Fotografias:
ERIC SANDER
(Fort de l'Eau /Argélia)
(Fort de l'Eau /Argélia)
“Naquele jardim do
leste havia flores estranhas, dotadas de rara vitalidade: cravos agressivos,
com um perfume de “algum modo mortal”; eram de cor vermelha que berravam uma
“violenta beleza”, ou brancos que recordavam “o pequeno caixão de criança
defunta”. Havia também violetas “introvertidas e profundas”, que se escondiam
“para poder captar o próprio segredo” e à diferença dos cravos, não gritavam
nunca seu perfume: “Violeta diz levezas que não se podem dizer.” Naquele jardim
podia-se ver também margaridas alegres, “de graça infantil”, orquídeas
“antipáticas”, jasmins “de mãos dadas” e crisântemos de “profunda alegria” que
falavam através de sua cor e de seu despenteado” porque o crisântemo “é flor
que descabeladamente controla a própria selvageria”. E havia também rosas cujo
perfume é “mistério doido”, que “quando profundamente aspirado toca no fundo
íntimo do coração e deixa o interior do corpo inteiro perfumado”
CLARICE LISPECTOR
“Água Viva” (1973)
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