Para que
o mal triunfe,
basta que os bons fiquem
de braços cruzados.
EDMUND BURKE
(1729 – 1797. Dublin / Irlanda)
basta que os bons fiquem
de braços cruzados.
EDMUND BURKE
(1729 – 1797. Dublin / Irlanda)
Rezemos
para que a raça humana
nunca saia da Terra para espalhar
sua iniquidade em outros lugares.
C. S. LEWIS
nunca saia da Terra para espalhar
sua iniquidade em outros lugares.
C. S. LEWIS
(1898 –
1963. Belfast / Reino Unido)
A
realidade nua e crua da vida é assustadora. O mal pode estar nos esperando na
próxima esquina. Ele não é algo esporádico ou incomum que só ocorre de vez em
quando. O mal em toda a sua perversidade é um evento cotidiano. Segundo Arthur Schopenhauer
(1788 – 1860. Gdansk / Polônia), em outras palavras, expressando sua revolta
contra o mal, a vida é um vale de desgostos, lágrimas e dor. No final da
semana passada, ao saber da terrível notícia de mãe, filha e amiga executadas a
facadas por desconhecido, no litoral de Ilhéus, após um passeio de final de
tarde, certas perguntas inquietantes me incomodaram. De quem é a culpa pelo mal
que há no mundo? O mal está no mundo ou dentro de nós mesmos? Difícil
responder. Sei que o mal não precisa de monstros, ele é praticado por pessoas comuns,
muitas delas consideradas supostamente normais. O mal tem mil caras.
De
acordo com o filósofo e poeta Henry David Thoreau (1817 – 1862.
Concord, Massachusetts / EUA), “Para cada mil homens dedicados a cortar as
folhas do mal, há apenas um atacando as raízes”.
Mesmo o sistema montado para conter o mal, o Poder Judiciário, pode ser ele próprio uma fonte do mal, a exemplo da cruel perseguição política pilotada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o malvado careca Alexandre de Moraes, contra os patriotas de Direita; dos fuzilamentos em Cuba, da morte de mulheres por apedrejamento na Nigéria e tantos atos similares, feitos sob o amparo da lei. Ao longo do tempo, o homicídio tem sido um dos métodos usados para levar a cabo vinganças ou mudar o rumo dos acontecimentos. Indignada, a sociedade testemunhou o assassinato de anônimos e figuras importantes, alguns dos quais nunca resolvidos. São inúmeros crimes impactantes. O Antigo Testamento conta o caso de Sadraque, Mesaque e Abednego, lançados na fornalha por não se curvarem à estátua do rei da Babilônia. E, como ícone máximo, está Jesus Cristo, que, rejeitado pelo seu povo e provocado por Pôncio Pilatos, submeteu-se calado a uma morte humilhante. Neste artigo, revisito crimes famosos e o contexto em que cada um ocorreu.
Mesmo o sistema montado para conter o mal, o Poder Judiciário, pode ser ele próprio uma fonte do mal, a exemplo da cruel perseguição política pilotada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o malvado careca Alexandre de Moraes, contra os patriotas de Direita; dos fuzilamentos em Cuba, da morte de mulheres por apedrejamento na Nigéria e tantos atos similares, feitos sob o amparo da lei. Ao longo do tempo, o homicídio tem sido um dos métodos usados para levar a cabo vinganças ou mudar o rumo dos acontecimentos. Indignada, a sociedade testemunhou o assassinato de anônimos e figuras importantes, alguns dos quais nunca resolvidos. São inúmeros crimes impactantes. O Antigo Testamento conta o caso de Sadraque, Mesaque e Abednego, lançados na fornalha por não se curvarem à estátua do rei da Babilônia. E, como ícone máximo, está Jesus Cristo, que, rejeitado pelo seu povo e provocado por Pôncio Pilatos, submeteu-se calado a uma morte humilhante. Neste artigo, revisito crimes famosos e o contexto em que cada um ocorreu.
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O 16º
presidente dos Estados Unidos da América, baleado e mortalmente ferido em 15 de
abril de 1865, no Ford's Theatre, na capital Washington, morreu no dia
seguinte. O responsável, o confederado John Wilkes Booth. Lincoln liderou o Norte
durante a sangrenta Guerra da Secessão, preservou a União e aboliu a
escravatura. Enquanto assistia a uma peça de teatro em Washington, foi
assassinado por um ator conhecido. Aproveitando o fato de o guarda-costas do
presidente ter abandonado o teatro para ir beber algo com o cocheiro, Booth
sacou uma arma e o alvejou diretamente na cabeça. Após o magnicídio, saltou
para o palco e gritou para o público “Sic semper tyrannis” (Assim sempre aos tiranos), uma
frase atribuída a Marco Júnio Bruto depois de apunhalar o comandante italiano Júlio
César no Senado. Antes que conseguissem apanhá-lo, fugiu desesperadamente, mas onze dias mais tarde
foi morto a tiros pelo sargento Boston Corbett.
02
Em 28 de
abril de 1945, o ditador fascista Mussolini e sua amante Clara Petacci foram
fuzilados por partisans italianos (membros da resistência antifascita) em um
vilarejo no norte da Itália. Seus corpos foram levados para Milão e pendurados
pelos pés na Piazzale Loreto, expostos à multidão enfurecida que gritava
insultos e atirava objetos nos cadáveres, ferindo seus rostos. O popular líder
foi enterrado em uma cova anônima no cemitério de Milão. Porém, em 1946, seu
corpo foi roubado por fascistas. Depois de quatro meses, o cadáver foi
localizado e levado para um esconderijo, onde ficou nos onze anos seguintes. Em
maio de 1957, os restos mortais foram finalmente enterrados na cripta da
família, na sua cidade natal, Predappio. O mausoléu tornou-se um lugar de
peregrinação que ali se encontram no aniversário de morte do
Duce, discursam e cantam.
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Conhecida
como Sissi e imortalizada em filmes românticos por Romy Schneider, imperatriz
da Áustria e rainha da Hungria pelo casamento com o imperador Franz Joseph I, em
10 de setembro de 1898, durante uma visita a Genebra, na Suíça, foi assassinada
por Luigi Lucheni, um anarquista italiano, que a esfaqueou no coração. Condenado
à prisão perpétua, terminou enforcado em sua cela em 19 de outubro de 1910. Aos
60 anos de idade, a imperatriz estava passeando, como sempre sem escolta,
acompanhada apenas por uma amiga, a condessa húngara Irma Sztaray. Quando se
dirigiu ao ferry que a leveria até Montreux, tropeçou num passageiro e, nesse instante, sentiu uma forte picada nas costas. Pensou
que a dor se devia ao impacto, mas, na verdade, Lucheni cravara-lhe um estilete
muito fino perto do coração, que provocaria a seguir sua morte.
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Um dos
maiores poetas e dramaturgos espanhóis do século XX, morto pelas forças
nacionalistas no início da Guerra Civil Espanhola. As suas diversas declarações
contra a injustiça social transformaram-no numa personagem incômoda. Por
conseguinte, apesar do perigo eminente e depois de rejeitar a proteção
oferecida pelo México e Colômbia, regressou à sua Granada natal, pois a
situação em Madrid era já bastante complicada. Refugiou-se em casa dos pais do
seu amigo Luis Rosales, onde, no dia 16 de agosto de 1936, o poeta foi detido
por Ramón Ruiz Alonso, um ex-deputado, e levado para Víznar. Dois dias depois,
na madrugada de 18 de agosto, acabou fuzilado em um barranco a poucos quilômetros
da capital granadina, num local conhecido como “estrada da morte”. Seus restos
mortais nunca foram encontrados.
05
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Em 28 de
junho de 1914, um sérvio bósnio, Gavrilo Princip, assassinou o arquiduque Franz Ferdinand e sua esposa Sophie,
duquesa de Hohenberg, em Sarajevo. Após o tiroteio, Princip e seus cúmplices
foram presos e implicados como uma sociedade secreta nacionalista. O assassino
morreu na prisão em 1918, de tuberculose. Um mês após o crime, o imperador da
Áustria, Francisco José, declarava guerra ao reino da Sérvia. Uma vez que este
país se encontrava sob a proteção da Rússia, a aliança franco-russa se arrastou
para um conflito ao qual os britânicos se juntariam. A Alemanha, por outro
lado, aliou-se ao império austro-húngaro. Todos acabariam envolvidos na
Primeira Guerra Mundial, que provocaria mais de 20 milhões de mortos.
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Convidado
em 16 de dezembro de 1916 para um jantar no palácio de Moika, São Petersburgo,
pelo príncipe Youssoupov e o sobrinho do czar Nicolau II, Rasputin encontrou o
seu fim. Sua morte não foi rápida. O cianureto colocado na taça de vinho pelos anfitriões
não provocou efeito. Em seguida, o alvejaram com onze tiros no peito. Tendo
sobrevivido, foi castrado e, continuando vivo, brutalmente agredido e atirado
nas águas geladas do Rio Neva. A autópsia revelou que morreu afogado. Os
assassinos, nobres russos, queriam pôr fim à influência do mago sobre a
corte. Originário da Sibéria, fascinou camponeses,
representantes da Igreja Ortodoxa e a czarina Alexandra, cujo filho
Alexei era portador de hemofilia e ela acreditou que aquele “santo homem” seria capaz de salvar o herdeiro do trono. Com o assassinato de Rasputin, veio
a queda do Império.
07
O
presidente dos EUA, baleado e morto em visita à Dallas, Texas, no dia 22 de
novembro de 1963, enquanto atravessava de carro uma multidão fervorosa com a
sua esposa Jacqueline. Passadas algumas horas, soube-se que o assassino era um
ex-fuzileiro, Lee Harvey Oswald, que viveu uma longa temporada na União
Soviética depois de desertar do Exército norte-americano. Dois dias
depois, antes de testemunhar, ele foi morto a tiros por Jack Ruby. Até hoje
circulam dúvidas sobre se o assassino agiu sozinho ou se ele fazia parte de uma
conspiração mais ampla. Ruby morreu na prisão em 1967. Incompreensivelmente, o
casal presidencial deslocava-se numa limusine descapotável, sem qualquer
proteção. Subitamente, dois disparos soaram, atingindo fatalmente o presidente,
que morreu ao receber o impacto de uma bala na cabeça.
08
JOHN
LENNON
(1940 – 1980. Liverpool, Inglaterra / Reino Unido)
(1940 – 1980. Liverpool, Inglaterra / Reino Unido)
Na noite
de 8 de dezembro de 1980, o famoso músico foi baleado do lado de fora de seu
apartamento em Nova York e morreu a caminho do hospital. Seu assassino, Mark
David Chapman, estava irritado com o estilo mundano de vida do artista. Ele
planejou o assassinato ao longo de vários meses. Às 17h do fatídico dia, na
saída do edifício Dakota, pediu a Lennon que autografasse o disco “Double
Fantasy”. Quando o músico e sua esposa Yoko Ono regressaram a casa, ele alvejou
o ex-Beatle, dando-lhe cinco tiros pelas costas, quatro dos quais atingidos e
causando a morte pouco depois. Segundo Chapman, “assassinei-o porque era muito,
muito, muito famoso, e essa é a única razão, porque eu queria muito, muito,
muito alcançar a glória”. Ele permanece no Centro de Correção de Attica, em Nova Iorque. Foi-lhe recusada a liberdade condicional em doze
ocasiões.
09
JÚLIO
CÉSAR
(100 a.C. – a.C. 44. Subura / Itália)
(100 a.C. – a.C. 44. Subura / Itália)
Seu homicídio
em 15 de março de 44 a.C. é um dos mais famosos da História. Ele foi esfaqueado
23 vezes por senadores, com pelo menos 60 participantes na conspiração. Apesar
dos avisos da sua esposa, Calpúrnia, que o vira coberto de sangue em sonhos, ele
dirigiu-se ao Senado. O homem mais poderoso do mundo era popular e sentia-se
seguro de si mesmo. Mas um grupo de senadores, liderado por Marco Júnio Bruto e
Caio Cássio Longino, conspiravam para acabar com a sua vida, com medo de que ele
abolisse o Senado e instituísse uma monarquia. Ao receber as punhaladas, pronunciou
a célebre frase: “Até tu, Brutus?”. Sua morte resultou em uma guerra civil, na
qual os assassinos seriam derrotados e o vencedor seria Octávio, seu sobrinho-neto
e futuro primeiro imperador de Roma, sob o nome de Augusto.
10
MAHATMA
GANDHI
(1869 – 1948. Porbandar / Índia)
(1869 – 1948. Porbandar / Índia)
Em 30 de
janeiro de 1948, em Nova Deli, recebeu tiros do extremista Nathuram Godse, que era
contra à tolerância aos muçulmanos. O assassino foi enforcado em 15 de novembro
de 1949. Para Godse, o líder pacifista era um traidor, acusado de beneficiar
seus inimigos. Nesse dia fatídico, acompanhado pelas suas duas sobrinhas, Manu
e Abha, o icônico Gandhi dirigia-se à sua sessão de oração vespertina, onde o
criminoso o aguardava e se dirigiu a ele de mãos unidas, dando a seguir três
tiros à queima-roupa. Após o assassinato, a multidão o encurralou e, depois de
ser detido pela polícia, leu uma declaração na qual responsabilizava o falecido
pelo sofrimento do povo hindu e garantia ter agido sozinho, embora mais tarde
sete outras pessoas tenham sido detidas, acusadas de estarem relacionadas com o
crime. Ele foi condenado a morrer na forca.
11
Galardoado
com o Prêmio Nobel da Paz em 1964, o reverendo batista foi o líder mais popular
do movimento pelos direitos civis de sua época. No dia 4 de abril de 1968,
enquanto se encontrava na varanda do Motel Lorraine de Memphis, se viu atingido
com um tiro na garganta, por James Earl Ray, um delinquente que escapara da
prisão no ano anterior. Após a sua detenção, condenado a 99 anos de prisão em
10 de março de 1969, alegou-se que motivos no caso foram o racismo e o ódio
contra a pessoa do reverendo. Após permanecer três dias na prisão, Ray afirmou
que tinham montado uma armadilha e que, na verdade, não era o culpado pela
morte. Ele passou o resto da sua vida atrás das grades, lutando,
infrutiferamente, por um novo julgamento. Contou com o apoio de alguns membros
da família King e do reverendo Jesse Jackson.
12
Conhecido
como “O Açougueiro de Praga”, em 22 de maio de 1942 uma bomba foi atirada no
seu carro pelos agentes da resistência Jozef Gabčík e Jan Kubiš. Ferido e
operado, morreu em 4 de junho, de septicemia. Ele procurou neutralizar a
resistência ao partido nazista através de detenções, deportações e
assassinatos. Organizou a “Noite dos Cristais”, uma série de ataques contra os
judeus em 1938. Em Praga, eliminou a oposição à ocupação nazi, deportando e
executando os membros da resistência checa. Diretamente responsável pelo assassinato
de mais de dois milhões de pessoas, através de execuções em massa ou em câmaras
de gás. A mando de Hitler, as represálias ao seu assassinato foram mortais: 199
homens mortos, 195 mulheres deportadas para o campo de concentração de
Ravensbrück e 95 crianças prisioneiras. Gabčík e Kubiš morreram em um tiroteio
dentro da Igreja de São Cirilo, em Praga.
13
14
Os
ROMANOV
Nicholas II da Rússia (1868 – 1918. São Petersburgo / Rússia)
Alexandra Feodorovna (1872 – 1918. Darmstadt / Alemanha)
Nicholas II da Rússia (1868 – 1918. São Petersburgo / Rússia)
Alexandra Feodorovna (1872 – 1918. Darmstadt / Alemanha)
A família
imperial russa era composta pelo imperador Nicholas II, a imperatriz Alexandra
e cinco filhos: Olga, Tatiana, Maria, Anastasia e Alexei. Na madrugada de 16
para 17 de julho de 1918, foram mortos a tiros por revolucionários bolcheviques
na residência de um comerciante em Ecaterimburgo. Após meses presos, terminaram
levados a uma cave e alvejados à queima-roupa. Contudo, nem todos morreram e os
sobreviventes foram eliminados com golpes de baioneta. Colocaram os corpos em um
caminhão e no meio do caminho, dois deles foram jogados na floresta. Os outros cinco
cadáveres, deformados com ácido e incendiados, enterrados numa cova anônima. Em
1979, localizaram os restos, mas foi mantido em
segredo. Em 1998, os Romanov foram sepultados numa majestosa cerimônia na catedral de São Pedro e São Paulo, em São Petersburgo.
14
SÓCRATES
(470 a.C. - 399 a.C. Alópece / Grécia)
(470 a.C. - 399 a.C. Alópece / Grécia)
Um dos filósofos mais brilhantes da Grécia Antiga, condenado à morte em 399 a.C. em Atenas, acusado de corromper a juventude ao introduzir novas ideias religiosas e filosóficas, além de não reconhecer os deuses tradicionais da cidade. A pena alternativa a ingestão de cicuta, um veneno comum na época, seria o exílio, mas ele recusou, considerando-o uma fuga da responsabilidade e uma traição aos seus princípios. Bebeu a cicuta com serenidade, demonstrando convicção em suas ideias e na importância de seguir a lei, mesmo diante da injustiça, segundo relatos de seus discípulos. Seu julgamento foi um evento público, e ele enfrentou as acusações com argumentos filosóficos, sem demonstrar medo da morte, de acordo com a narrativa de Platão. Sua morte tornou-se um símbolo de integridade, coragem e defesa dos próprios princípios.
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Um dos
marcos pela luta do desligamento do então Brasil-Colônia de Portugal, a
Inconfidência Mineira não ocorreu pela delação de um de seus participantes. Os envolvidos
foram presos em 1789 e ficaram três anos encarcerados até sair a sentença. Condenados
à forca, uma carta de clemência da rainha D. Maria I transformou as penas em
degredo (expulsão do Brasil), com exceção de Joaquim José da Silva Xavier,
apelidado de Tiradentes. No dia 21 de abril de 1792, conduzido pelo do
Rio de Janeiro até uma forca, no Largo da Lampadosa, executado, teve a cabeça cortada
e enviada para Vila Rica, ficando exposta em um poste. O resto do corpo retalhado
e distribuídos em locais onde ele fizera seus inflamados discursos políticos.
O terreno de sua casa foi salgado para que nada germinasse. No entanto,
transformou-se em herói nacional.
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