janeiro 31, 2016

......................................... A PROFISSÃO mais ANTIGA




Diz a sabedoria popular, “a primeira profissão foi a de prostituta”. Existem dezenas de sinônimos para defini-la, nenhum deles é positivo. Desde a antiguidade, trabalhadores do ramo se dedicam a proporcionar prazer sexual aos seus clientes. Na Roma Antiga, as prostitutas eram registradas e pagavam impostos, mas deveriam usar uma vestimenta diferente (florida ou transparente) para não serem confundidas com as mulheres “de família”. Apesar da atividade sempre ter sido marginalizada ao longo da história, muitas profissionais do sexo conseguiram se apoiar em seus talentos para conquistar um espaço no mundo. Entre elas surgiram artistas, imperatrizes, revolucionárias, espiãs e até mesmo santas. Celebrando o ofício, está em exibição no Museu d’Orsay, em Paris, uma mostra imperdível: “Splendeurs & Misères”, com subtítulo “Images de la Prostitution (1850-1910). Na época retratada na exposição, a ordem moral burguesa fazia jogo duplo com o pedágio lascivo. O ofício das “belas da noite dava vazão, com a bênção da sociedade, à energia libidinal masculina, reprimida no recinto dos lares, mas ao mesmo tempo o tráfico do orgasmo era sujeito a preceitos rígidos em nome do perigo venéreo. Nesse entrechoque movimentado de comércio carnal, a hipocrisia triunfava. Exigia-se a fiscalização dos lupanares, e as peritas do gozo eram submetidas a exame periódico da saúde pública. As garotas que vagavam pelas ruas, incorriam em imediata suspeita, assim como aquelas que desfilavam diante das vitrines dos cafés ou dentro deles se instalavam, solitárias ou em pequenos grupos. 

andre derain
A mostra descreve os contextos político, social, moral e econômico nos quais se desenvolve a prostituição no século XIX. Desmonta os mecanismos e descreve atores e lugares. Apresenta os esplendores e as misérias das cortesãs até a primeira década dos 1900, coincidindo, então, com as cintilações derradeiras da belle époque. Destaque para a “L’Olympia”, de Edouard Manet, emblemático e agudo encontro entre a arte e a prostituição, rejeitada que foi pelo Salon d’Art de Paris, em 1865, e criticada pelos moralistas como uma obra “suja”. A melancolia e a aspereza da clandestinidade forçada do ofício que, em Paris, na segunda metade do século XIX, ocupava cerca de 30 mil profissionais, transparecem com clareza em obras de Henri de Toulouse-Lautrec, Édouard Manet e Henri Gervex, entre outros. O meretrício era, para artistas e boêmios, teoria e prática na capital francesa alegremente convulsionada, metrópole da modernidade. 

pablo picasso
O poeta Charles Baudelaire via na prostituição uma forma cruelmente ambígua de arte (“o belo no horrível”), e tratou também de inverter a equação: “O que é a arte? Prostituição”, definiu. Nessa exposição do d’Orsay, os dois universos convergem, as barreiras caem. A pintura revela um perfume de escândalo.

edouard manet
constantin guys
henri de toulouse-lautrec
jean-louis forain
emile bernard
auguste chabaud
edouard manet
jean beraud
frantisek kupka
henri gervex
henri gervex
henri de toulouse-lautrec
henri de toulouse-lautrec
frantisek kupka
jean beraud
edouard manet
edvard munch
edouard manet
pablo picasso   
 
DUAS FAMOSAS CORTESÃS da BELLE ÉPOQUE

LA BELLE OTERO
(Agustina Otero Iglesias)
(1868 – 1965. Valga / Espanha)

Nasceu na Galícia espanhola. Feitiço arrebatador das soirées do Follies Bergère.


MATA HARI
(Margaretha Zelle)
(1876 - 1917. Leeuwarden / Netherlands) 

Holandesa, foi detida como espiã a serviço da Alemanha ao prestar outro gênero de serviço a um oficial francês no luxuoso Plaza Athénée de Paris. À frente do pelotão de fuzilamento, desnudou-se e gritou: “O que estão esperando? Atirem!”.



6 comentários:

Reinaldo Moraes disse...

Muito bom. Parabéns.

Dora Pellegrino disse...

Fiquei louca pra ver a exposição!

Dino Suzart disse...

La Belle Otero era maravilhosa.

Florisvaldo Mattos disse...

As artes, todas, souberam e sabem quanto valeu e vale essa profissão. Não há um só momento de viradas artísticas, notadamente a partir da segunda metade do século 19, em que ela não se tenha apresentado sobranceira e galhardamente. O período das vanguardas (1905-1930), que o diga. O título da exposição no Museu D´Orsay parece reproduzir o de um romance de Balzac: "Esplendores e Misérias das Cortesãs".

Marcos Santos disse...

Excelente.

Arnaud Cunha disse...

Blog 10! Parabéns.