novembro 08, 2011

................................................................. Das TREVAS


A Peste Negra impregnou o meu imaginário ao assistir “O Sétimo Selo / Det Sjunde Inseglet” (1956), de Ingmar Bergman, e ler “A Peste / La Peste” (1947), de Albert Camus. Perturbado, tive uma série de pesadelos noites seguidas. Somente o Holocausto nazista – a perseguição e extermínio sistemático de cerca de seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial - me chocaria com tamanha intensidade. 

Essa epidemia matou 75 milhões de pessoas em todo o mundo, um terço da população do século 14. Durante esse período de trevas, a Igreja católica foi questionada, seitas e novas formas de pensamentos prosperaram. As minorias inocentes - leprosos e judeus  - foram perseguidas impiedosamente, queimadas vivas e acusadas de serem a causa da peste. 

Tudo se iniciou nos porões dos navios mercantes, que vinham da China, em 1348, trazendo milhares de ratos esfomeados e contaminados pela bactéria “Pasteurella Pestis”. Eles encontraram nas sujas cidades europeias um ambiente favorável para a sua reprodução - os esgotos corriam a céu aberto e o lixo se acumulava nas ruas. As pulgas dos ratos transmitiram o bacilo da peste nos homens, expandindo a doença com velocidade e resultados desastrosos. 

Após adquirir a bactéria, apareciam nos humanos gânglios azulados de pus e sangue nas axilas, virilhas ou pescoço. Em seguida, vômitos e febre alta. A morte era certa, não havia cura para a peste bubônica (apelidada na época de Peste Negra) e a medicina ainda engatinhava. Para piorar a situação, a Igreja católica se opunha ao desenvolvimento científico e farmacológico. Quem tentava desenvolver remédios era perseguido e condenado à fogueiras como bruxo. 

A doença só foi realmente estudada cientificamente e identificada alguns séculos depois. Relatos mostram que faltavam caixões e espaços nos cemitérios para enterrar os defuntos. Os mais pobres eram jogados em valas comuns, enrolados em trapos, ou abandonados, pela própria família, nas florestas. Suas residências eram saqueadas ou queimadas. Essa epidemia cruzou as fronteiras com facilidade, somente controlada com a adoção de medidas higiênicas nas cidades medievais. Calcula-se que, nas áreas mais afetadas da Europa, mais da metade da população pereceu. 

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