auto-retrato de gisèle freund |
Nascida em Berlim,
Alemanha, de pais judeus abastados, intelectuais e colecionadores de arte, GISÈLE
FREUND (1908 - 2000) se
interessou por fotografia desde jovem, ao ganhar uma Leica. Com a
ascensão do nazismo, fugiu para a capital francesa, sem um tostão,
enquanto sua família escapava para a Inglaterra. Sem os recursos familiares
habituais, começou a fotografar como meio de sobrevivência. Em poucos anos,
seria conhecida pelos retratos de artistas e intelectuais, além da atuação como nas revistas “Life”, “Paris Match”, “Picture Post” e “SUR”. Seus temas variados
incluem desde a pobreza britânica à importantes figuras políticas, como, por
exemplo, quando fotógrafa oficial de François Mitterrand, acompanhando-o
durante as eleições para presidente da França, em 1981. Pioneira no uso da cor,
que acreditava permitir uma aproximação realista e sensível à personalidade do
retratado, sua primeira
exposição, em 1938, inovou ao exibir retratos coloridos. Um deles, o do escritor
irlandês James Joyce, estampou a capa da revista “Time”, em 1939.
Ao
contrário da maioria dos fotógrafos de seu tempo, GISÈLE FREUND via as fotografias
coloridas como mais próximas da vida, embora também fotografasse em preto e
branco. Na Paris de 1936, já
doutora pela Sorbonne, teve sua tese de conclusão premiada e publicada em
livro, “La Photographie en France au Dix-neuvieme Siècle”. A invasão nazista na França obrigou GISÈLE FREUND a fugir
novamente, desta vez para a Argentina. O destino não foi escolhido
aleatoriamente, sua decisão veio através de um convite recebido da escritora
argentina Victoria Ocampo, criadora e editora da revista literária “SUR”
(1931 - 1992), considerada uma das publicações mais importantes da América Latina.
Por intermédio de Victoria, a fotógrafa viria a conhecer e fotografar, em
Londres, Virginia e Leonard Woolf. A difícil Virgínia Woolf não gostou
particularmente da fotógrafa, no entanto, não deixou de presenteá-la com um
livro de fotografias de sua tia-avó Júlia Cameron.
Com o fim da Segunda
Grande Guerra Mundial, GISÈLE FREUND voltou a França, indo a seguir aos Estados
Unidos, em 1947, convidada por Robert Capa para ingressar na agência Magnum,
fundada por ele e Henri Cartier-Bresson. Em 1950, na Argentina, fotografa Juan
e Evita Perón, que estavam no auge do poder. A “Life” publicou algumas das
fotografias, gerando um incidente diplomático ao revelar para o mundo a
fabulosa coleção de joias de Evita. Convidada para palestrar
no México, em 1950, apaixonou-se pela cultura local, ficando dois anos no país,
época em que fez amizade com Frida Kahlo e Diego Rivera. Ao tentar retornar aos
Estados Unidos, descobriu seu nome incluído na lista negra norte-americana, ao
lado de outros artistas e intelectuais considerados comunistas pelo Senador
McCarthy, conhecido pela obsessão anticomunista. Demitida da Agência Magnum por
causa disso, decidiu morar em Paris. De personalidade
forte, descrita como extremamente complicada, chamava os escritores que
fotografava de “minhas vítimas”. Às vezes, as vítimas revidavam criticando
publicamente seus retratos. Certa vez, numa entrevista, ela questionou: “Explique-me,
por que os escritores querem ser fotografados como estrelas e as estrelas como
escritores?”.
Com tantas andanças, realizou
uma espécie de arquivo visual do star
system da cultura, de um tipo de cultura determinada. Sem dúvida, um
trabalho importante como testemunho, documento e arte, captando o magnetismo das
personalidades retratadas. GISÈLE FREUND dizia ser “o rosto uma máscara, esconde
emoções e sentimentos, e o que procuro fotografar está detrás dessa máscara”.
Também afirmava não se interessar pela técnica, realizando retratos ao criar um
clima de cumplicidade ou quando o modelo - especialmente escritores - não
percebia que estava sendo fotografado. Assim realizava imagens encantadoras, talentosas,
sem pose, autênticos retratos da alma. Findado o idílio
mexicano, passou o resto da vida em Paris, publicando vários livros. Entre
eles, “James Joyce in Paris: His
Final Years” (1965), “Le Monde et ma Camera” (1970), “Photographie et Société”
(1974) e “Memoirs de l' Oeil”. Conquistou o Grand Prix National des Arts (França), o primeiro dado a uma mulher.
Também foi a primeira fotógrafa a ganhar uma retrospectiva no Museu Nacional de
Arte Moderna, na capital francesa, em 1991. Morreu em 2000, aos 91 anos de
idade.
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3 comentários:
Muita coisa encontra=se atrás das máscaras
fantastico
Lovely
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