Ilustrações:
HENRI MICHAUX
Muitos
escritores, dos mais importantes, usaram drogas, e alguns escreveram obras
inteiras sob influência delas. Seriam as drogas alguma espécie de combustível
criativo? Charles Baudelaire, em “Paraísos Artificiais”, argumenta que o artista não
pode depender de um veneno – como ele mesmo define as drogas – para pensar;
porém não é novidade que, quando sob o efeito de substâncias que alteram a
percepção, é possível ver as coisas de formas diferentes, fator este que, consequentemente,
amplia a visão do escritor. Apesar de, obviamente, não ser necessário o uso de
substâncias químicas para escrever, inúmeros escritores parecem precisar usar
tais substâncias. Seria consequência da ansiedade daqueles que questionam,
talvez demais, o mundo a seu redor, por isso sentem a necessidade de escrever,
e assim também a necessidade de se entorpecer de alguma forma? Bem, cada um usa
drogas por seus próprios motivos, e não é válido julgar que é exatamente por
esta ou por outras razões, mas o certo é que há uma forte presença do uso das drogas
entre os escritores.
As
drogas desde há quase um século, pelo menos, tem sido um assunto de rejeição
social. Nem sempre foi assim, no entanto. Desde os primórdios, a humanidade faz
uso dessas substâncias, e somente no último século devido a aspectos legais a proibição
veio a ser a tônica do discurso popular e científico. O abuso de drogas
(incluindo o álcool) pode ser diretamente relacionado com o sucesso de alguns
dos escritores mais admirados do mundo. Ernest Hemingway é amplamente
conhecido como um alcoólatra desesperado e trágico; Aldous Huxley defendia o LSD (a banda The Doors leva o nome de seu livro “The Doors
of Perception”); Edgar Allan Poe e Lewis Carroll foram alguns dos consumidores
de ópio mais prolíficos da literatura. Sir Arthur Conan Doyle foi um famoso
viciado em cocaína, cujas condições de usuário ele transfere para seu
personagem mais ilustre, o detetive Sherlock Holmes.
Sobre a cocaína, cita-se Sigmund Freud e seu entusiasmo com a substância, da qual foi um defensor, e provavelmente um usuário durante toda sua vida; ainda assim, um dos mais brilhantes sujeitos de todos os tempos. O filósofo Jean-Paul Sartre é frequentemente lembrado pelo uso constante de drogas, entre as quais corydrane, composto de anfetamina e aspirina. Segundo a biógrafa Annie Cohen-Solal, ele acordava com uma xícara de café e um tablete de corydrane, depois dois, três – quantos fossem necessários enquanto durasse a escrita. Dessa maneira escreveu “A Crítica da Razão Dialética”, entre outros livros.
Sobre a cocaína, cita-se Sigmund Freud e seu entusiasmo com a substância, da qual foi um defensor, e provavelmente um usuário durante toda sua vida; ainda assim, um dos mais brilhantes sujeitos de todos os tempos. O filósofo Jean-Paul Sartre é frequentemente lembrado pelo uso constante de drogas, entre as quais corydrane, composto de anfetamina e aspirina. Segundo a biógrafa Annie Cohen-Solal, ele acordava com uma xícara de café e um tablete de corydrane, depois dois, três – quantos fossem necessários enquanto durasse a escrita. Dessa maneira escreveu “A Crítica da Razão Dialética”, entre outros livros.
A
literatura mundial seria provavelmente bem mais pobre se os escritores fossem
disciplinados. Pó branco, cogumelo mágico ou erva maldita, as drogas resultaram em liberação para muitos autores. E perdição. Os poetas românticos foram os
primeiros a explorar o misterioso mundo do inconsciente. Os
“Hinos à Noite” de Novalis nasceram sob o efeito do ópio. Também o
escocês Robert Louis Stevenson inventou num delírio alucinótico a dupla
personalidade de seu “O Médico e o Monstro”. E, na França, um grupo de
poetas / escritores - Charles Baudelaire, Théophile Gautier, Victor Hugo, Charles
Baudelaire, Honoré de Balzac, Alexandre Dumas etc. - criou um “Clube do Haxixe”.
A
experimentação com alucinógenos, visando escrever melhor, levou muitos autores
à dependência. Como prova o caso de Benjamin von Stuckrad-Barre, celebrado
literato pop de nossos dias. Em entrevista a um jornal, em 2004, ele reconheceu
como chegou à beira do abismo, através do consumo de cocaína, esperando
recolher material para um romance borbulhante de vida. Até reconhecer – ainda a
tempo: “Meu instrumento de trabalho, o cérebro, está em jogo”. Outros não
acharam mais a saída para a dependência: Georg Trakl, Klaus Mann, Hans Fallada,
Jack Kerouac, Irmgard Keun, Joseph Roth etc. Esses e muitos outros autores
morreram em consequência do consumo excessivo de álcool ou narcóticos.
Friedrich Glauser, morto pela morfina aos 42 anos de idade, não se iludia
quanto ao fim da história: “Todas as justificativas inventadas para justificar
o vício são muito bonitas do ponto de vista literário ou poético. Concretamente, é uma
desgraça. Pois a pessoa se arruína, a si e a sua vida.”
Segue uma breve lista com alguns (só alguns, é quase impossível se lembrar de
todos eles) dos mais importantes escritores que usaram drogas.
ALDOUS HUXLEY
(Inglaterra. 1894-1963)
O
autor do famoso “Admirável Mundo Novo” considerava o LSD e outros alucinógenos
como portais para percepções espirituais profundas, místicas. Ele escreveu “As Portas da Percepção”, na qual descreve experiências com o uso de
drogas como o ácido lisérgico, a mescalina, entre outras. Huxley disse, em uma
entrevista à Paris Review, em 1960, que, indiretamente, o uso de tais substâncias
pode ajudar no processo criativo, mas não de forma que alguém possa dizer
“agora vou tomar um ácido para escrever um poema brilhante”, isso ele não
acreditava que funcionasse. Quando estava nos estágios finais de um câncer na
garganta, escreveu um bilhete para a esposa pedindo-lhe para injetá-lo com 100
mg de LSD. Foi o que ela fez, e ele morreu pacificamente dentro de algumas
horas.
CARLOS CASTANEDA
(Peru. 1925 – 1998)
Um dos autores mais lidos e mais famosos ao redor do mundo. No entanto, pouco se sabe sobre sua vida
pessoal. O autor de “O Poder do Silêncio” sempre teve o cuidado de
resguardar-se das pressões contraditórias e desencontradas da sociedade de
consumo. Ele mantinha uma cuidadosa cortina de desinformação em torno da sua
pessoa. Somente em língua portuguesa, os livros de Castaneda venderam até 1998
cerca de 600.000 exemplares. No mundo, o
total ficava entre dez e vinte milhões de volumes. Mas não recebeu apenas
aplausos. Era conhecido como o “guru das drogas”, principalmente das plantas psicotrópicas.
Numa entrevista, disse: “Paguei um alto preço, meu corpo ficou debilitado, e
precisei de muitos meses para recuperar-me. Sofria de ansiedade e funcionava a
um nível muito baixo. Se tivesse me comportado como um guerreiro, aceitando a
responsabilidade, não teria sido necessário tomá-las.” O escritor usava peiote
(cacto de onde se origina uma droga que causa alucinações).
CARSON MCCULLERS
(EUA. 1917 – 1967)
Ela
não teve uma vida nada fácil. Um marido suicida, o alcoolismo e vinte anos com
o lado esquerdo paralisado. Seus livros, a começar por “O Coração é Um Caçador
Solitário”, que escreveu aos 23 anos, e foi inesperado sucesso de público e
crítica, contam histórias de personagens vivendo à margem da sociedade. Alguns
porque não conseguem se adaptar, outros porque têm algum tipo de deformidade
física ou moral. Morreu de alcoolismo, enrolada num cobertor, em uma cadeira do
convés de um
navio.
CHARLES BAUDELAIRE
(França. 1821 – 1867)
Famoso
por sua poesia ligada ao vinho e às drogas, escreveu “Paraísos Artificiais”, na
qual narra sobre as experiências geradas pelo uso do haxixe, ópio e vinho. Inclusive, fez parte de um grupo chamado “Clube do Haxixe”, que se reunia,
obviamente, para usar haxixe. Baudelaire narra, de forma lírica, em sua obra,
diversas formas como o haxixe, o ópio e o vinho, mas principalmente o haxixe,
pode ampliar a percepção do artista, iluminando sua inteligência. Porém, no fim
do livro, ele condena o uso de substâncias como auxílio à criatividade,
dizendo: “Aquele que puder recorrer a um veneno para pensar, em breve não
poderá mais pensar sem o veneno. É possível imaginar o terrível destino de um
homem cuja imaginação paralisada não soubesse mais funcionar sem o recurso do
haxixe ou do ópio?”
CHARLES BUKOWSKI
(Alemanha. 1920 – 1994)
O
próprio já dizia: “Beber é algo emocional. Faz com que você saia da rotina do
dia-a-dia, impede que tudo seja igual. Arranca você pra fora do seu corpo e de
sua mente e o joga contra a parede. Eu tenho a impressão de que beber é uma
forma de suicídio onde você é permitido voltar à vida e começar tudo de novo no
dia seguinte. É como se matar e renascer. Acho que eu já vivi cerca de dez ou
quinze mil vidas.” Em suas obras há muitas referências ao álcool, assim como à
maconha, apesar do escritor ter dito ser contra o uso de drogas, ele gostava
realmente era de beber, de beber muito, inclusive defende o uso do álcool
abertamente, dizendo que se não fosse a bebida, provavelmente teria se matado.
DYLAN THOMAS
(País de Gales. 1914 - 1953)
Sua
poesia era pontuada por temas como as tradições célticas, as convenções das
Sagradas Escrituras, o surrealismo britânico. Com o êxito de vendas de seus
livros, vêm também o alcoolismo e os constantes débitos financeiros. De seus livros jorram densas emoções e paixões
intensas. Aos 35 anos de idade mudou-se para os Estados Unidos, tornando-se uma
lenda graças a embriaguez habitual, dramaticidade e romantismo
incurável. Ele se transforma em um mito para os poetas que integram o conhecido
Movimento Beat. Sua influência se estendeu até mesmo à esfera musical, marcando
definitivamente o gênero pop. Dizem que Robert Allen Zimmerman assumiu o
pseudônimo Bob Dylan como uma forma de prestar homenagem ao poeta do País de
Gales. Morreu aos 39 anos, vítima do álcool. Pouco antes de falecer, já com a
saúde abalada, teria consumido 18 doses de uísque.
EDGAR ALLAN POE
(EUA. 1809 – 1849)
O
escritor passou por diversos dilemas sérios no decorrer de sua vida, e entre
eles (ou talvez em decorrer deles) estavam a dependência do álcool e do ópio.
Poe inclusive mostra, em alguns de seus contos como “Berenice” e “Ligéia”,
protagonistas dependentes do ópio. O escritor
também usava láudano (uma combinação que mistura ópio, álcool, morfina e codeína), e foi isso que utilizou em sua tentativa de suicídio, em 15
de novembro de 1848, um ano antes de sua morte.
EDNA ST. VINCENT MILLAY
(EUA. 1892 – 1950)
Poeta
lírica e dramaturga, vencedora do Premio Pulitzer na categoria poesia, ficou
também conhecida pelo seu estilo de vida boêmio, pouco convencional para a
época, e pelos seus inúmeros casos amorosos. Era bissexual e bebia sem limites.
ELIZABETH BARRETT BROWNING
(Inglaterra. 1806 – 1861)
Autora
de “The Seraphim and Other Poems” (1838) e “Poems” (1844), entre outros livros,
tinha uma doença misteriosa e o seu tratamento com láudano lhe deixou com a saúde ainda mais debilitada,
levando-a à morte.
ERNEST HEMINGWAY
(EUA. 1899 – 1961)
Quando
falam de Hemingway, muitos o associam facilmente à bebida. São diversas as
frases do escritor relacionadas ao assunto, como: “Eu bebo para tornar as
outras pessoas mais interessantes” ou “Para conviver com os tolos, um homem
inteligente precisa beber”. Suas bebidas preferidas eram o absinto, rum, mojito e
também uma versão especial de daiquiri, que hoje é chamada de “Special
Hemingway”. O escritor, que bebia excessivamente em decorrência da depressão (ou vice-versa), suicidou-se em 1961.
F. SCOTT FITZGERALD
(EUA. 1896 – 1940)
Principal
cronista da vida da alta sociedade dos Estados Unidos nos anos 1920, por ele
definida como “Era do Jazz”. Pelo estilo de vida farrista, torna-se uma espécie
de ídolo da chamada “Geração Perdida”, que proclama a falência do sonho
norte-americano de uma sociedade harmônica. Em 1925 escreveu “O Grande Gatsby”,
que hoje é considerado sua obra-prima, mas na época vendeu muito pouco. Também
escreveu roteiros para filmes de Hollywood. Enfraquecido pelo álcool, tentou
duas vezes o suicídio, morrendo jovem.
GÉRARD DE NERVAL
(França. 1808 – 1865)
Poeta
romântico que fez parte do círculo boêmio de Charles Baudelaire. O grupo ficou
famoso pela criação artística e por realizar experiências com drogas. A sua
obra poética é marcada por atmosfera simbolista, que em parte reflete seu
fascínio pelos sonhos (que considerava como viagens para “outra vida”). Apesar
do grande talento e sensibilidade, era mentalmente instável e foi internado
em sanatório durante episódios psicóticos. Suicidou-se após uma longa
luta contra a esquizofrenia.
GOETHE
(Alemanha. 1749 – 1832)
Romancista, dramaturgo, poeta e filósofo, fez parte de dois movimentos
literários importantes: romantismo e expressionismo. Sua grande obra foi
“Fausto”, escrito em 1806. Baseada numa lenda, relata a vida de Dr.
Fausto, que vende a alma para o diabo em troca de prazeres terrenos, riqueza e
poderes ilimitados. Goethe utilizava ópio diariamente.
HENRI MICHAUX
(Bélgica. 1899 - 1984)
Escritor,
poeta e pintor, explorou o eu interior e o sofrimento humano através de sonhos,
fantasias e experiências com drogas. Usava mescalina, uma droga que altera a
percepção do tempo e cria alucinações visuais. Nos anos 1960 fez um filme sobre
o haxixe e a mescalina.
HONORÉ DE BALZAC
(França. 1799 – 1855)
No
século XIX, o haxixe virou moda entre intelectuais franceses. Eles se reuniam
para fumar essa forma mais concentrada da maconha e pesquisar os
efeitos da droga. Balzac foi um deles. Sua obra máxima, “A Comédia Humana”, é
composta de 89 romances, novelas e histórias curtas.
HUNTER S. THOMPSON
(EUA. 1937 – 2005)
Para
além do jornalista e escritor, ele ficou conhecido pelo consumo intensivo de
bebidas alcoólicas, LSD, mescalina e cocaína, entre outras substâncias. Também
era conhecido seu amor às armas de fogo e o ódio a Richard Nixon.
Sofrendo graves problemas de saúde, cometeu suicídio aos 67 anos. Seu
forte apreço pelo álcool lhe rendeu a fama de ter sido o fundador do jornalismo
Gonzo, expressão que significa algo como “o último homem a permanecer em pé
após muita bebida”, e como se isso não fosse o suficiente para colocá-lo com
louvor nesta lista, ele até chegou, certa vez, a dizer: “Eu odeio recomendar
drogas, álcool, violência, ou insanidade para qualquer um, mas isso tudo sempre
funcionou comigo.” Seu mais famoso
livro, “Medo e Delírio em Las Vegas”, foi o resultado distorcido de uma matéria
que ele ficara de fazer para uma revista, porém gastou o dinheiro da hospedagem
em drogas e bebidas, e acabou escrevendo, em vez da matéria, um relato sobre
seus dias de entorpecimento.
JACK KEROUAC
(EUA. 1922 – 1969)
Um
dos maiores escritores da famosa Geração Beat, escreveu muito vezes sob efeito
de drogas. Seu amigo, o poeta Allen Ginsberg, comentou que o próprio
Kerouac disse que sentia que conseguia escrever com mais facilidade dessa forma.
Muitos de seus romances, entre eles, o aclamado “Pé na Estrada / On the Road”, foram escritos
sob a influência de benzedrina, entre outras drogas. Também bebia muito, o que
pode ser considerado um suicídio lento, uma vez que o escritor chegou a
declarar que, por ser católico, não podia cometer suicídio, mas podia beber até
a morte. E foi o que ele realmente fez: sofreu uma hemorragia de varizes no
esôfago, o que o levou a fazer 26 transfusões de sangue, e foi em virtude do
alcoolismo que morreu.
JAMES ELLROY
(EUA. 1948)
Ícone
moderno da literatura policial. Teve a mãe assassinada, num crime sem solução
até hoje. Praticou pequenos furtos e delitos, vivendo em meio a problemas
policiais. Utilizava drogas como o benzedrex, e álcool,
muito álcool.
JEAN COCTEAU
(França. 1889 – 1963)
Poeta,
romancista, cineasta, designer, dramaturgo e diretor teatral, abandonou-se ao
vício do ópio. O consumo da droga e os seus esforços para deixá-lo afetaram
profundamente o seu estilo literário. O seu livro mais famoso, “Os Meninos
Diabólicos”, foi escrito numa semana durante uma dolorosa tentativa de
abandonar o ópio. Em “Ópio, Diário de Uma Desintoxicação”, narra a experiência
da sua recuperação do vício. O relato, que inclui vívidas ilustrações a
tinta, alterna entre as suas experiências diárias de ressaca da droga e comentários sobre a sociedade e os acontecimentos do mundo.
JEAN-PAUL SARTRE
(França. 1905 – 1980)
O
escritor e filósofo era viciado em uma substancia que alucinou muitos hippies
nos anos 1960: a mescalina. Começou a consumi-la em 1935 e, a partir desse
momento, libertou-se dos famosos “bloqueios de escritor”. A mescalina teve
papel fundamental enquanto escrevia seu livro mais conhecido, “A Náusea”. Como
efeitos secundários, era acossado pela alucinação de lagostas que o perseguiam
por todos os lados, referindo-se a elas como “minhas pequenas”. Era também
viciado em anfetaminas.
JIM CARROLL
(EUA. 1949 – 2009)
Poeta
autor de “Diário de Um Adolescente” e músico de punk rock, chegou a se
prostituir para manter seu vício em heroína.
JOHN KEATS
(Inglaterra. 1795 – 1821)
Viciado
em ópio, sua poesia recria devaneios e visões experimentadas durante transes do
narcótico. Faleceu muito cedo, aos 25 anos, deixando uma vasta coleção de obras
poéticas.
KEN KESEY
(EUA. 1935 – 2001)
Autor
do famoso “Um Estranho no Ninho”, fazia usos de LSD, mescalina, cocaína,
peiote, entre outras drogas.
LEWIS CARROLL
(Inglaterra. 1832 – 1898)
Todo
mundo conhece “Alice no País das Maravilhas” (1865), que virou filme, peça de
teatro e o que mais se possa imaginar. Seu autor, um professor de matemática da
Universidade de Oxford, usava drogas alucinógenas e isso influenciou muito o
livro, que tem uma narrativa surrealista onde tudo pode acontecer. Uma obra muito divertida, fantástica, e ao mesmo tempo maluca.
LORD BYRON
(Inglaterra. 1788 – 1824)
O
célebre poeta romântico com sua figura jovem e bela vivia envolvido em
escândalos. Tinha título de nobreza, vida dissoluta, rebeldia, amores bissexuais (entre esses uma ligação
incestuosa) e usava drogas - ópio. Porém, toda essa vida conturbada é deixada de lado quando nos
deparamos com seus maravilhosos poemas e por sua incontestável qualidade.
PAULO COELHO
(Brasil. 1947)
Nem sempre foi um “mago de luz”, e durante o período que se dedicou ao
satanismo, numa de suas épocas mais dark,
o renomado autor fez uso de vários tipos de drogas, entre elas cocaína, LSD e
maconha.
PHILIP K. DICK
(EUA. 1928 – 1982)
Autor
de ficção científica, muito produtivo na década de 1960, gostava de diversos
alucinógenos, entre eles o semoxydrine.
ROBERT LOUIS STEVENSON
(Escócia. 1850 – 1894)
Escreveu
“O Médico e o Monstro” em seis dias e seis noites num frenesi de cocaína.
SAMUEL COLERIDGE
(Inglaterra. 1772 - 1834)
Láudano
e ópio eram as drogas preferidas do autor de “A Balada do Velho Marinheiro”, um
dos poemas épicos mais fortemente influenciado pelo uso de drogas. Ele
pertencia ao mesmo círculo social de Quincey, que chegou a escrever um ensaio
sobre Coleridge e seu uso excessivo de ópio.
STEPHEN KING
(EUA. 1947)
O
mais famoso escritor de terror contemporâneo diz não se lembrar muito bem de
como escreveu alguns de seus livros, pois na época - de 1979 a 1987 - andava mal por conta do uso
de cocaína e álcool. Seu alcoolismo é
até refletido em sua mais célebre obra, “O Iluminado”, na qual Jack Torrance
mostra ter problemas com bebidas. Com a agravação do vício, sua família e amigos interviram e desde então ele está sóbrio.
TENNESSEE WILLIAMS
(EUA. 1911 – 1983)
Vencedor
do prêmio Pulitzer, suas obras tornaram-se clássicos, referências essenciais
para atores e amantes do teatro no mundo inteiro. Era
alcoólatra e tinha dependência química de anfetaminas e barbitúricos. Foi encontrado morto num quarto do Hotel Elysée, em Nova York.
THOMAS DE QUINCEY
(Inglaterra. 1785 – 1859)
Sua
autobiografia chama-se “Confissões de Um Comedor de Ópio”. Também usava
láudano. Quando estava sem se entorpecer, sua produção literária decaia, o que
demonstra a importância das drogas em sua vida. Baudelaire foi fortemente
influenciado por ele, e em “Paraísos Artificias” há diversas citações da
biografia deste.
TRUMAN CAPOTE
(EUA. 1924 – 1984)
Morreu
por causa dos vícios (álcool, cocaína e barbitúricos). Sua vida foi tão
polêmica como grandes foram suas obras, entre elas “Bonequinha de Luxo”. Pai do romance de “não ficção”, criou
um novo gênero literário. Algumas de seus livros foram levados para o cinema. Possuía uma língua afiada e provocativa, cultivando a imagem de escritor
maldito. Ele inventou até um “Cocktail Capote”, uma mistura de álcool e
barbitúricos. O consumo de álcool o levou a ter muitos problemas pessoais, além
de outros com a polícia, que o deteve várias vezes por dirigir bêbado.
W. H. AUDEN
(Inglaterra. 1907 – 1973)
WILLIAM FAULKNER
(EUA. 1897 – 1962)
Em
1954, esteve no Brasil, quase sempre bêbado. Certo dia, segundo uma das
versões, teria perguntado: “O que estou fazendo em Chicago?” A história de sua
visita ao Brasil, quatro anos depois de ter recebido o Nobel de Literatura, é
contada, de modo romanceado, no livro “Dias de Faulkner”, de Antônio Dutra. “As
ferramentas de que preciso para meu trabalho são papel, tabaco, comida e
uísque”, costumava dizer. Viveu episódios terríveis de alcoolismo e foi
submetido à terapia do choque elétrico para se curar da depressão. Morreu de um
ataque cardíaco induzido por doses exageradas de bourbon.
WILLIAM S. BURROUGHS
(EUA. 1914 – 1997)
Para
começo de conversa esse cara escreveu um livro chamado “Junkie”, entre outros
clássicos de temática semelhante sob o efeito de drogas. Viciado abusivo de heroína e eukodol, era praticamente um escravo dessas
substâncias, chegando a escrever ainda com as agulhas fincadas ao braço. No
entanto, estava bêbado, e não chapado, quando atirou em sua esposa,
matando-a, enquanto brincava de “Guilherme Tell” com uma arma carregada.
15 comentários:
Boa analise , de fato que as percepções aumentam..
Certa vez li um livro que se chama
Medo e delirio em las vegas
O escritor dele assumiu ter escrito ele so sobre influencia de extase cocaina e heroina.
Muito legal, blz de blog parabéns!
Gostei muito da pesquisa...só faltou o pai do LSD Timothy Leary..era um artista também, um afcionado pelo cérebro humano.
Pelo visto, estou bem acompanhado.
Lembrei de Carlos Castaneda, e seus livros maravilhosos, A Erva do Diabo, Viagem a Ixtlan, Uma Estranha Realidade, O poder do silêncio.. segundo algumas matérias que li sobre o mesmo, era assim que ele produzia, não sei ao certo se é verdade. Beijos!!
Simplesmente maravilhoso.
Ha,ha! Si cela lui permet d'avoir de l'inspiration, tant mieux pour lui! Seulement, combien de temps ça durera??? Et sa santé?
Eu pensava que a obra de Lewis Carroll vinha apenas de sua imaginação. Quando adolescente já ouvi piadinhas de que ele era usuário de drogas, mas não sabia que era sério
Adentramos portais....
Blog maravilhoso, Nahud. Parabéns.
Ual! Postagem curiosa.
Parabéns por esse excelente Blog, fonte de luz que ilumina as mentes leigas e as que procuram um lugar ao sol no mundo literário.
Fiquei pasma ao tomar conhecimento dos inúmeros escritores que usavam drogas.
Acredito que eles teriam sido tão ou mais renomados quanto foram, sem precisar fazer uso das malditas drogas.
Lamentável! suas vidas devem ter sido muito conturbada.
Abraço Rita Guedes
"Acredito que eles teriam sido tão ou mais renomados quanto foram, sem precisar fazer uso das malditas drogas."
Penso ser impossível se determinar algo a esse respeito. Porque, aparentemente, para muitos desses autores, a lucidez sim era maldita.
Parabéns pelo post, muitas informações relevantes. Tenho um livro de Walter Benjamin em que ele trata do tema e fala do seu uso particular principalmente de opiáceos e haxixe.
Postar um comentário