 1598)
MUITO BARULHO por NADA
(Much Ado About Nothing, 1598 – 1599)
HENRIQUE V
(Henry V, 1598 – 1599)
(Henry VI Part I, 1589 – 1590)
HENRIQUE VI, Parte 2
(Henry VI Part II, 1590 – 1591)
HENRIQUE VI, Parte 3
(Henry VI Part III, 1590 – 1591)
RICARDO III
(Richard III, 1592 – 1593)
A COMÉDIA dos ERROS
(The Comedy of Errors, 1592 – 1593)
TITO ANDRÔNICO
(Titus Andronicus, 1593 – 1594)
A MEGERA DOMADA
(The Taming of the Shrew, 1593 – 1594)
Os DOIS CAVALHEIROS de VERONA
(The Two Gentlemen of Verona, 1594 – 1595)
TRABALHOS de AMORES PERDIDOS
(Love’s Labour’s Lost, 1594 – 1595)
ROMEU e JULIETA
(Romeo and Juliet, 1594 – 1595)
RICARDO II
(Richard II, 1595 – 1596)
SONHO de uma NOITE de VERÃO
(A Midsummer Night’s Dream, 1595 – 1596)
EDUARDO III
(Edward III, 1596)
REI JOÃO
(King John, 1596 – 1597)
O MERCADOR de VENEZA
(The Merchant of Venice, 1596 – 1597)
HENRIQUE IV, Parte 1
(Henry IV Part I, 1597 – 1598)
HENRIQUE IV, Parte 2
(Henry IV Part II, 1597 – 1598)
MUITO BARULHO por NADA
(Much Ado About Nothing, 1598 – 1599)
HENRIQUE V
(Henry V, 1598 – 1599)
JÚLIO
CÉSAR
(Julius Caesar, 1599 – 1600)
COMO GOSTAIS
(As You Like It, 1599 – 1600)
NOITE de REIS
(Twelfth Night, 1599 – 1600)
HAMLET
(Hamlet, 1600 – 1601)
As ALEGRES COMADRES de WINDSOR
(The Merry Wives of Windsor, 1600 – 1601)
TRÓILO e CRÉSSIDA
(Troilus and Cressida, 1601 – 1602)
BEM ESTÁ o QUE BEM ACABA
(All’s Well That Ends Well, 1602 – 1603)
MEDIDA por MEDIDA
(Measure for Measure, 1604 – 1605)
OTELO, o MOURO de VENEZA
(Othello, 1604 – 1605)
REI LEAR
(King Lear, 1605 – 1606)
MACBETH
(Macbeth, 1605 – 1606)
ANTÔNIO e CLEÓPATRA
(Antony and Cleopatra, 1606 – 1607)
CORIOLANO
(Coriolanus, 1607 – 1608)
TÍMON de ATENAS
(Timon of Athens, 1607 – 1608)
PÉRICLES, PRÍNCIPE de TIRO
(Pericles, 1608 – 1609)
CIMBELINO
(Cymbeline, 1609 – 1610)
CONTO do INVERNO
(The Winter’s Tale, 1610 – 1611)
A TEMPESTADE
(The Tempest, 1611 – 1612)
HENRIQUE VIII
(Henry VIII, 1612 – 1613)
Os DOIS NOBRES PARENTES
(The Two Noble Kinsmen, 1612 – 1613)
(Julius Caesar, 1599 – 1600)
COMO GOSTAIS
(As You Like It, 1599 – 1600)
NOITE de REIS
(Twelfth Night, 1599 – 1600)
HAMLET
(Hamlet, 1600 – 1601)
As ALEGRES COMADRES de WINDSOR
(The Merry Wives of Windsor, 1600 – 1601)
TRÓILO e CRÉSSIDA
(Troilus and Cressida, 1601 – 1602)
BEM ESTÁ o QUE BEM ACABA
(All’s Well That Ends Well, 1602 – 1603)
MEDIDA por MEDIDA
(Measure for Measure, 1604 – 1605)
OTELO, o MOURO de VENEZA
(Othello, 1604 – 1605)
REI LEAR
(King Lear, 1605 – 1606)
MACBETH
(Macbeth, 1605 – 1606)
ANTÔNIO e CLEÓPATRA
(Antony and Cleopatra, 1606 – 1607)
CORIOLANO
(Coriolanus, 1607 – 1608)
TÍMON de ATENAS
(Timon of Athens, 1607 – 1608)
PÉRICLES, PRÍNCIPE de TIRO
(Pericles, 1608 – 1609)
CIMBELINO
(Cymbeline, 1609 – 1610)
CONTO do INVERNO
(The Winter’s Tale, 1610 – 1611)
A TEMPESTADE
(The Tempest, 1611 – 1612)
HENRIQUE VIII
(Henry VIII, 1612 – 1613)
Os DOIS NOBRES PARENTES
(The Two Noble Kinsmen, 1612 – 1613)
ricardo III (1890), de edwin austin abbey |
FONTES
Reflexões Shakespearianas (2005)
de Barbara Heliodora;
Shakespeare - a Invenção do Humano (1998)
de Harold Bloom;
A Tragédia Shakesperiana (1904)
de A. C. Bradley.
Reflexões Shakespearianas (2005)
de Barbara Heliodora;
Shakespeare - a Invenção do Humano (1998)
de Harold Bloom;
A Tragédia Shakesperiana (1904)
de A. C. Bradley.
macbeth (1810), de johann heinrich fussli |
2 comentários:
Deu um banho de competência em tudo que fez. Revolucionou a literatura. Sou muito pequena para dizer qualquer coisa sobre ele, mesmo lendo essa grande texto.
Só aplaudo.
Gostei muito de seus comentários sobre aspectos da obra de Shakespeare. Você é um cinéfilo de verdade, tem um olhar que vai além da fenomenologia do cinema: a arte.
E falo do cinéfilo, por oportuno, por ter lido outros temas antigos...
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