março 19, 2019

............................................... A VOZ POÉTICA de RENAN PINHEIRO




Ilustrações: CARAVAGGIO
(Caravaggio, Itália. 1571 - 1610)


Ele nasceu em Apodi, no interior do Rio Grande do Norte, e mudou-se para a capital potiguar para estudar Direito. Advogado, escreve artigos para jornais e colaborou com diversas antologias. Seu primeiro livro, “Fátima e Pontmain – Aparições de Paz em Tempos de Guerra”, foi publicado em 2015. Premiado com o segundo lugar no Concurso Literário Othoniel Menezes de Poesia, lançou em 2019 “Cárceres: Vozes de Um Prisioneiro”, celebrando a liberdade e, sobretudo, a fortaleza do espírito humano.

01
Quem é Renan II de Pinheiro e Pereira?

Um cara que gosta de ler e ouvir boa música, dá muito valor aos amigos, tenta fazer a coisa certa na maioria das vezes e de certa forma é um paradoxo que nem ele consegue explicar.

02
Como se deu seu contato inicial com a literatura?

Minha mãe foi professora e sempre soube a necessidade de estimular as crianças a ler desde cedo. Por isso, quando eu já tinha condições de olhar alguma coisa ela me dava revistas em quadrinhos e jogos de letrinhas, e depois de rasgar muita coisa comecei a prestar atenção e brincar de compor palavras. O resultado é que aprendi a ler aos três anos, fui para a escola (na Pré-Escola, aos 5 anos, fui escolhido para orador porque era o único que realmente sabia ler), e das revistinhas passei para os livros infantis, daqueles livros grandes ilustrados de histórias da Disney vendidos pelo Círculo do Livro, quando tinha entre 4 e 5 anos. Na infância me dividi entre os gibis e os livrinhos ilustrados, geralmente historinhas da Bíblia para crianças ou contos de fadas (alguns acompanhados de fitas cassete), e seguramente meus primeiros livros mais volumosos foram três volumes de contos de fadas, chamados de “Fantasia Colorida da Criança”, com contos clássicos e outros menos conhecidos.  Em seguida, fui passando para livros com um pouco mais de volume (talvez os primeiros que li nesse estilo tenham sido “O Pequeno Príncipe”, “Pollyanna” e “Pollyanna Moça”), e com certeza o primeiro livro que li sem ter um fundo infanto-juvenil foi a Bíblia, que ganhei aos nove anos e li nessa mesma idade, ainda que tenha ficado sem entender muita coisa. Desde criança que gosto de escrever (ainda conservo dois diários que escrevi nesse tempo), eu tinha o costume de às vezes brincar de fazer historinhas com desenhos em folhas de caderno e grampeá-las como se fossem livros.

03
Escrever o ajuda a viver melhor?

Sem dúvida. É a melhor maneira que encontro para expressar meus desejos e minhas emoções, muitas vezes simplesmente me veio do nada a vontade de escrever e tive de deixar de lado o que fazia para registrá-lo, sabia que se eu deixasse para depois não seria a mesma coisa.
renan pinheiro

04
O fato de morar afastado do eixo Rio-São Paulo limita a divulgação de sua literatura?

Infelizmente sim, e tive uma mostra disso quando publiquei meu primeiro livro, “Fátima e Pontmain – Aparições de Paz em Tempos de Guerra”. Como ele foi publicado por uma editora de circulação nacional (a Editora Ecclesiae, com sede em Campinas), foi recomendado pelo jornal da Arquidiocese de São Paulo e cheguei a ser convidado para proferir uma pequena palestra na parte luso-brasileira de um congresso em Fátima. Não dá para negar que, a menos que você tenha amigos ou conhecidos nesse eixo, fica difícil você ser notado no território nacional, pois a maioria das editoras e dos grandes eventos são concentrados lá.

05
O que acha de teorias literárias? Elas de alguma forma lhe influenciam?

Acho importante conhecer as teorias literárias, para entender como se deu a evolução da Literatura, mas acho que nenhum autor deve deixar-se prender a elas. O que faço é tentar buscar minha identidade autoral, e nesse processo posso incorporar aspectos de uma ou outra.

06
Como você define a sua poesia?

É uma poesia que tem muito de romântica, mas é principalmente reflexiva, tentando registrar meus sentimentos em relação a mim e ao mundo.

07
Caso fosse lhe vedado a escrita, o que faria?

Com certeza eu sofreria muito, e depois tentaria registrar meu mundo interior de outra maneira. Só sei que, para estar bem, preciso me expressar.

08
Pouco chega ao resto do Brasil a poesia e prosa do Rio Grande do Norte. O meio literário é injusto e excludente ou faltam bons escritores potiguares?

Não creio que a terra que gerou Cascudo e Othoniel Menezes tenha deficiência de bons escritores, tanto que nos últimos anos tivemos autores potiguares participando de eventos literários em Havana e mesmo na França. Sendo assim, o que falta mesmo é interesse das editoras em promover talentos oriundos das regiões mais distantes das metrópoles.

09
Como os escritores do Nordeste do Brasil têm reagido em relação aos problemas do Brasil?

O Nordeste tem uma tradição antiga de questionar a opressão e a miséria, e no RN não tem sido diferente. A editora CJA Edições tem se destacado publicando livros nessa linha, e um deles foi “Exortações de um Maldito”, do meu amigo Brunno Mariano Campos, romance ambientado durante as passeatas de 2013.

10
Escrever é uma vaidade ou uma necessidade em um mundo com tanta injustiça e miséria?

Mesmo que o autor seja vaidoso, a escrita em si é uma necessidade do mundo, seja para registrar seja para denunciar e combater a injustiça e a miséria. E às vezes até para aliviá-las, muitos torcem o nariz para a literatura de entretenimento mas até quem gosta de temas profundos precisa rir e sonhar em alguns momentos.

11
Por que o encarceramento existencial como tema do seu primeiro livro de poesia?

Como você observou, o Cárcere de que trata o livro não é só a prisão física. A ideia de escrevê-lo me ocorreu como uma maneira de registrar as dores de quem tem a vida restrita por alguma razão e, principalmente, de fazer com que os outros enxerguem que quem está numa situação dessas precisa sentir-se apoiado e amado, pois muitos até vêem a vida difícil que essa pessoa leva, mas se isso não aparece em seu rosto elas acham que está tudo bem e não se detém para conversar com ela, escutá-la e oferecer ajuda, mesmo que essa ajuda seja apenas um abraço.

12
Como surgiu a ideia de um canal no Youtube e como ele se apresenta?

O nome do meu canal é “Cantinho do Renan”, e começou quase por acaso. Há anos que tenho o costume de, na época do Natal, escrever uma mensagem comemorativa e enviá-la por e-mail e, depois, também pelas redes sociais. Acontece que, na véspera de Natal de 2016, quis fazer um pouco diferente e gravei um vídeo em que cantava à capela minha canção de Natal favorita, “Have Yourself a Merry Little Christmas”, publicando-o no Facebook como minha mensagem de Boas Festas. Esse vídeo teve uma repercussão tão positiva em visualizações e curtidas que decidi fazer um vídeo por dia, sempre com uma canção natalina diferente, até o dia 06 de janeiro. Diante da acolhida significativa que eles tiveram, no mesmo ano de 2017 fiz mais duas séries de vídeos, uma no mês de junho, com 30 canções românticas em português e quatro idiomas estrangeiros para comemorar o dia dos namorados (pois eu percebi que o comércio estava quase substituindo o nosso dia 12 pela data do Valentine’s day), e outra em outubro, em que gravei 31 canções marianas para comemorar o fim do ano mariano instituído pelo Papa Francisco. Recebi muitos cumprimentos pela iniciativa e começaram a sugerir que eu criasse um canal no Youtube para publicar esses vídeos, o que me levou a refletir durante alguns meses, até que criei o canal em fevereiro do ano passado. O estilo dos vídeos é semelhante aos que publiquei no Facebook, em que eu inicio contextualizando a música, explicando seu sentido e acrescentando uma ou outra informação interessante ligada a ela, e depois eu a interpreto, à capela ou, se eu encontrar algum playback interessante, com esse acompanhamento, já que não toco instrumentos musicais. Filmo os vídeos com meu celular na minha biblioteca, e tento transmitir nesse canal a importância da cultura e da boa música, às vezes me arriscando também a comentar algum livro.

13
Foi importante o segundo lugar no Concurso Literário Othoniel Menezes de poesia? Você valoriza concursos literários?

Foi extremamente importante, até porque foi o valor do prêmio que me permitiu publicar o livro. Sou totalmente a favor dos concursos literários, já que o mercado brasileiro de poesia é muito difícil e eles ajudam a divulgar novos nomes, já que as editoras em geral só bancam a edição de poetas consagrados.

14
Traduza “Cárcere: Vozes de Um Prisioneiro”?

É uma obra poética conceitual, já que ela gira em torno da experiência do personagem encarcerado, seja de forma objetiva (quando ele descreve os demais personagens e até os objetos com que convive) ou de forma subjetiva (quando ele se permite mergulhar nos seus desgostos, receios e decepções com aquela nova situação). Mas também é uma obra de esperança, pois ele sabe que não sobreviverá se ceder à amargura.

15
Precisa ser reconhecido ou isso não é importante?

Nenhum escritor que se preze abre mão do reconhecimento de livre e espontânea vontade. Se eu me dedico a um trabalho, como não vou gostar de saber que ele repercutiu?

16
Quais os escritores e poetas nordestinos que tocam a sua sensibilidade?

Na poesia sou bem tradicional, tanto que minhas referências foram Augusto dos Anjos e depois Patativa do Assaré. Na prosa, fico com Jorge Amado e Gilberto Freyre, que conseguiu escrever sociologia de uma forma bem gostosa de ler.

17
Em quais projetos literários está trabalhando e o que podemos esperar já para 2019?

Tenho 4 livros de poesia não-publicados, além de um livro de prosa, todos concluídos, além de projetos em aberto. Neste momento, o que eu mais gostaria é de encontrar uma forma de publicar essas obras, pois todo pai deseja tornar seus filhos conhecidos.


CLIP

Uma frase literária:

“Se eu falo as línguas dos homens e dos anjos, mas não tenho amor, sou como o bronze que soa ou o címbalo que retine.” – 1 Coríntios 13,1.

Uma cena de romance:

A cena final de “Um Conto de Duas Cidades”, de Charles Dickens.

Um verso:

“Pera tão longo amor tão curta a vida”, de Camões.

Uma palavra:

Esperança.

Um título de livro:

“Mulherzinhas, de Louisa May Alcott.


Um texto teatral:

Otelo.

Um personagem:

Cyrano de Bergerac, de Edmond de Rostand.

Um filme:

“... E o Vento Levou.

Música:

“Smile, de Charles Chaplin.

TV:

Vídeo Show dos anos 80 até o início da década passada.


Uma atriz:

Bibi Ferreira.

Um ator:

James Stewart.

Um diretor de cinema:

Frank Capra.

Blogue:

Adendos e Sentimentos

Um país:

Brasil.


Ídolo:

Tom Jobim.

Um momento feliz:

Quando segurei meu primeiro livro publicado.

Medo:

Do esquecimento.

Um assunto proibido:

Mediocridades.


TRÊS POEMAS de RENAN PINHEIRO

01
EXERCÍCIO de EMPATIA

Àquele que me contempla com pena
Ou pensa que, se passo o que passo,
Não é nada além do que eu mereço,
Concluindo seu exame com condescendência,
Antes de voltar à sua vida perfeita e ordenada:
Só pediria que ao menos me permitisse
Contar um pouco das minhas experiências,
Imaginasse como se sairia
Caso essa vida fosse alterada
Pouco a pouco ou num instante,
E depois, conhecendo a si mesmo,
Respondesse se faria igual ou diferente.

02
LUZ e ESCURIDÃO

Quando se vive na incerteza
De um destino que lhe é imposto,
Necessita-se em proporções quase iguais
Da luz e da escuridão.

A primeira ilumina o ambiente,
Possibilitando que se perceba o que há
E o que ocorre ao seu redor,
Além de revelar o que é belo e útil.

A segunda vem com a noite,
Trazendo o descanso e o sono,
Marcando também a passagem
De um dia para o outro.

Uma iluminando a realidade
E a outra abreviando a duração
Do período em que é suportada,
E por isso ambas são importantes.

03
RENOVAÇÃO

Muitas vezes o melhor consolo
Quando o que você diz não encontra eco
Nos ouvidos alheios,
É perseguido sem razões,
Com protestos de inocência sendo
Ignorados sem serem avaliados,
Aqueles que pareciam lhe querer bem
Dão a impressão de estarem
Demasiadamente envolvidos com suas vidas
Para lhe estenderem a mao
E a ausência de boas notícias
Ameaça roubar sua vontade de comer,
É a percepção de que nada é eterno
Neste mundo, e cada novo dia
Contém um futuro não-escrito
Onde tudo pode ser diferente.

Do livro “Cárcere: Vozes de Um Prisioneiro” (2019)


março 05, 2019

........... FEDERICO GARCÍA LORCA: o MENESTREL da ANDALUZIA


  
“A noite esporeia
suas negras ancas
cravando-se estrelas“

“Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas.”
FEDERICO GARCÍA LORCA

Ilustrações: JOSÉ de RIBERA
(Xàtiva, Espanha. 1591 - 1652)


Setenta e três anos após sua morte, o poeta mais popular da Espanha segue cativando leitores em todo o mundo. Filho de uma geração literária pessimista, em dezoito anos de carreira e trinta e oito de vida FEDERICO GARCÍA LORCA (1898 - 1936) deixou um legado poético sensível, renovando o teatro e a poesia do seu país. A influência da região natal (Fuente Vaqueros, Granada, Andaluzia) encontra-se na sua obra, com temas resgatados da tradição andaluza, em uma fusão do mais antigo com o modernismo do século XX. Fez parte da celebrada Geração de 27, um grupo que recuperou a poesia popular, investiu no modernismo, introduziu o surrealismo e outros ismos na vanguarda européia da época. Dela, entre outros, Luis Cernuda, Manuel de Falla, Rafael Alberti, Jorge Guillén, Gerardo Diego e Dámaso Alonso. Entretanto, LORCA nunca pertenceu a qualquer movimento literário, embora características do surrealismo se encontrem em sua criação literária. Ele era um inventor de vernáculos ou jogava com eles em função da musicalidade. Utilizava a palavra chorpatélico quando gostava demais de alguma coisa, e muitas outras: chupaletrinas, espantanublos, uni-uni, dole-dole, meningotes, catalinetas.
lorca

Estudando em Madri, lançou uma de suas primeiras obras genuínas, “Livro de Poemas” (1921). Outra obra sua, “Romancero Gitano”, iniciada em 1924 e concluída em 1928, é um exemplo genial da poesia composta a partir de influências populares, oferecendo uma Andaluzia deslumbrante, de caráter mítico - símbolos que destacam o amor e a morte. Fazendo da cultura andaluza um tema universal, o poeta apresenta sua terra natal com estética própria, uma síntese da miscigenação cultural intensa dessa região do sul da Espanha meio moura, meio cristã. Os protagonistas são toureiros, dançarinas de flamencos, músicos e ciganos, mostrados sem estereótipos preconceituosos e finalmente revelados ao mundo como portadores de um modo de vida e uma cultura única, passional, divertida, hedonista.

Em 1929, no auge de uma crise sentimental, FEDERICO GARCÍA LORCA muda-se para Nova York, disposto a aprender inglês e com o secreto empenho de repaginar sua vida. O contato com esse novo mundo, simbolizando o progresso e o futuro, seria determinante em sua literatura, ainda que suas declarações sejam duras: “Arquitetura extra-humana e ritmo furioso, geometria e angústia. Sem dúvida não existe alegria neste ritmo de vida”. Era o ano do crash da bolsa: espetáculo de falências, suicidas e gente histérica. Época terrível e sem grandeza. Ele não gostou da sociedade nova-iorquina, já que tinha na cabeça a utopia de uma sociedade sem classes. Durante oito meses comove-se com a opressão sofrida pelos negros, não aprende inglês, busca prazeres homossexuais e escreve um dos mais expressivos poemários da literatura em espanhol: “Poeta em Nova Iorque” (1930). Profético e metafísico, influenciado por Walt Whitman, investe nos oprimidos e revela suas obsessões mais íntimas. Ligado ao seu idioma e a sua cultura, LORCA acreditava levar no sangue energia cigana, negra e judaica. Esta impressão está presente em sua escrita, que reforça, sem dúvida, a apaixonada identificação com os marginalizados, com “os que não tem nada e até o nada é negado”.
lorca e salvador dalì

Deixando vários livros inéditos, entre eles, o admirável e homoerótico “Sonetos del Amor Oscuro” (1929), o poeta deu ênfase a uma esquecida tradição lírica fincada no erotismo, envolvendo amor, sexo, desejo, instinto e carne. A dor de viver, a impossibilidade do amor, a frustração e o destino trágico estão presentes em sua criação. Nela, equilibram-se o mais elevado refinamento estilístico com uma linguagem espontânea: o tradicional e o vanguardista. Poesia vibrante, ardente, sombria, reproduzindo honestamente a fala popular, capaz do lirismo intimista e atormentado de “Diván del Tamarit” (1934) ou de épicos como “Romancero Gitano”

Considerado um dos mais difíceis e cultos poetas da literatura hispânica, ele concilia passado e futuro, sensualidade e morte, exuberância e melancolia, sacrifício e fecundidade. Felizmente cresce com o passar dos anos, suavizando um implacável destino e uma breve existência. Sobre ela, FEDERICO GARCÍA LORCA expressou-se em uma entrevista publicada no diário “La Voz”, em abril de 1936, poucos meses antes de morrer: “La poesía es algo que anda por las calles. Que se mueve, que pasa a nuestro lado. Todas las cosas tienen su misterio, y la poesía es el misterio que tienen todas la cosas”


OBRA POÉTICA de FEDERICO GARCÍA LORCA

IMPRESIONES y PAISAJES (1918)
LIBRO de POEMAS (1921)
CANCIONES (1927)
ROMANCERO GITANO (1928)
SONETOS del AMOR OSCURO (1929)
POETA en NUEVA YORK (1930)
POEMA del CANTE JONDO (1921-24)
DIVÁN del TAMARIT (1934)
LLANTO por IGNACIO SÁNCHEZ MEJÍAS (1935)
PRIMERAS CANCIONES (1936)


BIBLIOGRAFIA

Binding, Paul. LORCA: THE GAY IMAGINATION. London: GMP, 1985;
Cano, José Luis. ANTOLOGÍA de los POETAS del 27. Madrid: Espasa-Calpe, 1991;
Castro, Eduardo. MUERTE en GRANADA: la TRAGEDIA de LORCA. Madrid: Akal Editor, 1975;
Gallego Morell, Antonio. SOBRE GARCÍA LORCA. Granada: Universidad de Granada, 1998;
Gibson, Ian. FEDERICO GARCÍA LORCA - UMA BIOGRAFIA. Brasil: Editora Globo, 1989;
GARCÍA LORCA. Barcelona: Editorial Antártida, 1992.

GALERIA JOSÉ de RIBERA