junho 02, 2015

............................................... A NEGRITUDE ESCRITA



APONTAMENTOS da CONSCIÊNCIA NEGRA LITERÁRIA

Ilustrações:
ADEL RODRIGUEZ


ALICE WALKER
(1944. Condado de Putnam, Geórgia, EUA)

Principais LivrosDe Amor de Desespero In Love and Trouble: Stories of Black Women (1973) e A Cor Púrpura / The Color Purple (1982).
Prêmio Pulitzer e National Book Award por “A Cor Púrpura”.

Iniciou sua carreira de escritora com um volume de poesias, e alcançou fama mundial com “A Cor Púrpura”, que deu origem ao famoso filme dirigido por Steven Spielberg. Na obra, a personagem escreve cartas a Deus e à irmã desaparecida, mostrando representações de uma mulher negra sulista quase analfabeta, que vive em uma realidade dura de pobreza, opressão e desamor. A autora escreveu também “De Amor de Desespero”, uma obra composta pelas vozes de várias mulheres negras do sul dos Estados Unidos. O livro é uma coletânea de vários contos, nos quais conhecemos mulheres diferentes com seus temores, desafios e sonhos. Walker sempre foi uma ativista pelos direitos dos negros e das mulheres, destacando-se na luta contra o apartheid e contra a mutilação genital feminina em países africanos. Em 1984, fundou sua própria editora, a Wild Trees Press. Na década de 1990, manteve um relacionamento amoroso com a cantora Tracy Chapman.


AUDRE LORDE
(1934 - 1992. Nova York, EUA)

Principais Livros: The Black Union (1978) e The Cancer Journals (1980).

De uma família de imigrantes do Caribe, começou a publicar na década de 1960, na revista de Langston Hughes, New Negro Poets. Neste período, engajou-se nos movimentos Feminista, Anti-Guerra e dos Direitos Civis. Entre 1984 e 1992, ano de sua morte, a poeta viveu e trabalhou em Berlim, Alemanha, período sobre o qual a diretora Dagmar Schultz lançou, em 2012, o documentário “Audre Lorde: The Berlin Years (1984 - 1992)”.


AUTA DE SOUZA
(1876 – 1901. Macaíba, Rio Grande do Norte)

Principais Livros: “Horto” (1900).

Escreveu um único volume de poemas, pouco antes de sua morte, com prefácio de Olavo Bilac. A primeira edição esgotou-se em dois meses, ocorrendo fato análogo com a segunda edição, em 1911. Sua produção poética antes de se chamar “Horto”, tinha o nome de “Dálias”. O livro é impregnado do sentimento cristão que sempre a inspirou.


BEN OKRI
(1959. Minna, Nigéria)

Principais Livros: “Flores e Sombras / Flowers and Shadows” (1980) e “A Estrada Faminta / The Famished Road” (1991).
Booker Prize de 1991;
Prêmio Escritores da Commonwealth para a África;
Prêmio Aga Khan de Ficção;
Prêmio Crystal do Fórum Econômico Mundial;
Prêmio Man Booker.

Um dos mais importantes escritores nigerianos, dedicando-se principalmente aos gêneros poesia e romance. Passou a infância em Londres, retornando à Nigéria, com a família, em 1968. Tem sido descrito como escritor do realismo mágico, embora não goste dessa classificação. Afirma-se que suas experiências na guerra civil da Nigéria inspiraram muitas de suas obras. O autor escreve tanto sobre o mundo quando sobre o metafísico, o individual e o coletivo, conduzindo o leitor a um universo de descrições vívidas.



CAROLINA MARIA DE JESUS
(1914 – 1977. Minas Gerais)

Principais Livros: “Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada” (1960) e “Pedaços de Fome” (1963).

“Todos têm um ideal. O meu é gostar de ler”. Nestas palavras, resumiu sua trajetória e propósito de vida. Semi-analfabeta, negra e moradora da favela do Canindé, Zona Norte de São Paulo (SP), tornou-se escritora reconhecida dentro e fora do Brasil. Com uma literatura viva e pulsante, pauta as complexidades e contradições da sua realidade.


CHESTER HIMES
(1909 - 1984. Jefferson City, Missouri, EUA)

Principais Livros: “Um Jeito Tranquilo de Matar / The Real Cool Killers” (1959) e “O Harlem é Escuro / Blind Man with a Pistol” (1969).

Conhecido, sobretudo, pelas suas novelas policiais, produziu obras de outros gêneros literários. Todas têm em comum o tratamento do problema racial nos Estados Unidos da América. A série mais popular de Himes apresenta os detetives Coffin Ed Johnson (Ed Caixão) e Gravedigger Jones (Jones Coveiro), da polícia de Nova Iorque, que prestam serviço em Harlem.


CHINUA ACHEBE
(1930 – 2013. Ogidi, Nigéria)

Principais Livros: “O Mundo se Despedaça / Things Fall Apart” (1958) e “There was a Country: a Pessoal History of Biafra” (2012).
Prêmio Man Booker 2007.

Um dos mais respeitados escritores africanos da atualidade. Atuou na diplomacia durante os conflitos entre o governo da Nigéria e o povo ibo, no final da década de 1960. Em 2002, agraciado com o Prêmio da Paz oferecido pela Feira de Frankfurt, na Alemanha.


COLSON WHITEHEAD
(1969. Nova Iorque, EUA)

Principais Livros: “The Intuitionist” (1999) e “The Colossus of New York” (2003).
Whiting Writers' Award;
Premio Dos Passos 2012.

Autor de livros aclamados, formou-se em Harvard, trabalhou como jornalista em publicações como Newsday e The Village Voice, assumindo nesta última a seção de crítica de televisão. Atualmente mora no Brooklyn.



CRUZ E SOUZA
(1861 – 1898. Florianópolis, Santa Catarina)

Principais Livros: “Broquéis” (1893) e “Missal” (1893).

Reconhecido poeta brasileiro. Um dos percursores do simbolismo no Brasil. Conhecido como “Dante Negro” e “Cisne Negro”.


ELISA LUCINDA
(1958. Cariacica, Espírito Santo)

Principais Livros: “O Semelhante” (1995) e “A Fúria da Beleza” (2006).

Poeta, jornalista e atriz. Trabalhou em algumas peças, como “Rosa, um Musical Brasileiro” e “Bukowski, Bicho Solto no Mundo”. “O Semelhante”, onde a poeta se apresenta declamando seus versos e conversando com a plateia, teve temporadas de sucesso em várias capitais. No mesmo formato apresentou “EUTEAMO Semelhante”, também com excelente receptividade. Gravou Cd’s de poesias. Há quem critique a temática por demais cotidiana da sua poesia. “A grandeza de um céu estrelado está presente no cotidiano das pessoas; minha poesia fala do cotidiano, sim, pois para mim os sentimentos mais profundos, alegres ou tristes, podem ser traduzidos de forma cotidiana e simples”, ela rebate.


JAMES BALDWIN
(1924 – 1987. Nova Iorque, EUA)

Principais Livros: “O Quarto de Giovanni / Giovanni's Room” (1956) e “Numa Terra Estranha /Another Country” (1962).

O primeiro escritor a dizer aos brancos o que os negros norte-americanos pensavam e sentiam. Teve seu reconhecimento durante a luta dos direitos civis no início da década de 1960. Tornou-se mais famoso pelos ensaios do que pelos romances e peças teatrais, mas apesar disso queria se tornar ficcionista, considerando seus ensaios um trabalho menor. O fabuloso “Giovanni's Room” (1956) mostra todo o seu talento, numa narrativa pioneira de uma nova liberdade sexual. Escrevia e estudava sobre as correspondências entre medos sexuais e raciais. Ele influenciou escritores do porte de Truman Capote, Norman Mailer e Tom Wolfe.


LANGSTON HUGHES
(1902 - 1967. Joplin, Missouri, EUA)

Principais Livros: “The Weary Blues” (1926) e “The Ways of White Folks” (1934).
Witter Bynner Undergraduate Poetry Prize 1926;
Anisfield-Wolf Book Award 1954.

Poeta, novelista, dramaturgo, contista e colunista. Um dos expoentes do movimento cultural afro-americano dos anos 1920 chamado Renascença do Harlem.



LeROI JONES
(1934 – 2014. Newark, EUA)

Principais Livros: “Dutchman” (1964) e “Black Magic” (1969).
Rockefeller Foundation Award.

Poeta, escritor, dramaturgo e crítico musical, ligado à Geração Beat e autor de ensaios contra o racismo e o colonialismo. Vigiado pelo FBI, precursor do hip-hop e do rap, durante os anos 1960 e 1970 ele abandonou uma visão de integração social entre brancos e negros, após a Revolução Cubana, o assassinato de Malcolm X e sua prisão e espancamento em 1967, passando a defender uma revolução dos negros. Autor de diversas obras poéticas e historiográficas, que variavam da poesia, teatro, contos, etc., participou de diversos movimentos sociais dos afro-americanos.


LIMA BARRETO
(1881-1922. Rio de Janeiro, RJ)

Principais Livros: “Triste Fim de Policarpo Quaresma” (1911) e “Os Bruzundangas” (1922).

O crítico mais agudo da época da República Velha no Brasil, rompendo com o nacionalismo ufanista e pondo a nu a roupagem da República, que manteve os privilégios de famílias aristocráticas e dos militares. Em sua obra, de temática social, privilegiou os pobres, os boêmios e os arruinados. Severamente criticado por escritores contemporâneos por seu estilo despojado e coloquial, que acabou influenciando os escritores modernistas. Fiel ao modelo do romance realista e naturalista, resgatando as tradições cômicas, carnavalescas e picarescas da cultura popular. Também queria que a sua literatura fosse militante. Escrever tinha finalidade de criticar o mundo circundante para despertar alternativas renovadoras dos costumes e de práticas que, na sociedade, privilegiavam pessoas e grupos. Para ele, o escritor tinha uma função social.


LINDOLFO ROCHA
(1862 – 1911. Grão Mogol, Minas Gerais)

Principais Livros“Iacina” (1907) e “Maria Dusá” (1910).

Discreto, arredio, viveu para o estudo e ensinou as primeiras letras a meninos. Escritor e jornalista, sua obra mais famosa, “Maria Dusá”, virou telenovela da Rede Globo em 1978, adaptada por Manoel Carlos. Deixou inúmeras obras inéditas, cujos manuscritos foram destruídos pelo segundo marido de sua mulher. Considerado por alguns como folhetinesco e melodramático, tem qualidades que não podem ser desprezadas. Ele lutou para libertar-se da retórica oitocentista e buscar o que, até aquele princípio do século 20, poucos autores nacionais tinham encontrado: a literatura.


LUÍS GAMA
(1830 – 1882. Salvador, Bahia)

Principal Livro: “Primeiras Trovas Burlescas” (1859).

Rábula, orador, jornalista e escritor. Nascido de mãe negra livre e pai branco, foi contudo feito escravo aos 10 anos, e permaneceu analfabeto até os 17 anos de idade. Conquistou judicialmente a própria liberdade e passou a atuar na advocacia em prol dos cativos, sendo já aos 29 anos autor consagrado e considerado “o maior abolicionista do Brasil”. Um dos raros intelectuais negros no Brasil escravocrata do século XIX, o único autodidata e o único a ter passado pela experiência do cativeiro. Pautou sua vida na defesa da liberdade e da república. Ativo opositor da monarquia, veio a morrer seis anos antes de ver seus sonhos concretizados.



MACHADO DE ASSIS
(1839-1908. Rio de Janeiro)

Principais Livros: “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881) e “Dom Casmurro” (1899).

Para alguns – não é o meu caso -, o maior escritor da literatura brasileira. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista, e crítico literário. Testemunhou a mudança política no país quando a República substituiu o Império e foi um excelente comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época. Usufruiu de alto prestígio em vida, fato raro para um escritor na época.


MARILENE FELINTO
(1957. Recife, Pernambuco)

Principais Livros: As Mulheres de Tijucopapo” (1981) e “Obsceno Abandono: Amor e Perda” (2002).
Prêmio da União Brasileira dos Escritores (1981);
Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, em 1982.

Graduada em Letras, jornalista, tradutora, romancista e cronista. Feminista, acabou ficando mais conhecida por seus textos contundentes no jornal Folha de São Paulo, publicados nos anos 1990, nos quais criticava as várias formas de exclusão social, fazendo uma análise profunda e clara dos agentes e do poder dominante nas relações sociais, ligando-a ao comportamento e aos valores das classes médias. Traduziu obras de Edgar Alan Poe, Sam Shepard, John Fante, Patricia Highsmith, Mariana Alcoforado e Thomas Wolfe, entre outros.


MÁRIO DE ANDRADE
(1893 – 1945. São Paulo, SP)

Principais Livros: “Amar, Verbo Intransitivo” (1927) e “Macunaíma” (1928).

Poeta, escritor, crítico literário, musicólogo, folclorista, ensaísta. Um dos pioneiros da poesia moderna brasileira com a publicação de “Paulicéia Desvairada”, em 1922. Exerceu uma contundente influência na literatura brasileira, sendo figura central do movimento de vanguarda de São Paulo por vinte anos.


MAYA ANGELOU
(1928 - 2014. St. Louis, Missouri, EUA)

Principais Livros: “I Know Why the Caged Bird Sings: Up to 1944” (1969) e “The Heart of a Woman: 1957–62” (1981).

Teve uma carreira longa e distinta. Poetisa, escritora, ativista de direitos civis e historiadora, entre outras coisas. Também foi atriz, dançarina e cantora. Atuou na peça de Jean Genet, “The Blacks”, e no aclamado seriado “Raízes / Roots” (1977).



OSWALDO DE CAMARGO
(1936. Bragança Paulista, SP)

Principais Livros: 15 Poemas Negros” (1961) e “O Carro do Êxito” (1972).

Um dos principais conhecedores da literatura negra no Brasil. Contista, poeta, novelista e jornalista, herdeiro de buscas culturais da negritude brasileira. Estreou em 1959, com o livro de poemas “O Homem Tenta Ser Anjo”. Em 1987, teve editado “O Negro Escrito - Apontamentos da Presença do Negro na Literatura Brasileira”.


PAULO LINS
(1958. Rio de Janeiro, RJ)

Principais Livros: “Cidade de Deus” (1997) e “Desde que o Samba é Samba” (2012).

Morador da favela carioca Cidade de Deus, começou como poeta nos anos 1980 como integrante do grupo Cooperativa de Poetas, por onde publicou seu primeiro livro de poesia. Graduado no curso de Letras, contemplado em 1995 com a Bolsa Vitae de Literatura. Em 2002, Fernando Meirelles dirigiu o filme “Cidade de Deus”, com base no seu livro, que recebeu quatro indicações ao Oscar 2004. Sua obra tem atraído interesse acadêmico na forma de vários artigos, dissertações e até mesmo teses. Seu segundo romance, “Desde que o Samba é Samba”, recria ficcionalmente a invenção do samba por músicos do bairro carioca da Estácio na década de 1920.


PEDRO KILKERRY
(1885 – 1917. Santo Antônio de Jesus, Bahia)

Advogado, jornalista e poeta simbolista brasileiro. Descendente de ingleses por parte do pai e de uma mestiça alforriada baiana. Em 1906, juntou-se ao grupo literário Nova Cruzada e começou a publicar seus primeiros poemas na revista homônima. Em 1913, o poeta se forma em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito da Bahia, no mesmo ano em que passa editar as crônicas “Quotidianas”, no Jornal Moderno, e lança mão pela primeira vez do poema em prosa. Tuberculoso, faleceu sem ter publicado nenhum livro. Seus poemas, incluindo manuscritos e poemas mantidos oralmente por amigos e familiares, foram recolhidos em 1968 por Augusto de Campos, que o considera um dos precursores do modernismo no Brasil.


RALPH ELLISON
(1914 - 1994. Oklahoma City, Oklahoma, EUA)

Principal Livro: “O Homem Invisível / The Invisible Man” (1952).
National Book Award.

Célebre pelo seu romance claustrofóbico e que denota a influência de Kafka, “The Invisible Man”, no qual descreve a vida de um jovem negro em Nova Iorque.



RICHARD WRIGHT
(1908 - 1960. Roxie, Mississipi, EUA)

Principais Livros: “O Filho Nativo – Tragédia de um Negro Americano / Native Son” (1940) e Homem Branco, Ouça! / White Man, Listen!” (1957).

Neto de escravos africanos libertos após a Guerra de Secessão. O seu “O Filho Nativo – Tragédia de um Negro Americano”, através de um realismo brutal, tem como protagonista um negro nascido em uma miséria estrema e marginalizado pela sociedade. Em suas diversas tentativas de se adaptar aos modelos de vida tradicionais, descobre uma parede intransponível para ele. Consciente que seu “grande crime” é ser negro, ele revolta-se contra esta sociedade racista. O livro, de estrondoso sucesso pela contundência de sua denúncia, se tornaria um dos maiores best sellers de seu tempo, ganhando adaptação cinematográfica e uma montagem na Broadway dirigida por Orson Welles. Cansado do racismo em seu país, o escritor abandonaria os Estados Unidos, estabelecendo-se em Paris, onde permaneceria até o final de sua vida.


RITA SANTANA
(1969. Ilhéus, Bahia)

Principais Livros: “Tramela” (2004) e “Tratado das Veias” (2006).
Braskem de Literatura 2004.

Atriz, escritora, professora licenciada em Letras. Em 2005, participou da coletânea de prosa e poesia “Mão Cheia” com quatro escritoras baianas. Vive em Lauro de Freitas, Bahia. Edita o blog Barcaças.


ROSÁRIO FUSCO
(1910 – 1977. São Geraldo, Minas Gerais)

Principais Livros: “Amiel” (1940) e “O Agressor” (1943).

Romancista, poeta, dramaturgo, jornalista, crítico literário e advogado. Em 1925, inicia intensa correspondência com o grupo modernista de São Paulo e começa, bastante cedo, a publicar seus poemas no jornal Mercúrio. Participa da fundação do grupo Verde, responsável pelo lançamento da Verde, importante publicação modernista editada entre 1927 e 1929. Seus poemas são compostos em versos livres com atenção aos temas locais com forte influência do modernismo. Em 1940, publica ensaios e críticas literárias em três diferentes livros. “O Agressor”, sua obra de maior repercussão, é considerado um raro exemplo de romance surrealista no Brasil. Em 2003 é publicado o romance póstumo do autor, “Associação dos Solitários Anônimos”, livro em que, segundo o escritor Luiz Ruffato, “Fusco leva à exaustão a sua opção estética. Esvaziando a realidade de seu conteúdo, faz desfilar, por cenários vertiginosamente marginais, seus personagens, sob a égide da lógica do absurdo”.


RUY DO CARMO PÓVOAS
(1943. Ilhéus, Bahia)

Principais Livros: “Vocabulário da Paixão” (1983) e “A Fala do Santo” (2002).

Atuou durante trinta anos no magistério de Língua Portuguesa, tanto na Escola de primeiro e segundo graus, quanto na Universidade. Coordena o Jornal Tàkàdá, informativo do Ilê Axé Ijexá, e a Revista Kàwé, do Núcleo de Estudos Afro-Baianos. Além de publicar artigos de sua especialidade técnica, produz escritos em prosa e verso. Iniciado nos rituais do candomblé desde menino, assumiu sua africanidade e fez disso objetivo maior de sua existência. Dirige o Ilê Axé Ijexá, terreiro de origem nagô, por ele fundado em Itabuna, desde 1975. De dentro do terreiro, escreve, divulga, publica. Nessa linha de trabalho, ele objetiva dialogar com os mais diversos segmentos da cultura regional sobre a importância das raízes africanas que ajudaram a construir o Sul da Bahia.



SOLANO TRINDADE
(1908 – 1974. Recife, Pernambuco)

Principais Livros: “Poemas de Uma Vida Simples” (1944) e “Cantares ao meu Povo” (1961).

Autodidata, leitor compulsivo, rapidamente tornou-se respeitado por contemporâneos como Carlos Drummond de Andrade. Cineasta, pintor, ator de cinema, homem de teatro, militante e, sobretudo, poeta. Sua obra é dificilmente encontrada em bibliotecas ou livrarias. O fio condutor da multiplicidade artística de Solano foi a própria negritude, tema recorrente. Por meio da arte, denunciava discriminações e o racismo. Suas poesias estão repletas de referências aos ritmos, costumes, fé, rituais, além de mitos e lendas do povo afro-brasileiro.


TEIXEIRA E SOUZA
(1812 – 1861. Cabo Frio, Rio de Janeiro)

Principais Livros: “O Filho de Pescador” (1843) e “Maria ou A Menina Roubada” (1859).

Romancista, poeta e dramaturgo. Seu romance “O Filho de Pescador”, segundo muitos estudiosos da história da literatura brasileira, é a primeira obra do gênero escrita por um autor nacional. Trabalhou como professor público de instrução primária, editou jornal e dirigiu uma tipografia.


TONI MORRISON
(1931. Lorain, Ohio, EUA)

Principais Livros: “Sula / Idem” (1974) e “Amada / Beloved” (1987).
National Critics Award 1977;
Premio Pulitzer 1987;
Prêmio Nobel de Literatura 1993.

Ao longo do tempo, pelos caminhos trilhados em sua carreira literária, trabalhou uma série de temas que são recorrentes. Elas derivam tanto do fato de ser uma escritora militante, que escreve voltada para a comunidade afro-americana, quanto do fato de ser mulher. Eles estão, direta ou indiretamente, conectados com outros temas importantes, mas que aparecem em maior ou menor grau, tais como: a pobreza, “perda da inocência, incesto, abuso sexual, loucura, preconceito racial e o mito da cor e da beleza brancas”.


WALTER MOSLEY
(1952. Los Angeles, Califórnia, EUA)

Principais Livros: “Sempre Em Desvantagem / Always Outnumbered, Always Outgunned” (1997) e “Uma Volta Com o Cachorro / Walkin’ the Dog” (1999).
O’Henry Award 1996.

Reconhecido por sua literatura policial, cuja principal série apresenta Easy Rawlins, um investigador privado negro da II Guerra mundial que vive em Watts, Los Angeles. “Sempre em Desvantagem”, primeiro livro da saga, venceu o prêmio Anisfield Wolf, que desde 1934 premia títulos que discutem o racismo e a riqueza da diversidade humana.


WOLE SOYINKA
(1934. Abeokuta, Nigéria)

Principais Livros: “Poems from Prison” (1969) e “The Man Died” (1972).
Nobel de Literatura 1986.

Poeta, dramaturgo, romancista, crítico, editor, tradutor, homem-orquestra da literatura africana. Participou ativamente da luta pela independência de seu país nos anos de 1960 e continuou numa batalha intransigente, por meio de seus escritos, contra os ditadores que sucederam após a independência. Preso durante dois anos, entre 1967 e 1969. Seus livros descrevem as fases de transição da vida social, política e cultural da Nigéria. “Quem se cala diante da tirania está destinado a morrer” ou “a justiça é a primeira condição da humanidade” são frases que revelam a disposição deste combativo escritor. Vive hoje em Los Angeles, onde divide sua agenda entre o ensino numa universidade, viagens e debates sobre a atualidade e literatura.


james baldwin


20 comentários:

Ricardo Mainieri disse...


Um excelente artigo do jornalista e escritor baiano Antonio Nahud sobre os autores da literatura negra.

Sabino López disse...

O blog está cada vez melhor. Matéria muito pertinente e original. Será fonte de pesquisa e inspiração para muitos professores, estudantes e escritores.

Célia Musilli disse...

Ótimo post. Não conhecia Auta de Souza. Interessante.

Ricardo Mainieri disse...

Nahud, aqui no RS, tem o poeta negro Oliveira Silveira, recentemente falecid e o Ronald Augusto poeta e crítico literário contemporâneo. Em Porto Alegre um grupo militante se reúne, ocasionalmente, é apresenta um evento de música e poesia chamado Sopapo Poético, evocando um instrumento de percussão carnavalesca bem típico do Sul:o sopapo

Walter Spalla Filho disse...

Obrigado, Antonio Nahud.

Rita Atir Guedes disse...

Obrigada amigo,suas postagens como sempre, ilustrando nossa mente

Tádzio França disse...

Grande lista! Eu até acrescentaria mais uns, Nahud: Alex Haley [de "Negras raízes", que virou a série "Raízes"], a nigeriana Chimamanda Ngozi [o nome do momento], Gil Scott-Heron, João do Rio [que apesar de claro, era tido como mulato], Abdias Nascimento.

Lilian Rocha disse...

Muito bom!

Mamau Castro disse...

MARAVILHA!

Léa Lima disse...

Belo acervo ! Muito bem lembrado !

Águeda Damião disse...

Adorei, Antonio Nahud

Ana Virginia Santiago disse...

Como sempre... Belo!

Eglê S. Machado disse...

Que belo, caro Ícone Antonio Nahud! Eu acrescento que Machado de Assis foi o fundador da Academia Brasileira de Letras.

Sergio Ricardo Prazeres Brandao disse...

Pierre Verger deve estar devorando esta matéria lá do éter.

Julianna Bráia Andrade disse...

Acho que o discurso sobre a negritude no Brasil é sempre válida mas daí criar uma Consciência Negra Literária já não concordo. As escritas são livres e dentro delas há sempre a consciência literária, independentemente da sua condição racial. Temos literários e isso já define a finalidade do seu meio. Embora saibamos que a indústria Branca Literária é fincada nos vieses do nosso querido Brasil. Bjssss meu escritor preferido!

Osmar da Silva disse...

Não entendo...em que os negros são diferentes de nós...vejo-os como um outro qualquer que devemos parar de destaca-los...senão irá continuar o racismo...devemos esquecer esse negócio de cor ...pois somos todos iguais...somos todos mestíço ...escravos comuns ainda somos ...os de baixa renda...ainda são escravos dum péssimo sistema...e heróis existiram tanto negros como brancos...beleza tem negras lindíssimas e loiras horriveis.,agora todos os homens são feios prá caramba...kkkkk

Ana Peluso disse...

Excelentes postagens Antonio Nahud! Também adorei!

Maria Calas disse...



GOSTEI TÁ O MAXIMO BJ

Gilberto Guedes disse...

Sou fã do Lima Barreto.

Analise Seixas disse...

Alucinada com esse blog que acabo de conhecer. Maravilhoso. Obrigada, Nahud.