dezembro 14, 2011

.............................. COBRA de DUAS CABEÇAS


A Mondrongo, editora do Teatro Popular de Ilhéus conduzida pelo poeta Gustavo Felicíssimo, lança no próximo sábado, dia 17, às 19h, “Cobra de Duas Cabeças”, de Herculano Assis, revelando poesia e prosa inéditas de Sosígenes Costa (1901-1968), considerado um dos maiores poetas baianos de todos os tempos. O lançamento será no Teatro Municipal de Belmonte, cidade natal do poeta. Segundo Jorge de Souza Araújo, a obra “resulta de amorosa pesquisa e justificado penhor, caros à memória de um poeta de excelência, aqui observado como pensador e crítico notabilizado por uma verrina que de tão surpreendente constitui-se mais ainda afeta à literatura baiana e brasileira.”. Sosígenes, que estreou na imprensa por volta de 1928, em Ilhéus, onde foi colaborador do “Diário da Tarde”, no mesmo ano tornou-se membro da Academia dos Rebeldes, com Jorge Amado, entre outros escritores. Na época, trabalhava como professor de instrução primária. Em 1959 publicou “Obra Poética”, pelo qual recebeu o Prêmio Jabuti de Poesia. Entre 1978 e 1979 foram publicadas a segunda edição, revista e aumentada, de “Obra Poética”, e a póstuma “Iararana”. A poesia de Sosígenes Costa vincula-se à segunda geração do Modernismo. Segundo o crítico literário José Paulo Paes, quando ainda andava acesa a campanha dos modernistas contra o soneto em prol da institucionalização do verso livre, entretinha-se o poeta a escrever seus 'Sonetos Pavônicos', todos rigorosamente rimados e metrificados, nos quais são perceptíveis traços parnasianos e, sobretudo, simbolistas, ainda que tais sonetos nada tenham de passadistas, caracterizando-se antes por uma modernidade que se patenteia, como a de Quintana, na exploração criativa das possibilidades expressionais dessa forma fixa, então esclerosada pela prática mecânica e abusiva.. Ainda no dia 17, o site da editora Mondrongo entrará no ar. Anote desde já o endereço: www.mondrongo.com.br

CHUVA DE OURO

As begônias estão chovendo ouro,
suspendidas dos galhos da oiticica.
O chão, de pólen, vai ficando louro
e o bosque inteiro redourado fica.

Dir-se-á que se dilui todo um tesouro.
Nunca a floresta amanheceu tão rica.
As begônias estão chovendo ouro,
penduradas nos galhos da oiticica.

Bando de abelhas através do pólen
zinindo num brilhante fervedouro,
as curvas asas transparentes bolem.

E, enquanto giram num bailado belo,
as begônias estão chovendo ouro.
Formosa apoteose do amarelo!

Sosígenes Costa 
(1928)

dezembro 10, 2011

.................... O LEITOR AGRADECE, RAMIRO AQUINO


Antônio Lopes, Ramiro Aquino e Kleber Torres são referências jornalísticas no sul da Bahia. Eles cumprem com habilidade o papel social do jornalista: dominam o idioma, bem informados, éticos. Não perseguem publicamente seus desafetos, o leitor para eles deve estar em primeiro lugar.

Esta semana, na coluna “Aquino na Squina”, Ramiro publicou nota pertinente, que merece a atenção de leitores e principalmente de jornalistas: “Um movimento em favor da boa notícia é o que estamos propondo à imprensa regional e faremos o possível para dar a nossa contribuição. As más notícias, algumas necessárias, não podem se sobrepor às boas. (...) Notícia boa existe. É só procurar”. Foi uma puxada de orelha, num estilo classudo, como habitual em sua escrita e comportamento. O leitor agradece, mestre Ramiro. 

Eu deixei de ler com constância alguns jornais justamente pelo destaque excessivo de notícias desnecessárias, descartáveis, pingando sangue, em grandes manchetes, assaltos a acidentes automobilísticos. Muitos leitores são seduzidos por tais notícias, mas é preciso atraí-los para um caminho menos selvagem. Nos últimos meses, enviei releases para um desses jornais sobre minha incansável e positiva atuação cultural no Rio Grande do Norte. Nem uma notinha. Não é uma questão de egocentrismo, os feitos qualitativos de um conterrâneo merecem divulgação. 

A imparcialidade jornalística é impossível, e cada um escreve à sua maneira, baseado no que aprendeu e imitou e admirou. Não merece consideração o jornalista que não informa honestamente, sendo apenas a fonte de informações escolhidas com fins partidários ou mercenários. O jornalismo de outros tempos, de vocação ou destino, tornou-se uma carreira com parvas vantagens. Em vez de conhecer e dar a conhecer o mundo, profissionais de imprensa vivem à custa de magros privilégios: convites para jantares, bilhetes de shows, camarotes, bolsa feminina requintada ou um belo vestido em troca de notinhas. Não parece mais ter importância ser bem informado, culto, inteligente. O preferencial é a pilantragem.


Editores/chefes de redação deveriam refletir profundamente sobre a nota de Ramiro. Quem não publica tragédias sensacionalistas, também raramente incentiva a produção positiva dos itabunenses. Gravemente, pratica relações públicas e publicidade, servindo-se do jornal para esses fins e subestimando o olho vivo do leitor. Nota-se como colunistas perderam o fôlego, transformando-se em vitrine de anúncios, sem opinião de caráter pessoal ou destaque para agentes culturais. Não sou puritano, concordo que todos devem ganhar o suado dinheirinho, mas o leitor vem sendo habitualmente desprezado, predominando a passiva ressonância comercial. 

A sábia nota de Ramiro Aquino veio na hora certa, revelando as dificuldades da imprensa de Itabuna (e de outras cidades) para lidar com o admirável mundo novo da comunicação. Ficará na história grapiúna. Pode ter certeza.

dezembro 09, 2011

.................................................. O LIVRO NEGRO


Uma lista preparada pela SS nazista quando dos preparativos da Operação Leão Marinho, que planejava a invasão da Grã-Bretanha em 1940, após a derrota da França pela Alemanha na II Guerra Mundial, ficou conhecida como “Livro Negro”. Esta lista, descoberta após a guerra, continha o nome de centenas de personalidades da vida britânica que deveriam ser presas e executadas pelos integrantes dos Einsatzgruppen, os esquadrões da morte da SS e foi compilada por um oficial nazista, Walter Schellenberg. Muitos dos nomes da lista já tinham morrido quando ela foi elaborada, como por exemplo Sigmund Freud, mostrando um certo desconhecimento da realidade da sociedade britânica. 

Das 20.000 cópias iniciais do livro, apenas duas existem hoje e uma delas se encontra no Imperial War Museum, em Londres. Alguns dos notáveis integrantes da lista: Winston Churchill – por ser um líder anti-nazista; Neville Chamberlain - ex-líder britânico; o dramaturgo George Bernard Shaw - por ridicularizar os nazistas; o ator Noel Coward – por ser homossexual; os escritores H.G. Wells – por ser socialista – e Virginia Woolf – por ser bissexual; Sigmund Freud – por ser judeu; e Robert Baden-Powell - por ser fundador e líder do escotismo (o escotismo era visto pelos nazistas como uma organização de espionagem). Depois da guerra, uma das integrantes do “Livro Negro”, a feminista e escritora Rebecca West, ao tomar conhecimento de sua existência e dos nomes nela contidos, enviou um telegrama ao seu amigo Noel Coward que dizia: “Querido, veja os nomes ao lado de quem deveríamos ter morrido. Melhor companhia, impossível!”.

dezembro 05, 2011

....................................... DEU GULLAR no JABUTI

ferreira gullar
O Prêmio Jabuti funciona como vitrine para o fortalecimento do setor editorial brasileiro. Na sua mais recente edição, a 53ª, em cerimônia realizada em São Paulo e promovida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o poeta maranhense FERREIRA GULLAR e o jornalista paranaense Laurentino Gomes receberam as principais condecorações. A obra “Em Alguma Parte Alguma”, de Gullar, sagrou-se como Livro do Ano Ficção, enquanto “1822”, de Laurentino, foi o grande vencedor da categoria Livro do Ano Não Ficção. O autor do Livro do Ano Ficção foi escolhido entre as obras premiadas nas categorias “Romance”, “Contos e Crônicas”, “Poesia”, “Infantil” e “Juvenil”. Durante a cerimônia, os vencedores das 29 categorias que compõem o prêmio, assim como os segundos e terceiros colocados em cada uma delas, também receberam suas estatuetas. 

Laurentino foi o primeiro a falar, e agradeceu aos colegas empenhados na elaboração de narrativas históricas: “É com senso de missão de contribuir para a educação e para a transmissão de conhecimento que recebo esse prêmio. Nesse ambiente de construção de conhecimento, a história é chamada para essa missão. Faço uma homenagem a todos os historiadores brasileiros, que são a fonte em que bebo”, disse. Gullar optou por uma fala breve e repleta de significado: “Não sei se poesia é literatura. Mas a gente faz poesia porque a vida não basta.” 

Além de poeta, Gullar é crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista, ensaísta e um dos fundadores do neoconcretismo. Autor dos clássicos “Dentro da Noite Veloz” (1975) e “Poema Sujo” (1976), recebeu o prestigiado Prêmio Camões , em 2010, e um primeiro Jabuti em 2007, por “Resmungos”, considerado também o Melhor Livro do Ano Ficção.  Aos 81 anos, merece o Prêmio Nobel. Veja a lista dos principais vencedores:

Livro do Ano Ficção
“EM ALGUMA PARTE ALGUMA”
Autor: FERREIRA GULLAR
(José Olympio)

Livro do Ano Não Ficção
“1822”
Autor: LAURENTINO GOMES
(Nova Fronteira)

Categoria Teoria e Crítica Literária
CÂMARA CASCUDO E MÁRIO DE ANDRADE – CARTAS, 1924-1944”
Organizador: MARCOS ANTONIO DE MORAES
(Editora Global)

Categoria Artes
“OS SATYROS”
Autor: GERMANO PEREIRA
(Editora Imprensa Oficial)

Categoria Tradução
“O LIVRO DE DEDE KORKUT”
Tradutor: MARCO SYRAYAMA DE PINTO
(Editora Globo)

Categoria Ilustração
“O CORVO”
Ilustrador: MANU MALTEZ
(Editora Scipione)

Categoria Infantil
“OBAX”
Autor: ANDRÉ NEVES
(Brinque-Book)