alceu pólvora |
CANDINHA DORIA
(atriz)
nahud e candinha |
No final dos anos 1980, CANDINHA DORIA me disse que pensava em voltar à atuar, na pele da Amanda Wingfield de “À Margem da Vida”, de Tennessee Williams. Infelizmente, não concretizou o sonho. Em 2005, ela partiu para o outro lado da lua, aos 95 anos. Nós sabemos o que perdemos. Deixou uma lacuna que talvez nunca seja preenchida, pois artistas humanistas de sua envergadura não se fabricam mais e dificilmente terão alguma chance de vingar no pântano atual do individualismo e da maledicência. Aleluia, Candinha! Saudades!
EVA LIMA
(atriz e produtora cultural)
O teatro sobrevive no território da emoção. Atraído desde sempre por este universo libertário, escrevi peças para algumas atrizes (“Das Sombras”, para Daniela Escobar; “Águas, Luas Doidas”, para Eva Lima; “Sonhos que Mentem”, para Rita Assemany; e “Duas Mulheres Bem Comportadas”, para Cláudia Magalhães). O texto que fiz para a espevitada EVA LIMA se perdeu. Uma pena, tinha o seu encanto. Contava a história da governanta do escritor francês Marcel Proust, então nos seus últimos dias de vida. Também não existe cópia de um vídeo-poema que dirigi para a TV Cabrália (Bahia) com Eva como protagonista, versos de Cyro de Mattos e música de Erick Satie.
A trajetória dessa atriz iluminada começou na primeira metade da década de 1980. Projetou-se como uma das referências do teatro grapiúna. Entre o sonho de artista e a difícil arte da sobrevivência, atuou em “Transe”, “Itabuna Alves do Amor Divino”, “A Feira”, “Dona Flor e seus Dois Maridos” etc. Como a prostituta Ana de Amsterdã de “Calabar – Elogio da Traição”, de Ruy Guerra e Chico Buarque de Holanda, na Sala Zélia Lessa, primou pela pela sensibilidade exata. Depois de temporada fértil em Salvador, participando inclusive de filmes (a sua cena em “Eu Me Lembro”, de Edgard Navarro, é inesquecível), voltou a morar em Itabuna, virando a cidade de cabeça pra baixo como valorosa produtora cultural.
A arte transforma mentes e corações. A arte existe, justamente, para ser uma manifestação diferenciada do corriqueiro, do demasiado humano. Através de metáforas, alegorias e recursos estilísticos, o milenar teatro existe pela perseverança de gente talentosa como Eva Lima. Bravo, Evita!
A trajetória dessa atriz iluminada começou na primeira metade da década de 1980. Projetou-se como uma das referências do teatro grapiúna. Entre o sonho de artista e a difícil arte da sobrevivência, atuou em “Transe”, “Itabuna Alves do Amor Divino”, “A Feira”, “Dona Flor e seus Dois Maridos” etc. Como a prostituta Ana de Amsterdã de “Calabar – Elogio da Traição”, de Ruy Guerra e Chico Buarque de Holanda, na Sala Zélia Lessa, primou pela pela sensibilidade exata. Depois de temporada fértil em Salvador, participando inclusive de filmes (a sua cena em “Eu Me Lembro”, de Edgard Navarro, é inesquecível), voltou a morar em Itabuna, virando a cidade de cabeça pra baixo como valorosa produtora cultural.
A arte transforma mentes e corações. A arte existe, justamente, para ser uma manifestação diferenciada do corriqueiro, do demasiado humano. Através de metáforas, alegorias e recursos estilísticos, o milenar teatro existe pela perseverança de gente talentosa como Eva Lima. Bravo, Evita!
SONIA COUTINHO
(escritora e dramaturga)
Não nego o fascínio pela literatura da itabunense Sonia Coutinho. Ainda estudante, ao bater com os olhos pela primeira vez em suas palavras nunca mais deixei de admirá-las. A obra em questão, “O Jogo de Ifá”, de 1980, faz referências a deusas e divindades do universo afro-brasileiro. SONIA COUTINHO pertence a frutífera geração de Hélio Pólvora, Florisvaldo Mattos, Cyro de Mattos e Telmo Padilha. Com ênfase no psicológico, suas protagonistas são mulheres independentes, aventureiras, artistas, jornalistas e intelectuais. Radicada no Rio de Janeiro, a contista e romancista (também jornalista e tradutora) se dedica a prosa que traduz o fluxo de consciência, como na antologia de contos “Os Venenos de Lucrécia”.
Premiada duas vezes com o Jabuti da ABL, recebeu em 1994 o título de Mestre em Teoria da Comunicação com a tese-ensaio “Rainha do Crime — Ótica Feminina no Romance Policial”. Em 2008, adaptei um dos seus contos para o teatro, “Na Penumbra com a Deusa Loura”, direção de Matheus Saron. Foi a aproximação mais íntima que tive com a autora. Nunca cheguei a conhecê-la pessoalmente. Decepcionada, ela não pisa os pés em Itabuna. Compreendo perfeitamente.
Premiada duas vezes com o Jabuti da ABL, recebeu em 1994 o título de Mestre em Teoria da Comunicação com a tese-ensaio “Rainha do Crime — Ótica Feminina no Romance Policial”. Em 2008, adaptei um dos seus contos para o teatro, “Na Penumbra com a Deusa Loura”, direção de Matheus Saron. Foi a aproximação mais íntima que tive com a autora. Nunca cheguei a conhecê-la pessoalmente. Decepcionada, ela não pisa os pés em Itabuna. Compreendo perfeitamente.